domingo, 31 de dezembro de 2017

O momento mais importante é sempre o presente; a pessoa mais importante é a que está frente a ti; a tarefa mais importante é sempre o amor ( Mestre Eckhardt - século XIII ).
É simples assim, não deixar o tempo fugir por entre os dedos e saborear, sôfrego, o néctar da vida , posto que , amanhã a lua poderá em vão nos procurar. 
Carpe Diem! Viva 2018 !



A derradeira Lua do ano , afoita "pegando bochecha " na carruagem do Sol. Rei e Rainha de mãos dadas curtindo os últimos momentos desse 2017.
" Em meio a um cristal de ecos/o poeta vai pela rua/seu olhos verdes de éter /abrem cavernas na lua/a lua volta de flanco/eriçada de luxúria /o poeta , aloucado e branco/palpa as nádegas da lua/entre as esferas nitentes /tremeluzem pelos fulvos /o poeta, de olhar dormente / entreabre o pente da lua/entre frouxos de luz e água /palpita a ferida crua/o poeta todo se lava/de palidez e doçura /ardente e desesperada / a lua vira em decúbito /a vinda lenta do espasmo /aguça as pontas da lua/o poeta afaga -lhe os braços /e o ventre que se menstrua /a lua se curva em arco/num delírio de volúpia /o gozo aumenta de súbito /em frêmitos que perduram /a lua vira o outro quarto /e fica de frente, nua/o orgasmo desce do espaço /desfeito em estrelas e nuvens/nos ventos do mar perpassa/um salso cheiro de lua/e a lua, no êxtase cresce /se dilata e alteia e estua /o poeta se deixa em prece/ante a beleza da lua /depois a lua adormece/e míngua e se apazigua. ./o poeta desaparece/envolto em cantos e plumas/enquanto a noite enlouquece/no seu claustro de ciúmes " 
O poeta e a lua , de autoria de Vinicius de Moraes (1913-1980).

terça-feira, 26 de dezembro de 2017



Sábado de chuva no Porto das Dunas apreciando os contornos de dois belos seios esculpidos por mãos divinas , que logo mais mudarão de lugar :


"Quando você for se embora/moça branca como a neve/me leve/se acaso você não possa/me carregar pela mão /menina branca de neve/me leve no coração /se no coração não possa/por acaso me levar/moça de sonho e de neve/me leve no seu lembrar/e se aí também não possa/por tanta coisa que leve/já viva em seu pensamento /menina branca de neve/me leve no esquecimento " (Cantiga para não morrer, de Ferreira Gullar )


Tempo bonito de chover neste domingo no meu Ceará! 


"Nem uma nuvem pelo céu !/e os olhos ansiosos do caboclo/lera, na impassibilidade do infinito /o terrível destino do cearense !/chupou no cachimbo longamente/e, depois, lá se foi/pela estrada poeirenta / assobiando qualquer coisa que dizia - esperança /mas, noutra manhã ao despertar / o sertanejo escutou/ de sua rede de algodão / a polêmica dos sapos na lagoa/a cantiga da chuva nos caminhos/e o choro alegre dos rios nos grotões. ../e quando, da porta de sua casa pobre/- para mim muito mais rica que um templo !-/ele viu a vegetação ressuscitando /ele as árvores engalanadas de folhas verdes/pôs a enxada no ombro /beijou o filho e a esposa /e seguiu para a roça, alegremente /a cantar qualquer coisa que dizia- felicidade! /
(A terra molhada pela chuva tinha o cheiro das mulheres do sertão. ..)
Poema "Quando começou o inverno" de autoria do cearense de Lavras da Mangabeira, Filgueiras Lima (1909-1965 )

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A dimensão metafísica do tempo , que como as águas dos rios e dos mares, nos escapa por entre os dedos, reforça a verdade dos filósofos Parmenides
 ( imobilidade ) e Heráclito de Éfeso
 ( movimento ).
No poema "Arte poética " do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986 ) celebra - se a fluidez do tempo em sua infinita passagem pelo universo.
" Olhar o rio feito de tempo e água /e recordar que o tempo é outro rio /saber que nos perdemos como o rio/e que os rostos passam como a água /sentir que a vigília é outro sono/que sonha não sonhar e que a morte/que a nossa carne teme é essa morte/de cada noite que se chama sono/ver no dia ou no ano um símbolo /dos dias do homem e dos seus anos/converter o ultraje dos anos/numa música, um rumor e um símbolo /ver na morte o sono, no ocaso/um triste ouro, assim é a poesia /que é imortal e pobre/a poesia volta como a aurora e o ocaso/às vezes, certas tardes, uma cara/fita -nos do fundo de um espelho /a arte deve ser como esse espelho /que nos revela a nossa própria cara/contam que Ulisses, farto de prodígios /chorou de amor ao divisar a sua Itaca / verde e humilde. A arte é essa Itaca / de verde eternidade, não de prodígios /também é como o rio interminável / que passa e pára e é cristal de um mesmo /Heráclito inconstante, que é o mesmo /e é outro, como um rio interminável "


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Sobre Três Relacionamentos


Montaigne (1533- 1592) compara três relacionamentos : com as mulheres ; as amizades, raras e refinadas; e por fim, os livros , que considera os mais salutares de todos.
" Esses dois relacionamentos ( as mulheres e as amizades) são fortuitos e dependentes de outrem. Um é difícil por sua raridade, o outro murcha com a idade. O terceiro, dos livros, é muito mais seguro e nosso. Este ( o livro ) me acompanha em todo meu percurso e me assiste em tudo. Consola - me na velhice e na solidão; alivia - me do peso de uma ociosidade tediosa; desembaraça - me a qualquer momento das companhias que me desagradam; embota os aguilhões da dor, se não for extrema e dominante. Para distrair - me de uma fantasia importuna, basta recorrer aos livros; eles facilmente me desviam para si e subtraem -na de mim. E além disso, não se rebelam por ver que só os procuro na falta daquelas outras satisfações, mais reais, mais vivas e naturais; recebem -me sempre com a mesma fisionomia. 
Os livros são presenças sempre benevolentes, dotadas de equanimidade, ao passo que os amigos e as amantes sofrem variações de humor "

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O BURRO COM PELE DE LEÃO, VERSÃO 2017




Um burro velho e decadente, deu por conta de uma lustrosa pele de leão, à sua frente, com a qual logo cobriu seu pegajoso corpo, num disfarce quase prefeito.

“- Agora sim, hão de me respeitar, doravante, como um verdadeiro líder.”

Ledo engano, posto que, o animal ao invés de rugir, apenas zurrou e, assim evidenciou-se a fraude, além do que, a ponta da orelha do burro ficou descoberta fora da pele do leão. Ali mesmo, incontinenti, o falso leão sofreu, merecidamente, um severo castigo a pauladas.

Moral da história: Quantos se cobrem com pele de leão, e deixam, inadvertidamente, a orelha de burro de fora, denunciando o malogro.

Em Pindorama, com eleições previstas para 2018, putrefatos partidos políticos, corroídos por suprema corrupção, de forma soez, tentam mudar suas siglas de identificação, colocando uma capa nova, uma falsa pele de leão, porém não mexendo uma palha sequer na sua malévola essência. Cabe ao cidadão consciente, identificar estes muares, aplicando-lhes uma bela sova nas urnas, o último bastião da democracia, como legítima forma de tirar Pindorama da beira do  fatal precipício.

Acorda, Pindorama!




segunda-feira, 18 de dezembro de 2017


Fim da tarde de sábado na Praça Rogério Froes em Fortaleza, na saudável companhia de Mário Quintana (1906- 1994):

"A vida é um incêndio : nela dançamos, salamandras mágicas. Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam , cantemos a canção das chamas ! Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida "

( Inscrição para uma lareira ).

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

ODE A UMA URNA GREGA




Tua ainda inviolada Noiva do Silêncio/filha adotiva do Sossego e da Lentidão/silvestre historiadora, que exprimir consegues/um enredo floral mais doce que este canto/que lenda engrinaldada em teu redor perpassa/tecida de deidades ou mortais, ou de ambos/junto ao vale de Tempe ou nos vergéis de Arcádia? /que homens ou deuses são? Que virgens relutantes? / que afoito perseguir? que luta na escapada/ que pífanos e adufes? Que êxtase bravio?/É doce ouvir a melodia, inda mais doce/a que não foi ouvida; assim , ó suaves flautas/plangei/não para o ouvido sensorial, mais caras/tocai para a nossa alma as músicas sem som: ó jovem sob as árvores, soltarás/jamais teu canto e nem os ramos suas folhas/ousado amante, nunca, nunca hás de beijar/embora rente de teu alvo- não lamentes;/ela ficará, e embora sem fruí-la/amarás para sempre essa beleza eterna!/ditosos ramos, sim, ditosos porque nunca/ireis secar, nem dar adeus à Primavera/e tu afortunado melodista, insone/hás de entoar canções eternamente novas/amor, feliz amor! Feliz mais do que tudo!/sempre ardente e no entanto sempre indesfrutado/sempre à beira da entrega e sendo sempre jovem/ a exultar de paixão humana e transcendente/que deixa o coração amargurado e opresso/ as têmporas em fogo e a boca ressequida/quem estes que chegando estão para o holocausto?/a víride altar, ó sacerdote ignoto/conduzes um novilho para os céus mugindo/e o suave flanco inteiro de festões ornado?/que povo ribeirinho ou junto ao mar que aldeia/no monte que casal, tal um bastão tranquilo/vazio despertou nesta manhã piedosa?/ah! Vilarejo, as tuas ruas para sempre/desertas estarão; viv’alma por dizer/de tal desolação há de tornar jamais/ Ática forma! Sóbria atitude! em guirlandas de mármore/ donzelas e varões enleias/ com ramos da floresta e joio espezinhado/tu, forma silenciosa, abala-nos a mente/que qual a eternidade: ó fria Pastoral! quando esta geração o tempo houver tragado/tu permanecerás em meio de outras queixas/amiga do homem, a quem dirás: “a beleza é verdade, a verdade beleza” - isto é tudo/ que sabemos na terra e que importa saber.

John Keats (1795-1821), poeta, um dos maiores nomes da segunda geração romântica da Inglaterra. Em sua rápida jornada terreal (25 anos), tragado foi pela Peste Branca, deixando, contudo, marcas indeléveis na arte poética. “Ode a uma Urna Grega”, enigmática em algumas passagens, mostra a influência sofrida de bardos gregos da época de Homero.

Que brutal contraste com certa “Arte Brasileira” de hoje, incentivada em canhestros meios universitários beirando a grosseria e a pusilanimidade, típicas de espíritos parvos!



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TEMPO, TEMPO, TEMPO






A passos lentos o ano de 2017 se arrasta rumo ao ocaso. Tempo de parar para uma breve reflexão:

“Consumimos o melhor tempo da vida a apalpar o terreno, reunir dados, instalar sondas, armar os aparelhos, ajuntar material. Tudo para começarmos a viver. Quando se aproxima o dia da prova- que dia? que prova? – nossas armas estão caducas, o celeiro apodrecido. Vem-nos então a revolta contra as extorsões do tempo; depois, a desconfiança de que fomos logrados.

E não nos conformamos em reconhecer que na longa prorrogação com que disfarçamos o nosso medo de viver estava a própria realização de nossa vida.

Viver é o mesmo que preparar-se para viver. Se a vida tal como está não vale a pena; se pode ser mudada e já não esconde a sua necessidade de ser outra – que o seu canto, poeta, lançado ao mundo, sirva de fermento a preparar-lhe a transformação e nunca de cimento a consolidar- lhe os erros...

Os que não acumulam

E são os mais ricos

Os que ignoram o espelho

E são os mais belos

Os que não choram e são tristes

Os que não dançam e são alegres

Os que são fortes e nem se lembram

Os que mais parecem irmãos

Das águas, bichos, árvores e pedras...  (Aníbal M. Machado – 1894- 1964- , professor, ensaísta e contista mineiro)

Se achegue, 2018, me dê o seu ombro e vamos passear quando raiar a madrugada !




Pensar em Deus é desobedecer a Deus, porque Deus quis que o não conhecêssemos, /por isso se nos não mostrou.../sejamos simples e calmos, / como os regatos e as árvores, /e Deus amar-nos-á fazendo de nós /belos como as árvores e os regatos, / e dar-nos-á verdor na sua primavera, /e um rio aonde ir ter quando acabemos! ...(Alberto Caeiro - Fernando Pessoa ).
Embocadura do Rio Pacoti no Porto das Dunas.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O CONLUIO DE RATAZANAS





Numa prévia para o ano eleitoral de 2018 o Ceará escancara na mídia o conluio de três ratazanas com os afiados dentes e mostrando um largo sorriso, esquecidos das querelas antigas vividas por essas pobres criaturas que até pouco tempo se devoravam. Coisas da política tacanha tupiniquim. O triste Ceará, uma vez mais a perder o bonde da história na mão de insaciáveis coronéis eletrônicos.

Saudade de João Brígido dos Santos (1829- 1921), jornalista, cronista, historiador e político com sua pungente crônica datada de 1903: “O Ferreiro da Maldição”:


“O Ceará é o ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro falta carvão. É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda; o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a qual nunca chega o dia.

Há cem anos, um povo gigante, a mover-se, não adianta um passo, como frágil esquife sobre as ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta a alma. São os deuses, que a condenam à pena de Tântalo – morrer de sede à beira do regato. Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da capacidade cearense a disputarem um pouco de ar que aliás lhe mata o estímulo; o ar mefítico das baixas regiões oficiais...


Que seja para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe em nós; e cem anos, na ordem dos tempos é muito menos de um til nos lábios”

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Na Lua Cheia com Hermann Hesse




O homem, tal como Deus o pensou e ao longo de vários milênios o tem entendido a poesia e a sabedoria dos povos, foi criado com a capacidade de se deleitar com as coisas, ainda que estas não lhe sejam úteis. E é também dotado de um órgão para perceber o belo. Na alegria da contemplação do belo, tomam sempre parte por igual a alma e os sentidos. E enquanto forem os homens capazes de, em meio aos tormentos e perigos da vida, alegrar - se, por exemplo, ante o jogo das cores da natureza ou diante de um quadro; ante um apelo das vozes da tempestade, do mar, ou de uma música; enquanto, por trás do envoltório dos interesses e necessidades cotidianas, puderem ver ou sentir o mundo como um todo no qual , desde os meneios de um gato que brinca com um novelo até as variações de uma sonata; desde o comovente olhar de um cão até a tragédia de um poeta, tudo forma um vasto reino com miríades de relações, contrastes, analogias e reverberações, dos quais uma linguagem eternamente em fluxo retira e transmite aos ouvintes alegria e sabedoria, prazer e emoção - enquanto isso houver, poderá o homem assenhorear -se de sua própria angústia existencial e atribuir sempre algum sentido à vida, pois o "sentido" é quem reduz o múltiplo à unidade : ele é a capacidade que tem o espírito humano de conceber o caos do universo como autêntica unidade e harmonia. ( Hermann Hesse - 1877- 1962).
 — em Praia Porto das Dunas.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

BRASIL 1918 – O ANO DO JECA TATU




1918: O intimorato Monteiro Lobato (1882-1948), alcança retumbante êxito com um livro de contos “Urupês”, ambientado numa fazenda de café em São Paulo onde sobressai a famélica figura do caipira, o Jeca Tatu, cujos males decorrem da falta de saúde, instrução e de assistência: “Perdoa, pois, pobre opilado e crê no que te digo ao ouvido: tens no sangue e nas tripas todo um jardim zoológico...és tudo isto sem tirar uma vírgula, mas ainda és a melhor coisa desta terra. Os outros, os que falam francês e, senhores de tudo, te mantêm nesta gueena infernal para que possam, a seu salvo, viver vida folgada à custa de teu dolorido trabalho, esses, meu caro Jeca Tatu, esses têm na alma todas as verminoses que tu tens no corpo. Doente por doente, antes tu, doente só de corpo.”

Belisário Penna (1868-1939), médico sanitarista brasileiro, publica Saneamento do Brasil, uma coletânea de artigos de jornal, esforçando-se em vão para criar uma consciência sanitária na classe médica brasileira. Denuncia as doenças generalizadas e o alcoolismo como responsáveis pela apregoada indolência e incapacidade dos brasileiros. Mas denuncia, também, a indiferença e irresponsabilidade dos governos. Chega a pedir para o povo brasileiro o cuidado com a saúde e a alimentação e para com o apuro da raça que se dá ao boi e ao parco. Propõe, ainda, uma taxa de saúde a ser aplicada sobre os duzentos e cinquenta milhões de litros de cachaça que se consomem anualmente. Assevera:- Somos o país da vida mais cara e de menores salários do mundo.

Mário de Andrade (1893-1945), dá a primeira mostra de que nasceu diferente, com um artigo em defesa da preguiça na história.

Excertos retirados do livro Aos Trancos e Barrancos, de autoria do irrequieto político, intelectual, antropólogo, comunista, escritor e ateu Darcy Ribeiro (1922-1997), publicado em 1985 pela Editora Guanabara.

De 1918 para cá surgiram no horizonte da saúde pública brasileira, novas mazelas a perseguirem “jecas turbinados com bolsas do governo”, ainda, infelizmente, abrigando nas tripas um verdadeiro jardim zoológico, num Brasil pontuado por 

“Áfricas e Europas” assistidos por muitos “maus médicos”, sem diplomas. Uma medicina, onde convivem, lado a lado, a exuberância tecnológica e a falta de humanidade na assistência ao enfermo. Quanto à preguiça defendida por Mário Andrade, esta fincou as garras nos arraiais do governo, onde pouco se obra e muito se rapina.

Mais um século perdido, pelo gigante país do futuro, oxente!