segunda-feira, 1 de julho de 2019

Do Jeito que a Vida Quer
Era um jovem mirrado , sardento, afável, com olhar vivo e picaresco. Morava, literalmente, num estabelecimento hospitalar da cidade , nos anos 70 do século passado e portava uma enfermidade crônica , o Diabetes do Tipo I . Suas múltiplas idas e vindas àquele nosocômio terminaram fazendo do mesmo , o seu verdadeiro lar. Ele usava , de forma gaiata, o linguajar próprio da categoria médica com fluência e inventava mil mirabolantes histórias para dar realce a seus saberes. Verdadeiro mascote do Hospital , e dizia estufando o peito que se tudo corresse bem , chegaria um dia à direção do dito estabelecimento.
O jovem diabético em pauta, frequentava uma chácara em Messejana, pertencente a um parteiro amigo , onde em seu trono escolhido, uma rede de Jaguaruana , e cheio de pompa , dava ordens , como se fosse o dono do pedaço, para o caseiro providenciar o repasto desejado: churrasco , baião de dois, uísque bocão J.B. de 12 anos , tudo isso ao som da vitrola com Benito de Paula mandando ver :
"Ninguém sabe a mágoa que trago
No peito, e quem me vê sorrir desse jeito
Nem sequer sabe a minha solidão
É que meu samba me ajuda na vida
Minha dor vai passando esquecida
Vou vivendo essa vida
Do jeito que ela me levar
Vamos falar de mulher
Da morena e dinheiro
Do batuque do surdo
E até do pandeiro
Mas não fale da vida
Que você não sabe
O que eu já passei.
Moço
Aumete esse samba que o verso
Não para
Batuque mais forte
E a tristeza se cala
E eu vou levar essa vida
Do jeito que ela me levar "
Do Jeito que a Vida Quer , composição musical da autoria de Benito Di Paula.
Saudades do jovem amigo que conheci naquele hospital na década de 70 do século passado e que hoje habita o Empíreo no seu gozo eterno.

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