domingo, 27 de setembro de 2015

SEIXO ROLADO
Para as princesas Hilma e Marilene

No gigante  espelho argênteo  a espargir faíscas formado pelo perene  indo e vindo das águas do rio Pacoti com o oceano Atlântico  , na altura do Porto das Dunas , em Aquiraz , jogo minha tarrafa , antes do sol , humildemente , beijar o mar . Desfilam por ali , ilhotas flutuantes , portando em seus cocurutos , mechas de pequenas plantas , em busca   do doce aconchego final no infindo oceano , junto a peixes e pedras que rolam , cumprindo o inevitável destino traçado pela mãe – natureza . O eterno retorno .
Num último arremesso  , sem querer largar aquele idílico paraíso , recolho minha   tarrafa , algo pesada , sem um peixe sequer , apenas com  um pedaço de pedra , que mostra numa de suas faces , um  desenho de um coração e uma singela mensagem : “ Te amo , Maria ! . Baturité – Ceará “ .
Que idênticos destinos , o daquela tosca  pedra e o do bicho – homem ! .
Somos todos  , seixos rolados , nesta terrena vida breve , quer queiramos ou não ! .

“ Rio , caminho que anda / que vai resmungando , talvez , uma dor / ah! quanta pedra levaste , outra pedra deixaste / sem vida e amor / vens lá do alto da serra / o ventre da terra rasgando sem dó / eu também venho do amor /  com o peito rasgado de dor / e tão só / não viste a flor se curvar / teu corpo beijar / e ficar lá pra trás / tens a mania doente / de andar só pra frente / não voltas , jamais /  rio , caminho que anda , o mar te espera / não corras assim/ eu sou o mar que espera / alguém que não corre pra mim “ .   Canção de Luiz Antônio .     

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O GÊNIO DE RUI BARBOSA
 
“ De tanto ver triunfar as  nulidades  ,
De tanto ver prosperar a desonra ,
De tanto ver crescer a injustiça ,
De tanto ver agigantarem – se os poderes
Nas mãos dos  maus ,
O homem chega a desanimar
Da verdade   ,
A rir – se da honra , a ter vergonha de ser honesto “ .
Rui Barbosa ( 1849 – 1923 ) , político , jornalista , advogado , diplomata , nascido na Bahia , foi fundador da Academia Brasileira de Letras e seu presidente entre os anos de 1908 e 1919 . Não há como não lembrar do  sentimento patriótico do grande gênio baiano quando assistimos ao debacle dos três poderes da República de Pindorama , irmanados e seguindo perigosamente  para a beira do precipício . Como admitir como  normais  , fatos escabrosos , a nossa volta , quase a nos implorar , de joelhos ,  um temerário golpe . Há que se  aplicar , o mais rápido possível , um amargo e poderoso  remédio  à nação moribunda , se é que ainda se dispõe de tempo .
Como o que dá pra rir , dá pra chorar , segue um relato picaresco acerca de nosso cultor da “ última flor do lácio , inculta e bela “   , Rui Barbosa  :
A lenda reza que o nobre Rui , percebeu um barulho algo estranho no quintal de sua casa . Dirigindo – se para lá , deu de cara com o amigo - do - alheio tentando pular o muro com uns patos debaixo do braço . Assim se expressou  Rui : - “ Oh , bucéfalo anácrono ! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes , mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação , levando meus ovíparos à sorrelfa  e à socapa . Se fazes isso por necessidade , transijo ; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado , dar – te –ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga , e o farei com tal ímpeto que te reduzirei  à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada “ . E o larápio  , completamente confuso , pouco entendendo o que ouviu  , diz : “ E aí , Doutor , eu levo ou  deixo os patos ? “ .
Que não sejamos nós  , os inocentes “ patos “ nas afanosas mãos de “ conspícuos “ servidores da nação verde – amarelo ! .

quinta-feira, 17 de setembro de 2015


DARCY  RIBEIRO ,  UM GÊNIO CABOCLO

Darcy Ribeiro , nasceu na cidade de Montes Claros , uma boca de entrada do sertão nordestino , no Estado de Minas Gerais ,no dia 25 de outubro de 1922 . “ Dizem que fui fundado , o que não é verdade , posto que , nasci de parto natural . Cresci  , fazendo as bobagens habituais . Moço , quis ser médico e terminei   , antropólogo “ .

1922 : Um ano importante para o Brasil  ,  com o advento da  Semana da Arte Moderna . Morre o mais brasileiro e sofrido de nossos grandes escritores , Lima Barreto , sorvendo um cálice de parati . Nascimento de Leonel Brizola , político populista , filho de um carreteiro e que chegou ao mundo  para azucrinar os militares da República .  

 Darcy graduou – se no ano de  1946 em Antropologia pela Escola de Sociologia Política de São Paulo , aos 24 anos de idade e logo partiu para estudar os Índios do Pantanal , do Brasil Central e da Amazônia ( 1946 – 1956 ) , assessorando o desassombrado  Marechal Rondon . Foi o fundador do Museu do Índio e seu diretor por algum tempo , organizando  o primeiro curso brasileiro de pós – graduação direcionado a antropólogos .  Seduzido pelo educador Anísio Teixeira , construiu firme carreira como educador , reitor e , depois , Ministro de Estado ( ( 1955 – 1964 ) . “ Topou aí com João Goulart ( Jango ) , que o descaminhou para as tentativas de promover a reforma agrária e conter a ganância das multinacionais . Foi um desastre . Exilado  , por conta da Redentora , virou latino-americano e passou muitos anos ( 1964 – 1975 ) remendando universidades no Uruguai , na Venezuela , no Peru e  até na Argélia “  .

Foi o fundador da Universidade de Brasília .

Voltou ao Brasil , disposto a cheirar ou feder , conforme o nariz . Em meio a isto tudo lançou vários livros importantes que compõem seus Estudos de Antropologia da Civilização (  O Processo Civilizatório , As Américas e a Civilização , O Dilema da América Latina , Os Índios e a Civilização e Os Brasileiros )  e alguns romances

Em 1978 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de  Sorbonne .

São suas , estas  palavras  , meio pascalinas  :

“ Eu! Sei perfeitamente quem sou eu , que sou . Um ser minúsculo , sei , mortal , de existência brevíssima colocado na calota do universo . Aqui posto , olho as infinitudes que para além de mim , sem fim, se desdobram num universo imenso , eterno . Inútil . Também posso voltar – me para mim , atento às voltas de meus intestinos ou para meu sentimento do mundo . O atrativo mesmo é olhar a meu redor , ver as gentes parecidas comigo , sobretudo as de sexo complementar que aí estejam pelejando , convivíveis . Espantosa é a visão , se me exorbito e olho lá pra fora , para esse mundão de grandeza inesgotável ´independente de mim ,a mim indiferente . Um despautério : tanta magnitude fútil , tanta eternidade oca . ... O que me comove mesmo é a relação : eu e os mais .  Não é uma visão de mim sem eles , nem deles sem mim . É sempre a visão de mim com eles , parte deles ; nós todos nos comunicando com espermas e palavras para nos perpetuarmos e nos entendermos ..... Porque o Brasil não deu certo ? Ainda não deu ! Vai dar? Como ? Por que caminho ? “ .

Mudemos de assunto .  “ Marinheiro neste mundo , amor é o vento que sopra minhas velas nas travessias .Amando navego por mares calmos e bravios, me sentindo ser e viver .  Não posso é viver sem amor , desamado na pasmaceira das calmarias ; parado , bradando de ver o mar da vida marulhar à toa .  A sedução intelectual me remedeia um pouco . Amor , uma doida já  disse :  é carne feita espírito . “

Este ser irrequieto , múltiplo , polêmico ,  e extremamente criativo, travou e venceu inúmeras batalhas pela vida afora  : a favor dos índios , pela educação formal , pela reforma agrária e contra a Ditadura . A sua pior e mais perversa contenda durou 20 anos , contra um câncer .

“ Eu não tenho medo da morte . A morte é apagar – se , como apagar a luz . Presente , passado e futuro ? . Tolice . Não existem . A vida vai construindo e destruindo . O que vai ficando para trás com o passado , é a morte . O que está vivo vai adiante  . Detestaria estar no lugar de quem me venceu ! “ .

 

    

 

terça-feira, 15 de setembro de 2015


“ DOU POR MORTO  “
Um paciente extremamente grave , em estado terminal , submetido a uma delicada cirurgia , mostra uma severa sepse , com hipotensão refratária a medicamentos vasopressores  e evidenciando falha na função de órgãos nobres . Um dos cirurgiões presentes ao ato cirúrgico , à beira de um colapso por exaustão , desaba , retirando , e jogando ao chão , de forma áspera  as luvas ,   postando – se fora do embate : - “ Não há mais nada a fazer . Dou por morto , e ,  pronto ! “ .
Desespero  ? , insensibilidade ? , impotência ? , falta de fé em Deus ? .
Algo parecido ocorre com uma nação situada abaixo da linha do  equador  , onde não existe pecado , quando mostra uma perda do grau de investimentos , uma recessão de  2, 75 %  ( 2015 ) e uma inflação de 9 , 28 % ( 2015 ) , vivendo um stress econômico extremo . A situação encontra –se  muito  próxima de , não havendo mais chances , se jogar  as “ luvas no chão “ e verberar  desconsolado  : “ – Dou por morto , e , pronto ! “ .
Quem projeta tal desastre falando , em letras garrafais ,  num  “ paciente em estado terminal “ é o  hebdomadário de um rico irmão do Norte , um tal de “ Financial Times “ . Cruz , Credo ! .
Eu  , por mim  , estou de malas prontas ,  em meio a esta deprimente e desumana  onda migratória , e  :
“  Vou – me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo  
Subirei no pau – de – sebo
Tomarei banhos de  mar !
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando  chamar a mãe – d’água
Pra  me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou – me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou – me embora pra Pasárgada “   .       Poema de   Manuel Bandeira .




sábado, 12 de setembro de 2015

O POVO  :  CADÊ O POVO ?

No alvorecer do dia 15 de novembro de 1889  ,  cerca de 600 militares  postavam – se  diante do quartel – general do Exército , no campo de Santana , no Rio de Janeiro . Estávamos a assistir os estertores do Império  .  A presença do  Marechal Deodoro da Fonseca era aguardada com ansiedade para o desfecho do golpe com a tão aguardada  Proclamação da  República do Brasil . O velho Deodoro passara a noite em claro ,  enfrentando a tapas ,  uma braba crise de asma brônquica ,  estando proibida sua saída do leito ,  por determinação médica , até segunda ordem .
O golpe  ,  de fato , estava marcado para o dia 17 de novembro , mas fora antecipado em virtude do vazamento de informações dando conta  de que o Exército iria prender alguns insurgentes , dentre eles , Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant .
Deste modo  , pariu – se a República do Brasil , de chofre , com uma pequena tropa nas ruas , sem nenhuma participação popular e resistência zero . A passividade do Imperador diante do golpe foi deprimente e  chocante .  Os gentis militares deram o exíguo tempo de 24 horas , para , o agora cidadão Pedro de Alcântara e sua comitiva deixarem a nação rumo ao exílio .
No Diário Popular  , o periodista Aristides Lobo marcou o ocorrido : “  O povo assistiu àquilo , bestificado , atônito , surpreso , sem conhecer o que significava . Muitos acreditavam seriamente estar vendo uma parada “ .
“ No alvorecer do século XX , o Brasil convertera – se em república bananeira : assassinatos políticos , tribunais de exceção , imprensa censurada , golpes e contragolpes , revoltas populares , greves , quarteladas e guerra civil “ , Klintowitz , J. ; 2014  .
Hoje  , em pleno século XXI , no dia 7 de setembro de 2015 ,  cento e vinte e cinco anos após a  Proclamação  da República em Pindorama , acontece um desfile militar , morno e chinfrim , assistido por poucos gatos – pingados , os aúlicos do poder .  
“ – Cadê o povo ? “  , pergunto eu  .
Uma parte do povo  ,  de forma pacata , fazendo o dever – de – casa ,  com um panelaço maneiro , outra parte ,  nos grotões distantes  vertendo uma cachacinha  por conta das soníferas “  bolsas sociais “ e o restante , barrado e humilhado por um muro de flandres , erguido às pressas , um verdadeiro “ Gueto de Varsóvia “ da Segunda Guerra Mundial  , com vistas a não borrar o brilhantismo do tal “ Desfile Cívico “ . Perdão  , senhores ,   mas a cara de militar perfilado , nestas horas , dá pena de se ver  ! .
O momento narrado   , não pertence ao povo , pois não estamos em período de eleições . O momento é de juntar grana para agraciar o bobo eleitor na época certa  ,  com o tal “ pirulito “  que corrompe  e humilha o distinto  .  A marola  , causada pelas nações ricas , segundo fontes governamentais não fidedignas ,   está passando ( “ vá nessa! “)  , com os operosos  Executivo , Câmara e Senado Federal  , atolados ,  digo , irmanados , prometendo  criar mais impostos para controlar as combalidas contas do governo ,  gerando o  desespero das “ zelites brancas da Avenida Paulista ! “ .  Aguenta firme  , Democracia ! .


domingo, 6 de setembro de 2015

DOIS  AMANTES   À BEIRA – MAR

Na Avenida Beira – Mar em  Fortaleza , nas proximidades da Praça dos Peixinhos , um casal à moda antiga , do tipo Romeu e Julieta , troca carícias mil , mantendo como pano de fundo , as tremeluzentes luzes do sol , baixando a guarda e sendo engolido pelas verdes vagas do atlântico oceano .
Um transeunte  , absorto àquele mágico momento , tão pouco comum nos apressados dias modernos , nas sociedades emergentes  dos “ WhatsApp “ e “ Facebook “ , indiscreto e pouco cioso , aproximou –se daquela bucólica cena , literalmente , quebrando o encanto da poesia e promovendo o revoar barulhento de asas daquele casal de pombinhos , que foi parar no alto de um florido cajueiro . Ali sob a proteção da mãe – natureza  ,  os dois amantes continuaram sua sinfonia de amor em meio a arrulhos e gorjeios , distantes  da azáfama do bicho – homem .  Ah  , essa fase do amor !

“ Essa fase do amor
É bonita demais  , lua cheia
Se Netuno quiser
Posso me transformar em sereia
Essa fase do amor
É bonita demais  , é nascente
Se o sol me queimar
Posso me transformar em poente
Que nem recheio de bombom
E as estrelas de néon sobre a aldeia
Nas veias um licor de anis
Me leva às ruas de Paris e incendeia
E eu me sinto assim como um deus grego
Como um barco indo de Veneza pro oceano
Como um corcel dum beduíno
Como a emoção dos violinos dos ciganos
E eu me sinto como um Zeus Negro
Convidado pra sentar na mesa dos Arcanos
E cear com toda realeza
E beber o vinho da nobreza dos humanos “  .             Composição de Altay Veloso .

sábado, 5 de setembro de 2015

OSWALDO CRUZ   –   CIENTISTA E HIGIENISTA

Oswaldo Gonçalves Cruz   , Cientista , Médico e Higienista brasileiro , nasceu em 5 de agosto de 1872 , na cidade de São Luiz do Paraitinga  , no interior do estado de São Paulo . Seus pais foram  ,  Bento Gonçalves Cruz ( médico ) e Amália Taborda Bulhões Cruz . Sabe – se que , Bento , cedo ficou órfão e , por conta disto , teve dificuldades em concluir seus estudos .  Quando acadêmico de medicina , Bento foi convocado pelo governo para integrar o corpo de “ Voluntários da Pátria “ na Guerra do Paraguai . No dia da partida  , foi contido por seus familiares e perdeu a hora de saída da embarque .  Bento corre para o cais e com a ajuda de barqueiros consegue alcançar o navio  ,  onde é alçado a bordo sob merecida ovação . Bento voltou da guerra  ,  são e condecorado .
Com apenas 14 anos de idade , o jovem Oswaldo Cruz ingressa na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro . Em 08 de novembro de 1892 , morre Bento Gonçalves , no mesmo dia em que o filho , Oswaldo Cruz , conclui seu curso de medicina .  Sua tese de doutorado foi  “ A veiculação microbiana pelas águas “ . Em 1893 , Dr. Oswaldo casa – se com Emília Fonseca , filha de um rico comendador , que o encaminha para aprimorar seus estudos na área de microbiologia em Paris , capital mundial da cultura , onde viviam figuras como ,Maupassant , Debussy , Renoir , Monet e Anatole France . Em 1895 , em visita de cortesia ao Brasil , o navio italiano “ Lombardia “ com tripulação de 340 pessoas , perde 234 almas para a febre amarela . Uma tragédia e um  vexame ! .
Entre 1896 e 1899  , Oswaldo Cruz  realizou estudos no famoso Instituto  Pasteur , onde viria receber , por conta de trabalhos elaborados  em toxicologia , elogiosas referências de sábios como , Metchnikoff e E. Roux .
De volta ao Brasil  , em agosto de 1899 , o  Dr. Oswaldo abre consultório particular e assume a direção do Serviço de Saúde Pública a convite do Presidente da República , Dr. Rodrigues  , onde passa a conviver com os cientistas Vital Brazil ( 1865 – 1950 )  e Adolpho Lutz ( 1855 – 1940 ) .  
Em 25 de maio de 1900 , o cientista Oswaldo assume o cargo de diretor técnico do Instituto Soroterápico Federal , trabalhando na produção de soro e vacina contra a peste bubônica .
Em 1903 , como diretor – geral de Saúde Pública parte para o combate das três principais epidemias que assolavam o Rio de Janeiro :  febre amarela , peste bubônica e varíola .
Em 10 de novembro de 1904 eclode a Revolta da Vacina  , onde insurgentes e tropas do governo travam embates por conta de medidas  adotadas que não agradaram a população , como a obrigatoriedade da vacinação . No final da refrega tivemos muitas mortos e feridos  além  da queda de Oswaldo Cruz , das graças do governo . De  resto , em 1908 , novo surto de varíola eclodiu levando a morte de 10.000 inocentes  cidadãos .

Em 1918 , Oswaldo Cruz , em decorrência de graves problemas de saúde , busca pouso na cidade de Petrópolis , onde termina sendo empossado como prefeito .  Em fevereiro de 1917 , falece o grande cientista brasileiro , colocado em primeiro plano no panteão dos grandes vultos da história do Brasil , emprestando seu nome a praças , logradouros , escolas e hospitais pelo país afora .  Oswaldo Cruz pertenceu à Academia Brasileira de Letras e foi nomeado Cavalheiro da Legião de Honra da  França .

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A PERDA DA INOCÊNCIA DO BICHO – HOMEM

Faz – se voz corrente a estimativa de que a perda da inocência da humanidade decorreu daquele simplório casal que sob a maléfica influência de uma serpente comeu a maça proibida da árvore do conhecimento .  Aquilo foi apenas o princípio  de uma tragédia . A real  e fatal perda deu – se nos dias 6 e 9 de agosto de 1945   quando dois mortíferos e endemoninhados petardos , o “ Little Boy , o garotinho    e o “ Fat Boy , o gorducho    foram arremessados , sem prévio aviso ,  contra duas cidades japonesas , Hiroshima e Nagasaki , ocasionando a morte de milhares de inocentes . A tal Bomba Atômica  , gestada por “ mentes brilhantes e pacifistas “ colocou o mundo sob o tacão de uma nova era , a do “ Cogumelo Atômico “ , uma terrível “ Espada de Dâmocles “ balançando sobre o pescoço da  pobre humanidade . Naquela ocasião  , sim , aconteceu a verdadeira perda da inocência do bicho – homem que pode seguir o mesmo destino dos dinossauros do passado  , virando pó e , ainda  de forma mais drástica ,  sem deixar quaisquer vestígios  . Restarão  , tão somente ,   os átomos e o vazio ,  de  Demócrito , e  de outros materialistas ,  a ocupar este  infinito espaço ,  do insondável e misterioso multiverso  , até que surja um novo Big – Bang  , para começar tudo de novo .

Um dos pais da era nuclear  , o cientista  Albert Einstein , declarou em 1945 :

  O poder incontrolado do átomo mudou tudo , exceto nossa forma de pensar e , por isso , caminhamos para uma catástrofe sem paralelos “ .

E , sendo assim ,  então , adeus , Homo sapiens sapiens demens ! .

Rosa de Hirishima , de Vinicius de Moraes

“ Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas  , oh, não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A anti – rosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada “

                                                




VITAL BRAZIL MINEIRO DA CAMPANHA

Vital Brazil Mineiro da Campanha veio ao mundo no dia 28 de abril de 1865, no município de Campanha  , no estado de Minas Gerais . Seus pais foram, José Manoel dos Santos Pereira Junior, um caixeiro – viajante  , e , Mariana Carolina Pereira de Magalhães . Uma explicação para tão estrambótico  nome : Vital era o nome do santo do dia ; Brazil , em homenagem ao país que à época grafava –se com “ z “ ; Mineiro , por conta do estado onde nasceu ; e , Campanha , referente à sua cidade natal . Tudo isso , em decorrência de uma desavença familiar . O casal José e Mariana teve ao todo 8  filhos .

Vital Brazil passou sua infância nas cidades interioranas de Campanha   , Itajubá e Caldas e exerceu atividades laborais desde a tenra idade de 9 anos para ajudar no sustento da casa . Migrou para São Paulo com a família , aos 15 anos de idade , onde prosseguiu estudando e trabalhando , com o firme propósito de tornar –se médico . Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro e gradou- se no ano de 1891 , com a idade de 26 anos , defendendo a tese de doutoramento denominada “ Funções do Baço “ .

Retornou ao estado de São Paulo onde trabalhou nas cidades de Rio Claro , Jaú , Leme e Pirassununga no combate a endemias , como , febre amarela , cólera e varíola . . Em 1892 contraiu núpcias com Maria da Conceição Philipina de Magalhães que lhe contemplou com 12 filhos , dos quais 9 chegaram à idade adulta . Em 1896 , trabalhando em Botucatu , no interior de São Paulo , impressionou-se com o elevado índice de acidentes causados por animais peçonhentos  . Em 1899 , Vial Brazil passou a se dedicar ao estudo de fabricação de soro antiofídico , instalando um laboratório na fazenda Butantã , e que posteriormente transformou no eficiente Instituto Butantã , especializado na fabricação de soro antiofídico . Por essa época o pesquisador francês Albert Calmette ( 1863 – 1933 ) , chefiando um laboratório Pasteur conseguira  êxito no fabrico de um antídoto para o veneno de cobras najas. Vital Brazil aprofundou estas pesquisas ampliando o estudo para as espécies jararaca e cascavel . Com isso conseguiu reduzir pela metade o número de mortes em decorrência de tais acidentes .

Vital Brazil ficou viúvo em 1913 e novamente casou – se em 1920 com Dinah Carneiro Vianna gerando mais 9 filhos , completando assim uma prole numerosa de 18 filhos .

O Instituto Butantã tornou- se uma referência na produção de vacinas para animais peçonhentos e , também , criou um modelo de escola de alfabetização de crianças e adultos em áreas rurais , desempenhando importante papel social num país gigante e deficiente em instrução , à época .




Vital Brasil usava como lema “ Veritas Super Omnia “ , ou seja , A verdade Acima de Tudo . Faleceu no dia 8 de maio de 1950 , no Rio de Janeiro , aos 85 anos de idade , ainda na direção do Instituto Vital Brasil , um centro  de pesquisas biológicas fundado em Niterói , em sua homenagem . Pelo Projeto de Lei 1604/ 2003 do Congresso Nacional , o nome do cientista Vital Brazil entrou para o Livro dos Heróis da Pátria , que se encontra no Panteão da Democracia , no subsolo da Praça dos Três Poderes ,  em Brasília .