domingo, 29 de janeiro de 2017



                                 O OUTONO EM PROSA E VERSO

Primavera, verão, inverno e outono. As estações sempre a se repetirem, indefinidamente. Assim , também, segue o carrossel da vida humana: nascimento, infância, juventude, maturidade, reprodução, envelhecimento e morte.
“De manhã, o sol se eleva do mar noturno do inconsciente e olha para a vastidão do mundo colorido que se torna tanto mais amplo, quanto mais alto ele ascende no firmamento.
O sol descobrirá seu significado dentro desta extensão cada vez maior de seu campo de ação produzido por sua ascensão e se dará conta de que seu objetivo supremo está em alcançar a maior altura possível e, consequentemente, a mais ampla disseminação possível e, consequentemente, a mais ampla disseminação possível de suas bênçãos sobre a terra.
Apoiado nesta convicção ele se encaminha para o zênite imprevisto – imprevisto, porque sua existência individual e única é incapaz de prever o seu ponto culminante.
Precisamente ao meio – dia, o sol começa a declinar, e este declínio significa uma inversão de todos os valores e ideais cultivados durante a manhã. O sol entra então em contradição consigo mesmo. É como se recolhesse dentro de si seus próprios raios, em vez de emiti-los. A luz e o calor diminuem e por fim se extinguem “ . Excerto do artigo “ As etapas da vida humana “ escrito por Carl Gustav Jung (1875- 1961) .
“Me chegará lentamente /e me encontrará distraído/ provavelmente adormecido/ sobre uma almofada de plumas /se instalará no espelho/inevitável e serena/e dará início a sua faina/pelos primeiros contornos/ com uns fios de prata/ me tingirá os cabelos/ e alguma linha do colo / que será escondida pela minha gravata /aguçará meu apetite/minhas mãos e meus enjoos / e me dará um par de óculos para sofrer as notícias/ a velhice.../está à volta de qualquer esquina/ ali , onde menos se imagina/ se nos apresenta pela vez primeira/a velhice.../ é a mais cruel das ditaduras / a grande cerimônia de clausura/ do que foi a juventude alguma vez /com admirável destreza/ como o melhor artesão / lhe irá quitando de minhas mãos / toda a sua antiga firmeza/ e seguindo Galeno / me fará proibir o cigarro/ porque dirão que o catarro / vem ganhando terreno/me inventará um par de desculpas/ para amenizar a impotência /” que vale mais experiência /que pretensões ilusórias “/me chegará ao cachecol/ aos sapatos de pano/e ao catarro que ano a ano/ aumentará sua demanda/a velhice.../é a antessala do inevitável/ o último caminho transitável/onde a dúvida.../o que virá depois ?/a velhice é todo o equipamento de uma vida/ disposto ante a porta de saída/pela qual não se pode mais voltar/ao melhor , mais que velho/serei um ancião honorável/tranquilo e o mais provável /grande emissor de conselhos /o que é pior/por ciúmes me afastará das pessoas/ e cortará lentamente / minhas pobres , últimas rosas/a velhice está à volta de qualquer esquina/ ali onde menos se imagina/se nos apresenta pela vez primeira/ a velhice.../é a mais cruel das ditaduras/ a grave cerimônia da clausura/do que foi a juventude alguma vez “/
Tradução livre da música “ La vejez “ do cantor , compositor e poeta argentino Alberto Cortez ( 1940) .
Outono ou crepúsculo, não importa, vale a pena viver a vida em sua plenitude em todas as suas estações . A vida é bela!

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