Rosalind E. Franklin, a mãe do DNA

Rosalind Elsie Franklin (1920 - 1958) , nasceu em Londres , em 25 de julho de 1920 . Sua família proporcionou para a petiz uma boa educação escolar , tendo Rosalind manifestado, precocemente, uma inclinação para matérias sisudas como física e química. Na época seus pais desejavam que ela seguisse uma carreira suave como Serviço Social , por exemplo.

Em 1938 , Rosalind foi matriculada no Newham College, uma faculdade só para mulheres , na Universidade de Cambridge , onde graduou - se em Físico - Química no ano de 1941. Posteriormente, em 1945, ela obteve seu doutorado na mesma área , aos 25 anos de idade.
Partiu em seguida para Paris onde realizou pesquisas sobre a Técnica de Difração do Raio - X. De volta à Inglaterra , trabalhou no Laboratório de Física no King's College de Londres .

Na época não se conhecia a forma do DNA ( ácido desoxiribonucleico) . Rosalind capturou numa foto o que se identificou como a dupla hélice da importante e vital substância. James Watson e Francis Crick pesquisavam o mesmo DNA , compondo um outro grupo de pesquisadores. Chegaram nas mãos de Watson e Crick , a "foto 51" da autoria de Rosalind , evidenciando a forma do DNA. Com uma ressalva : Rosalind não cedeu para os dois cientistas tal material .
Pouco tempo depois foi publicada na revista Nature , por Watson e Crick , a descoberta do século em medicina , a forma helicoidal do DNA , e sem nenhuma palavra sobre Rosalind Franklin.

Em 1958 , faleceu Rosalind , aos 38 anos , por conta de um câncer de ovário, provavelmente contraído pela excessiva exposição ao Raio - X durante sua curta existência de pesquisadora. Em 1962 , a dupla James Watson e Francis Crick foram galardoados com o Prêmio Nobel e, novamente , nenhuma referência a Rosalind Franklin. 
James Watson , em 1968 , lançou um livro , " A dupla hélice " onde confessou que se apoderou de forma incorreta dos trabalhos de Rosalind Franklin sobre a forma do DNA. Esta obra vendeu milhões de cópias ao redor do mundo e foi traduzida em duas dezenas de idiomas.

O tempo seguiu seu rumo. James Watson e Francis Crick, venderam suas preciosas medalhas , arrematadas em leilões por 4,8 milhões e 2,2 milhões de dólares, respectivamente.
A medalha do Prêmio Nobel não foi concedida a Rosalind Franklin , mas para a História da Ciência, o nome da " mãe do DNA " , in pectori, vai sempre estar com a grande cientista Rosalind Elsie Franklin.
A verdade é filha do tempo .

Viva o Trabalho

"Viva com bom senso - entre mil pessoas , somente uma morre de morte natural , o restante sucumbe a estilos de vida irracionais ." ( Maimônides - Séc. XII ).

Depois de assistir a uma emergência laboral há pouco , agora na academia exercendo o trabalho de afastar os grandes males que sempre pairam no horizonte ao longe. Que assim seja !

" Aqueles que trabalham com vontade estão na verdade amando a vida. E amar a vida através do trabalho é conhecer de perto seu segredo mais íntimo. Também já disseram que a vida é escuridão e em sua exaustão ecoa o que foi dito por quem se exauriu.
E eu lhes digo que a vida é de fato escuridão, exceto quando há vontade,
E toda vontade é cega , exceto quando há saber,
E todo saber é vão, exceto quando há trabalho,
E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor;
E quando trabalham com amor se aproximam de si mesmos , e uns dos outros, e de Deus.
E trabalhar com amor é tecer uma roupa com os fios do coração,
Como se aqueles que amam fossem vesti - la.
É construir uma casa com afeto , como se aqueles que amam fossem morar sob esse teto.
É plantar sementes com ternura e colher com alegria, como se aqueles que amam fossem comer desse fruto.
É preencher tudo o que criarem com o sopro de seu próprio espírito ,
E saber que todos os que já se foram os observam neste momento.
O trabalho é o amor tornado visível."

Khalil Gibrán ( 1883 - 1931 ) , do livro O Profeta .

Belchior e Drummond : Um Poético Encontro

"Que metro serve

Para medir - nos ?
Que forma é nossa
E que conteúdo?

Contemos algo ?
Somos contidos ?
Dão - nos um nome ?
Estamos vivos ?

( Nunca se funda
Nem se criara.
Mistério é o tempo
Inigualável. )

Perguntas em Forma de Cavalo Marinho : poema de Carlos Drummond de Andrade ( 1902 - 1987 ) integrante do livro Claro Enigma , do ano de 1951.

"Eu também já fui brasileiro
Moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
E aprendi na mesa dos bares
Que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que todos os bares se fecham
E todas as virtudes se negam.

Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
Pensava logo nas estrelas
E outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
Minha poesia perturbou- se.

Eu também já tive ritmo.
Fazia isso , dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
Meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
Satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
Não sou irônico mais não ,
Não tenho ritmo mais não. "

Também Já Fui Brasileiro : poema de Carlos Drummond de Andrade , que integra o livro Alguma Poesia , do ano de 1930.

Em 2004 surge no mercado o álbum As Várias Caras de Drummond, com dois CDs contendo 31 poemas do poeta de Itabira, selecionados , musicados e interpretados por Belchior ( 1946 - 2017 ) , além de gravuras do bardo mineiro executadas pelo rapaz latinoamericano. Um belo encontro entre duas expressivas figuras de nossas belas letras.

Diplomacia comme il fault

O Instituto Rio Branco foi criado em 1945 como parte das comemorações do centenário de nascimento do Barão do Rio Branco - José Maria da Silva Paranhos Júnior ( 1845 - 1912 )-, patrono da diplomacia brasileira. O Instituto é responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas de carreira do governo brasileiro.

Ao longo de seus 74 anos de existência o Instituto Rio Branco tornou - se uma referência como uma modelar academia diplomática.
No Curso de Preparação à Carreira de Diplomata ( CPCD ) constam as seguintes disciplinas :

Português;
Francês;
Inglês;
Direito Internacional Público;
Direito Internacional Privado ;
História do Brasil;
História da Política Mundial , desde o fim do século XVIII aos nossos dias;
Geografia Econômica Geral e do Brasil;
Economia Política;
Noções de Direito Constitucional e Administrativo;
Noções de Direito Civil e Comercial.

A diplomacia profissional ampara - se em dois pilares mestres :
A Meritocracia , ou seja , a ascensão funcional baseada em méritos;
A Especialização por conta de diversos cursos próprios da profissão.

Muitos embaixadores brasileiros sobressaíram - se nos campos da Literatura, Ciências e Artes. Cumpre reverenciar as nobres figuras de :

Roberto Campos( 1917 - 2001), Guimarães Rosa (1908 - 1967), João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999 ) e , Vinicius de Moraes (1913 - 1980 )..

Dentre outros diplomatas mais antigos na História do Brasil convém rememorar :

Alexandre de Gusmão ( 1695 - 1753 );
José Bonifácio de Andrada e Silva ( 1763 - 1838 );
José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco ( 1819 - 1880 );
José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco ( 1845 - 1912 );
Rui Barbosa de Oliveira ( 1849 - 1923 );
Oswaldo Euclides de Sousa Aranha ( 1894 - 1960 );
Francisco Clementino de San Thiago Dantas ( 1911 - 1964 );
Antônio Francisco Azeredo da Silveira ( 1917 - 1990 ).
Especial destaque na história de nossa diplomacia merece a excelsa figura de José Guilherme Merquior ( 1941 - 1991 ) , crítico literário, ensaísta, poeta , sociólogo, cientista político, filósofo, bacharel em Direito, e membro da Academia Brasileira de Letras ( aos 41 anos de idade ).No concurso do Instituto Rio Branco para o Itamaraty, logrou o primeiro lugar.

Contudo nem sempre a meritocracia é levada, infelizmente , em conta , pondo - se de lado o cabedal de conhecimentos em detrimento do apadrinhamento político. Dois exemplos claros :
O jornalista e empresário Assis Chateaubriand ( 1892 - 1968 ) , indicado pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ;
O general Aurélio Lira Tavares ( 1905 - 1998 ) , que foi membro da junta provisória do Governo Militar de 1964. Em 1970 , o general foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

Coisas da política pequena do toma lá dá cá !

Neste longo caminhar da história da diplomacia brasileira aparece um suposto caso de nepotismo de um primo de um presidente da república indicado para o cargo de Diplomata.
Há que se chegar a um grau elevado de discernimento nas indicações para um cargo diplomático , nunca deixando de lado os dois pilares insubstituíveis para o sucesso da empreitada : o profissionalismo e a meritocracia. Do contrário vem o desastre .
Que os " baluartes da inteligência nacional " continuem a iluminar os caminhos da nossa diplomacia sem a indevida interferência política.

Caminhos , de Raul Seixas

"Você me pergunta

Aonde quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar
E até a gaivota que voa
Já tem seu caminho no ar

O caminho do fogo é a água
O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote
O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço

O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço
O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo

O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento
O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno

O do peixe é a rede
O do pio é o inferno
O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte "

Composição " Caminhos " , da autoria de Raul Seixas (1945 - 1989 ) , Paulo Coelho, Eládio Gilbraz , que faz parte do disco "Novo Aeon " , da gravadora Phillips, ano de 1975.

Homem x Raposa : Um Simbolismo 

O ser humano como tal , entendido como um microcosmo, faz analogia com o universo - macrocosmo - e traz como pensavam os pensadores gregos antigos , em sua constituição básica , matérias semelhantes àquelas encontradas na Natureza : na cabeça, o elemento fogo ; nos ossos , a terra ; nos pulmões, o ar; e no sangue , a água.

É o ser humano , sensitivo e intelectivo ( Homo sapiens); de caráter e vontade ( Homo volens ) ; falante e de linguagem articulada , lógica ( Homo loquens) ; propensão para viver junto com os outros ( Homo socialis ) ; humanista e naturalista ( Homo culturalis ) ; dedicado ao trabalho e a técnica ( Homo faber ) ; afeito ao jogo e divertimento ( Homo ludens); voltado ao Sagrado e ao Divino ( Homo religiosus).

Quando as "raposas" aparecem nos horizontes dos seres humanos , algo anda errado e merece contundente correção com rápida Limpeza da área conflituosa. Simbolicamente associadas a traição , a astúcia e a maus instintos, as raposas representam a mentira , a injustiça, a intemperança, a avidez e a luxúria. Animais satânicos , enfim.

Num país situado ao sul do equador , onde não existe pecado , muitas " raposas " tomaram de assalto o parlamento , tumultuando os trabalhos da casa e tentando , a todo custo , promover o caos. Não obterão êxito em seus intentos perversos. Assim espera - se em nome da sensatez e da ordem.

Um Agradecimento Especial

Há cerca de três décadas, um jovem pastor de almas , recebe em seu consultório, um casal amparando uma meiga criança de dez anos de idade, sendo esta o verdadeiro motivo da consulta. No ato foi realizado um ultrassom pélvico pois a queixa relatada pelos pais presentes , era um crescente volume do abdome da criança. O resultado do exame, preocupante , revelou a presença de um volumoso tumor misto de ovário ocupando todo o abdome da pequena cliente.

Dali saiu - se depois de uma calma conversa, que certamente seria necessária uma grande intervenção cirúrgica na criança rogando ao Médico dos Médicos o comando de tal tarefa e convocando um grupo de auxiliares humanos de jalecos brancos para a devida retaguarda. De fato tratava - se de um tumor de ovário que demandaria um acompanhamento cauteloso e demorado com vistas a uma cura definitiva.

Os tempos correram céleres e a criança adolesceu, amadureceu, fez - se uma iluminada filha de Hipócrates e há coisa de meses voltou ao agora idoso cura de aldeia para acompanhar seu pré natal e parto . E tudo , uma vez mais sob o comando do Médico dos Médicos e de uns humildes pastores de almas, o epílogo traduziu - se num parto abençoado, com uma bela e saudável criança .

"O' Mestre , Eu Te agradeço porque me entregaste a missão de exercer a medicina, e restituir a alegria de viver às pessoas que me são confiadas a qualquer hora, momento ou lugar.
Ofereço- te a minha vocação de servir a sociedade como um instrumento de tua providência.
Grandes são os avanços da ciência , mas são inúmeros desafios à limitação humana que exigem de mim seriedade, equilíbrio, sabedoria e fidelidade ao juramento que fiz.
O' Deus da Vida ! Ilumina- me e faça de mim um mensageiro de misericórdia e esperança.
Que no final de cada jornada eu possa celebrar o renascer da vida, fruto do trabalho e entregar -te às situações da minha limitação quando não tiver êxito.
Senhor, que vieste trazer vida e vida em abundância, torna - me um instrumento de Tua misericórdia.
Amém.
Obrigado, Senhor !"

Do Jeito que a Vida Quer

Era um jovem mirrado , sardento, afável, com olhar vivo e picaresco. Morava, literalmente, num estabelecimento hospitalar da cidade , nos anos 70 do século passado e portava uma enfermidade crônica , o Diabetes do Tipo I . Suas múltiplas idas e vindas àquele nosocômio terminaram fazendo do mesmo , o seu verdadeiro lar. Ele usava , de forma gaiata, o linguajar próprio da categoria médica com fluência e inventava mil mirabolantes histórias para dar realce a seus saberes. Verdadeiro mascote do Hospital , e dizia estufando o peito que se tudo corresse bem , chegaria um dia à direção do dito estabelecimento.

O jovem diabético em pauta, frequentava uma chácara em Messejana, pertencente a um parteiro amigo , onde em seu trono escolhido, uma rede de Jaguaruana , e cheio de pompa , dava ordens , como se fosse o dono do pedaço, para o caseiro providenciar o repasto desejado: churrasco , baião de dois, uísque bocão J.B. de 12 anos , tudo isso ao som da vitrola com Benito de Paula mandando ver :

"Ninguém sabe a mágoa que trago
No peito, e quem me vê sorrir desse jeito
Nem sequer sabe a minha solidão
É que meu samba me ajuda na vida
Minha dor vai passando esquecida
Vou vivendo essa vida
Do jeito que ela me levar

Vamos falar de mulher
Da morena e dinheiro
Do batuque do surdo
E até do pandeiro
Mas não fale da vida
Que você não sabe
O que eu já passei.
Moço
Aumete esse samba que o verso
Não para
Batuque mais forte
E a tristeza se cala
E eu vou levar essa vida
Do jeito que ela me levar "

Do Jeito que a Vida Quer , composição musical da autoria de Benito Di Paula.

Saudades do jovem amigo que conheci naquele hospital na década de 70 do século passado e que hoje habita o Empíreo no seu gozo eterno.