domingo, 30 de setembro de 2018



Eucaristia de Ana Lis : 29.09.2018

Os que tem tudo e não a Ti , Senhor, se riem daqueles que não têm nada senão a Ti. (Rabindranath Tagore ).
Nada te turve, nada te espante, tudo se passa; Deus não se muda, a paciência tudo o alcança: quem a Deus tem , nada lhe falta; só Deus basta . ( Santa Teresa de Jesus ).
0 maior dos sacramentos é aquele que aperfeiçoa e completa todos os outros: é a santíssima Eucaristia, o Mistério do Amor de Cristo, no qual o cristão está sacramentalmente unido ao Senhor ressuscitado na Sagrada Comunhão. 
Recebendo o sagrado Corpo do Salvador na hóstia consagrada , o crente afirma sua união com Cristo em sua paixão, morte e ressureição. Torna -se um coração só e um só espírito com o Salvador bendito. Ele se perde no Cristo místico, como uma gota água se perde em um cálice de vinho. O mistério da Eucaristia simboliza e também torna verdadeira a a união mística do crente com Cristo mediante a caridade. A graça da contemplação o torna capaz de penetrar no sentido pleno desse mistério, a fim de perceber suas profundidades e sua importância. ( Thomas Merton).
Ana Lis, minha querida filha , que Deus lhe cubra de luzes em sua jornada terreal.
O Carrossel do Destino


Num parque de diversões, ontem , em Fortaleza , revirando no meu velho baú da saudade , um abridor de momentos felizes, com minha filha Ana Lis : 

"Deixo os versos que escrevi/as cantigas que cantei/cinco ou seis coisas que eu sei/e um milhão que eu esqueci/deixo este mundo daqui/selva com lei de cassino/vou renascer num menino/num país além do mar../licença, que eu vou rodar/no carrossel do destino/enquanto eu puder viver/tudo o que o coração sente/o tempo estará presente/passando sem resistir/na hora que eu for partir/para as nuvens do divino/que a viola seja o sino/tocando pra me guiar.../licença, que eu vou rodar/no carrossel do destino/romances e epopéias/me pedindo pra brotar/e eu tangendo devagar/a boiada das idéias/sempre em busca das colmeias/onde brota o mel mais fino/e um só verso , pequenino/ mas que mereça ficar.../licença, que eu vou rodar/no carrossel do destino "

Composição Carrossel do Destino , da autoria dos menestreis Antônio Nóbrega e Bráulio Tavares .
Um Banho de Civilidade


Fortaleza na tarde  deste domingo , abriu um largo e acolhedor sorriso , abraçando seus filhos , numa nobre lição de civilidade. Milhares de veículos automotores carregando gente ordeira , a maioria erguendo , com orgulho o pavilhão nacional. Foi a maior concentração cívica na História de Fortaleza , dando a entender que algo de bom virá para este sofrido torrão.
A verdade é filha do tempo.
Jornais, Revistas e outros meios de comunicação podem dizer o que quiserem, a parada está definida !


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Antônio Filgueiras Lima
"Homem prático/que passas correndo pela rua/contém o passo - que o teu esforço é inútil/olha que eu sigo ao teu lado/calmo, sereno, devagar/com os olhos cheios de paisagens/os ouvidos bêbedos de música/e a mente enflorada de sonhos.../vê bem: por mais que te apresses/por mais que avances/nunca me vencerás nesta corrida/bem sei que és forte!/depois , só há um ponto de partida : a Vida/só existe um ponto de chegada: a Morte/ e enfim/sobre o caminho percorrido/tu, homem prático, deixarás apenas/o pó que levantaste do solo/com as tuas passadas estrepitantes/e eu ?ah! Eu deixarei um pouco de mim mesmo/sobre os cardos/sobre as pedras/para tornar mais suave a caminhada/dos que vierem depois de mim"
"Gosto das cousas límpidas e raras/que enchem de encantamento os meus sentidos/Raça! Não me entorpecem tuas taras:/sou um grego dos tempos esquecidos.../cercado embora de ferrenhas caras /de almas e corações empedernidos/adoro os céus azuis e as águas claras/cujos sons adormecem meus ouvidos/cultivo ideias e apascento estrelas/jardineiro e pastor - em sonhos e ânsias/procuro, no meu cérebro, acendê-las/podeis rugir ,ó bárbaros! Dispersos/no meu jardim de excelsas rutilancias/ eternamente cantarão meus versos !"
Antônio Filgueiras Lima ( 1909 - 1965 ), nasceu na cidade de Lavras da Mangabeira , no Ceará e faleceu a 28 de setembro de 1965 . Bacharel pela Faculdade de Direito do Ceará. Em 1938 , com Paulo Sarasate, fundou o Instituto , hoje Colégio Lourenço Filho. Pertenceu ao Instituto do Ceará e à Academia Cearense de Letras , onde ocupou a Cadeira 21, de que é patrono José de Alencar.

sábado, 22 de setembro de 2018

O Apanhador de Desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios. 
Não gosto das palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
E aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
Das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim este atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Poema da autoria de Manoel de Barros ( 1916 - 2014 ).

"A felicidade se faz, não se encontra. Brota do interior , não vem de fora ".
"Feliz aquele que , tranquilo entre a multidão, margeia o rio protegido pelo vento agradável e , temeroso de confiar seu barquinho ao Oceano, navega a remo perto da terra".

sexta-feira, 21 de setembro de 2018


RUBEM E MILLÔR: DOIS BICUDOS QUE SE BEIJAM


Com a nossa Pátria Mãe Gentil chafurdando no lodaçal da corrupção, no seio da mais perversa crise política e social desde a Proclamação da República, vale a pena conversar com Millôr Fernandes 
(1923- 2012) e Rubem Alves (1933- 2014), dois bicudos que se beijam: trabalhadores da palavra, polêmicos, inconformistas, iguais a Sócrates, fustigando aqueles que entendem que o povo não pensa e que a justiça é cega, surda e manca. Millôr e Rubem, dois gênios, bons de serem lembrados nestes tempos de trevas.
Rubem Alves:

“ A política dentre todas as vocações é a mais nobre e dentre todas as profissões, é a mais vil “

“ O crime não começa com o dedo que puxa o gatilho. Ele começa naquele que fabrica armas”
Quem são os terroristas e criminosos? Aqueles que usam as armas , ou aqueles que as fabricam e se enriquecem com o seu comércio ?

“ Quando a gente vê São Jorge e o Dragão estabelecendo alianças é porque eles abandonaram os seus sonhos “

“ Os ratos entram no quarto dos queijos porque nós, cidadãos, fazemos os buracos. Os ratos estão lá por culpa nossa. Os buracos através dos quais os ratos entram são os nossos votos. Os ratos entram no quarto dos queijos democraticamente “

“ O povo unido jamais será vencido. É disso que eu tenho medo “
Millôr Fernandes:

“ Colarinho Branco não esmoreça agora! Aguente mais um pouco. A corrupção precisa de você”
“ Só louco rasga dinheiro? Bobagem. Nem louco rasga dinheiro. Experimente jogar uma nota de cinquenta (ou mesmo de um!) num pátio de insanos . Vai ter briga pra pegar “

“ Lucro ilícito é precaução mínima que você tem que tomar pra não ter prejuízo”
“ Os brasileiros, como sempre, foram mais longe: inventaram o espirit de porcs , e criaram o porcorativismo “

“ Patrulha Ideológica não quer dizer nada. Perigo mesmo é a Picaretagem Ideológica “
“ Mas fiquem tranquilos. Nenhum de nossos vereadores, deputados e senadores jamais ultrapassou aquilo que lhe permite sua falta de caráter “

“ Conheço alguns burocratas acima de qualquer suspeita: só roubam em defesa do país “
“ Só esqueceram uma coisa na construção de nosso edifício social: a pedra fundamental “

O Brasil à beira do precipício, faltando “ 17” dias para as eleições onde serão utilizadas urnas venezuelanas !!!!

  Que Deus tenha piedade de nós !!!




quarta-feira, 19 de setembro de 2018


SOBRE POMBAS, BOMBAS E SAPOS

“ Enfunando os papos / saem da penumbra /aos pulos, os sapos /a luz os deslumbra/ em ronco que aterra/ berra o sapo-boi :/ -“ meu pai foi à guerra! / - “ não foi “- “ foi” – não foi “ /o sapo- tanoeiro / parnasiano aguado/ diz: - “ meu cancioneiro é bem martelado “/vede como primo/ em comer os hiatos /que arte! E nunca primo em comer os hiatos! /que arte! E nunca rimo/ os termos cognatos/ meu verso é bom/ frumento sem joio/ faço rimas com / consoantes de apoio/ vai por cinquenta anos/ que lhes dei a norma: /reduzi sem danos/ a fôrmas a forma/clame a saparia/ em críticas céticas:/ - “não há mais poesia / mas há artes poéticas...”/urra o sapo- boi :/ - “ meu pai foi rei “- “ foi” – “ não foi “- “ foi” – “ não foi “/brada em assomo o sapo-tanoeiro :- “ a grande arte é como / lavor de joalheiro /ou bem de estuário/ tudo quanto é belo/ tudo quanto é vário/ canta no martelo” /outros sapo- pipas ( um mal em si cabe )/ falam pelas tripas: - “ sei “ – “ não sabe “ – “ sabe “ /longe desta grita / lá onde mais densa/ a noite infinita/ verte a sombra imensa/ lá, fugido ao mundo , sem glória , sem fé/ no perau profundo/ e solitário, é que soluças tu/transido de frio / sapo cururu/da beira do rio “/

Poema “ Os Sapos” de Manuel Bandeira (1886 – 1968), escrito em 1918 e publicado no ano seguinte. Foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922.

“ Pra se poder viver/ compra-se o mundo em que se vive /como quem compra um objeto/ secreto, mas visível /compram- se os seus problemas/ sem solução/ quem nasce no mundo, hoje/compra, sem o querer/uma pomba / com um alfinete feérico na cabeça /uma pomba extremamente vizinha  de bomba /uma e outra têm asas/ uma e outra são limpas/ ambas são irmãs pelo som/ um simples equívoco/ de fonemas ou de telefonemas/ entre os dois hemisférios / uma troca de b por p/ e o mundo explodirá/ em nossa mão (p) bomba /

Poema “ Flechas contra o muro “ de Cassiano Ricardo (1895 – 1975).
Ambos os poemas, de Manuel Bandeira e de Cassiano Ricardo, metafóricos e atemporais, o primeiro como uma crítica aos exageros verbais do Parnasianismo e o segundo sobre o perigo da polarização do mundo atômico com seus cogumelos da morte. A alegoria se presta, também, para o delicado momento que vivemos, onde pombas, bombas, facões e sapos, rondam nossas cabeças, ameaçadoras, em desvario, num país dividido, incitado ao ódio por um bolo de falsos líderes e atolado numa duradoura crise ética, política e social, ao sabor de um mar encapelado pronto para engolir esta frágil nau sem rumo, ao deus-dará. Em outubro vindouro utilizando uma poderosa arma, um voto consciente, podemos acabar de vez com a corrupção. 

 Agora ou vai ou racha!







terça-feira, 11 de setembro de 2018



Um Pastor Amoroso / Um Poema Medieval
"Quando eu não te tinha/amava a Natureza como um monge calmo a Cristo/agora amo a Natureza/como um monge calmo à Virgem Maria/religiosamente, a meu modo,como dantes/mas de outra maneira mais comovida e próxima/vejo melhor os rios quando vou contigo/pelos campos até à beira dos rios/sentado a teu lado reparando nas nuvens/reparo nelas melhor /tu não me tiraste a natureza/tu mudaste a Natureza/trouxeste - me a Natureza para o pé de mim/por tu existires vejo - a melhor, mas a mesma/por tu me amares, amo - a do mesmo modo, mas mais /por tu me escolheres para te ter e te amar/ os meus olhos fitaram- na mais demoradamente/sobre todas as cousas/não me arrependo do que fui outrora/ porque ainda o sou " 
O Pastor Amoroso , da autoria de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa
"Eu saúdo a vida , que é como semente germinada/com um braço que se eleva no ar/ e outro sepultado no chão/ a vida que é una, em sua forma externa e em sua seiva interior/a vida que sempre aparece e desaparece/ eu saúdo a vida que vem e a vida que passa/eu saúdo a vida que se revela e a que se oculta/eu saúdo a vida em suspenso, imóvel como uma montanha/e a vida do enraivecido mar de fogo/ a vida , tão terna como o lótus e tão cruel com a centelha/eu saúdo a vida da mente, que tem um lado na sombra e outro lado na luz/eu saúdo a vida da casa e a vida de fora, no desconhecido/a vida repleta de prazeres e a vida esmagada por pesares/a vida eternamente patética, que agita o mundo pra aquietá - lo/ a vida profunda e silenciosa que explode em fragorosas ondas "
Um Poema Medieval citado por Rabindranath Tagore.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Meteorito Bendegó
Meteorito Bendegó, encontrado na Bahia no século XVIII com uma idade estimada em 4,5 bilhões de anos. Salvou - se do medonho incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro. É o retrato do descaso do governo com a História do Brasil. Acorda gigante !

" Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi sentados na terra escovando osso. No começo achei que aqueles homens não batiam bem. Porque ficavam sentados na terra o dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que aqueles homens eram arqueólogos. E que eles faziam o serviço de escovar osso por amor. E que eles queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. Logo pensei de escovar palavras. Porque eu havia lido em algum lugar que as palavras eram conchas de clamores antigos. Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras. Eu já sabia também que as palavras possuem no corpo muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas . Eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. Para escutar os primeiros sons , mesmo que ainda bígrafos. Comecei a fazer isso sentado em minha escrivaninha. Passava horas inteiras dias inteiros fechado no quarto , trancado , a escovar palavras. Logo a turma perguntou : o que eu fazia o dia inteiro trancado naquele quarto ? Eu respondi a eles , meio entresonhado, que eu estava escovando palavras. Eles acharam que eu não batia bem . Então eu joguei a escova fora ",
Texto de Manoel de Barros , do livro Memórias Inventadas ( 2003 ) , Editora Planeta .

domingo, 2 de setembro de 2018

Um Breve Momento de Paz
Neste domingo com o sol ardente em franco sorriso, acolhendo em seu regaço, o amoroso abraço das águas do Rio Pacoti com o Atlântico Oceano , na altura do Porto das Dunas. Fiapos de sonhos , murmúrios de mágoas rolam juntos a seixos de pedras em busca do definitivo momento.

" Suprema Bondade é como a água. Sem disputa , a água beneficia todos os seres, habita os sítios que a multidão detesta e, por isso , é semelhante ao Tao : 
vive com bondade na terra, ama com bondade como um rio profundo , doa com bondade no amor , fala com bondade na confiança, governa com bondade na ordem , age com bondade na eficácia e realiza com bondade no momento propício. Assim , sem disputa não há ressentimento. "
Dao De Jing, o livro do Tao, de Laozi.

" Rio , caminho que anda /que vai resmungando, talvez, uma dor /ah ! quanta pedra levaste, outra pedra deixaste/sem vida e amor/vens lá do alto da serra/ o ventre da terra rasgando sem dó/eu também venho do amor/com o peito rasgado de dor/e tão só/não viste a flor se curvar/teu corpo beijar/e ficar lá pra trás /tens a mania doente/de andar só pra frente/não voltas, jamais /rio, caminho que anda, o mar te espera/ não cordas assim/eu sou o mar que espera/alguém que não corre pra mim "
Rio , composição de Luís Antônio ( 1921 - 1996 ) .
Um Grito Suplicante da Natureza
Neste domingo do pé de cachimbo , numa praia do litoral leste do Ceará, um flagrante ataque do bicho - homem contra a natureza. Uma tartaruga marinha morta por conta ,talvez, de uma rede de pesca , anzol ou ingestão de plásticos , tudo sob a orquestração do " rei dos animais " ou melhor dizendo, " do cancro da natureza ".

Quem ouve os suplicantes gritos da terra , da fauna , da flora , das gentes desamparadas , não pode ficar num medonho silêncio obsequioso.
A Mãe - Terra degradada por brutais serras elétricas rasgando seu ventre , com o solo prenhe de agrotóxicos levando de roldão milhões de espécies para a extinção mostra visíveis sinais de sofrimento. 
O mesmo se dá com a riqueza de nossos mares.
" A ideia que deu luz à crise não pode ser a mesma que dará um fim a esta crise ; tem que mudar " ( 
Albert Einstein).