segunda-feira, 26 de junho de 2023

 Bracuvear - Um Medonho Pesadelo

Perdido e girando o pequeno bólido azul dito Terra , mediou um imaginário aglomerado de gente , numa extensão continental de chão , que outrora fora habitado por ferozes tribos indígenas . Em meio a avanços e retrocessos , hodiernamente desenha - se um tosco grupo de moradores , frutos do caldeamento de índios , degredados europeus e aborígenes africanos .
Situa - se o país em pauta , ao sul do equador , onde não existe o pecado .
Sua denominação: Bracuvear .
Nome estrambótico, há que se convir . O distinto concidadão e leitor , enganou - se redondamente , ao pensar que tal palavra resulta da junção de : Brasil , Cuba , Venezuela e Argentina .
Bracuvear foi extraído do linguajar populacho e , simplesmente , significa furdunço , confusão, caos , Casa de Mãe - Joana .
O vigente regime desta imaginária nação , evidencia um forte apelo autocrático . No seu brasão distinguem - se , com clareza , uma foice , um martelo e uma rubra estrela fragmentada .
Cruz , Credo !
As três instituições basilares que norteiam o povo sofrido de Beacuvear , mostram - se atolados até o pescoço num lodaçal de desmedida corrupção . O atual mandatário do país ora descrito vive em viagens , falando pelos cotovelos , seguindo fielmente a cartilha emanada de caciques iletrados e de comportamentos nada éticos, daqui e dalhures .
E o povo ? : uma gente famélica , pouco alfabetizada , letárgica , dócil , presa fácil de malandros engravatados , das forças desarmadas e desalmadas , seguindo tristes e cabisbaixas feito bovinos rumo ao inevitável matadouro .
Por ora , cabe com o ouvido ao rés do chão caçar o longínquo troar dos canhões anunciando a chegada da Batalha do Armagedom.
Acorda , levanta - te e vai à luta , Jeca Tatu e Mané XiqueXique , que a esperança ainda não finou !
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domingo, 25 de junho de 2023

 As Aparências Enganam - Espada de Dâmocles

Invariavelmente , todos os dias , quer chova ou não , o rei - sol altaneiro se ergue em sua opulenta carruagem de fogo , riscando os céus no seu eterno peregrinar . O chão sob nossos pés vive parado , besta e mudo feito uma parede . Aqui , acolá a gentil terra mostra seus afiados dentes em traiçoeiras convulsões de meter medo , rachando o solo .
Em estado de ânimo normal o minúsculo bólido azul desenha um belo e silente movimento em torno do sol e de si mesmo num fantástico e mimoso bailado . Nossos cinco sentidos - tato , paladar , visão , audição, e olfato - pouco são confiáveis tanto a nível macro como a micro , a nos indicar prudência e cautela ao longo do nosso incerto e perigoso caminhar .
Reza uma história contada por Cícero ( 106 a.C . - 46 a.C. ) , Horácio ( 65 a.C. - 8 a.C ) ,
e Diodoro de Sicília ( 90 a.C. - 1 a.C. ) , que Dâmocles , era um membro da corte do rei Dionísio , um sanguinário tirano de Siracusa do século IV a.C. . Este causava uma feroz inveja a muitos pelo fausto vivido naquele ambiente palaciano .
Aquilo tocava e perturbava os ânimos de Dâmocles .
Um certo dia o soberano ofereceu de forma marota uma troca de papel com Dâmocles para que este usufruísse de uma noite de prazeres em palácio num magnífico banquete aditivado com mulheres e bebidas . Tudo enfim transcorria a mil maravilhas até que Dâmocles erguendo os olhos aos céus com fins de agradecer aquela dádiva , descobriu assombrado uma espada afiada suspensa sobre sua cabeça , presa , somente , por um tênue fio da crina de um cavalo . Sentiu ali , pasmo , de imediato a incômoda presença da morte , " a indesejada das gentes " , e a morna aragem da parca a lhe lamber o pescoço.
Dâmocles preferiu dar fim , de imediato , áquela pantomina e encerrar o tal banquete enquanto era tempo .
A espada de Dâmocles continua sendo uma bela metáfora acerca dos perigos que envolvem o alto preço a pagar por um grande e enganoso poder . Hodiernamente certos posudos buscam em viagens ao redor do mundo fugirem de si mesmos , inebriados pelo poder , esquecendo - se da tal espada afiada ainda continua em atividade plena .
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 Carpe Diem - Walt Whitman

Aproveita o dia ,
Não deixes que termine sem teres crescido um pouco .
Sem teres sido feliz , sem teres alimentado teus sonhos .
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar- te , que é quase um dever .
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário .
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo .
Porque passe o que passar , nossa essência continuará intacta .
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Nos derruba , nos lastima , nos ensina , nos converte em protagonistas de nossa própria história .
Ainda que o vento sopre contra , a poderosa obra continua , tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê - la intensamente sem mediocridades .Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar- te as experiências daqueles que nos precederam .
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido .
" Carpe Diem " , colha o dia , ou aproveite o momento. Da autoria de Walt Whitman ( 1819 - 1892 ) , jornalista, ensaísta e poeta americano, considerado o " pai do verso livre " e o grande poeta da Revolução Americana .
Foto que ilustra o texto : um cair da tarde na Praia do Mucuripe, em Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção .
Pode ser uma imagem de barco, horizonte, crepúsculo e corpo d'água

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segunda-feira, 19 de junho de 2023

 Um Som para Cândido Portinari

" Para Cândido Portinari / mel e rum bom / e um violão de açúcar / e uma canção / e um coração / para Cândido Portinari / Buenos Aires e um bandoneon / ai , esta noite se pode / se pode cantar um som / sonha e fulgura / - um homem que tem mão dura / feito de sangue e pintura / grita na tela / sonha e fulgura / o seu sangue de mão dura / sonha e fulgura como talhado com vela / sonha e fulgura / como uma estrela de altura / sonha e fulgura / como voa a chispa bela / sonha e fulgura / assim como sua mão dura / feita de sangue e pintura / sobre a tela / sonha e fulgura / um homem que tem a mão dura / Portinari o desvela / e o magro peito lhe cura / ao homem que tem mão dura / que está gritando na tela / feito de sangue e pintura / sonha e fulgura . "
Nicolas Guillen ( 1909 - 1989 ) : poeta cubano , genuíno representante da cultura negra de seu negro torrão natal .
Cândido Portinari ( 1915 - 1962 ) , nasceu em São Paulo . Filho de imigrantes italianos , veio ao mundo numa fazenda de café em Brodowski , e teve sua infância pobre e insuficiente em estudos formais , não chegando a concluir o ensino básico . Deu início à sua lida na arte pictórica aos 14 anos de idade , auxiliando um grupo de artistas na decoração da Igreja Matriz da cidade . Aos 15 anos deixa São Paulo em busca de estudos no Rio de Janeiro onde cursa a Escola Nacional de Belas Artes .
Em 1928 viaja para Paris por obra de uma bolsa de estudos, onde permanece por dois anos , tomando contato com artistas que irão mudar o rumo de sua pintura para sempre .
Neste período conhece Maria Martinelle, uma uruguaia que se tornará uma fiel companheira e mãe de seu único filho . Portinari retorna ao Brasil em 1931 onde além de quadros , passa a pinturas de murais e afrescos em vários lugares do mundo . Veio fazer companhia a gente do porte de Di Cavalcanti , Tarcila do Amaral , Anita Malfatti e , José Pancetti .
Portinari foi um poeta bissexto, colorindo alguns poemas temáticos como sua vigorosa pintura :
" Os retirantes vem vindo com trouxas e embrulhos / vem das terras secas e escuras / pedregulhos / doloridos como fagulhas de carvão aceso / corpos disformes , uns panos sujos / rasgados e sem cor , dependurados /
homens de enormes ventres bojudo / mulheres com trouxas caídas para o lado / pançudas , carregando ao colo um garoto / choramingando , remelento / mocinhas de peito duro e vestido roto / velhas trôpegas marcadas pelo tempo / olhos de catarata e pés informes / aos velhos cegos agarrados / pés inchados enormes / levantando o pó da cor de suas vestes rasgadas / no rumor monótono das alpacartas / há uma pausa , cai no pó / a mulher que carrega uma lata de água / só há umas gotas - dá uma só - / não vai arribar / é melhor o marido e os filhos ficarem / nós vamos andando / temos muito que andar neste chão batido / as secas vão a morte semeando . "
Em 1954 Cândido Portinari foi diagnosticado com um grave quadro de intoxicação causado pela exposição excessiva de chumbo contido nas tintas que usava em suas telas . Em 6 de fevereiro de 1962 , Portinari segue para o mundo maior por conta do cancro, aos 58 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro .
Vinicius de Moraes , poeta , boêmio e cantor , mandou um amoroso recado para Portinari , todo confeitado com expressões coloquiais :
" Lá vai Candinho / pra onde ele vai ? / vai pra Brodowski / buscar seu pai / lá vai Candinho / pra onde ele foi ? / foi pra Brodowski , juntar seu boi / lá vai Candinho / com seu topete / vai pra Brodowski pintar o sete / lá vai Candinho tirando rima / vai manquitando ladeira acima /eh ! eh ! Candinho / muita saudade / para Zé Cláudio / Mário de Andrade / se vir Ovalle / se vir Zé Lins , fale Candinho / que eu sou feliz / ouviu , Candinho ? / - Diabo de homem mais surdo ! "
Poetinha danado , esse Vinicius !
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domingo, 18 de junho de 2023

 A Morte do Jangadeiro - Padre Antônio Tomás

" Ao sopro do terral abrindo a vela
Na esteira azul das águas arrastada ,
Segue veloz a intrépida jangada ,
Entre os uivos do mar que se encapela .
Prudente , o jangadeiro se acautela
Contra os mil acidentes da jornada ;
Fazem - lhe , entanto , guerra encaniçada
O vento , a chuva , os raios e a procela .
Súbito, um raio o prosta e , furioso ,
Da jangada o despeja na água escura
E , em brancos véus de espuma, o desditoso
Envolve e traga a onda intumescida ,
Dando - lhe , assim , mortalha e sepultura
O mesmo mar que o pão lhe dera em vida . "
Padre Antônio Tomás , nasceu em 14 de setembro de 1868 , na cidade de Acaraú , no interior do Ceará . Era filho do professor Gil Tomás Lourenço e de Francisca Laurinda da Frota . Estudou no tradicional Seminário de Fortaleza , onde ordenou - se no ano de 1891.
Mesmo sem livro publicado , tornou - se conhecido no País, e muitas antologias nacionais trazem versos seus . Dentre os seus sonetos foram consagrados pela crítica e pelo povo " Contraste " e " A morte do Jangadeiro " .
Em concurso promovido pela revista " Ceará Ilustrado " , de Demócrito Rocha, no ano de 1924 , sagrou - se Príncipe dos Poetas Cearenses . Nunca enfeixou em volume as suas numerosas produções poéticas e , no seu testamento , deixou disposição proibindo que o fizessem . Pertenceu à Academia Cearense de Letras .
Contraste
" Quando partimos , no verdor dos anos ,
Da vida pela estrada florescente ,
As esperanças vão conosco à frente
E vão ficando atrás os desenganos .
Rindo e cantando , céleres e ufanos ,
Vamos marchando descuidosamente ...
Eis que chega a velhice , de repente ,
Desfazendo ilusões , matando enganos .
Então nós enxergamos claramente
Como a existência é rápida e falaz
E vemos que sucede , exatamente ,
O contrário dos tempos de rapaz :
- Os desenganos vão conosco à frente
E as esperanças vão conosco atrás. "
A foto que ilustra o texto mostra o fim de tarde desse sábado na Praia do Mucuripe , em Fortaleza .
Pode ser uma imagem de veleiro, vela e crepúsculo
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