sábado, 27 de abril de 2024

 Prece - Fernando Pessoa

" Senhor , que és o céu e a terra , que
És a vida e a morte ! O sol és Tu e a
Lua és Tu e o vento és Tu ! Tu és os
Nossos corpos e nossas almas
E o nosso amor és Tu também .
Onde nada está Tu habitas e onde
Tudo está ( o teu templo ) - eis o
Teu corpo .
Dá - me alma para te servir e alma
Para te amar . Dá - me vista para te
Ver sempre no céu e na terra ,
Ouvidos para te ouvir no vento e no
Mar , e mãos para trabalhar em
Teu nome .
Torna - me puro como a água e alto
Como o céu. Que não haja lama
Nas estradas dos meus pensamentos
Nem lagoas dos meus propósitos .
Faze com que eu saiba amar os
Outros como irmãos e servir
Como a um pai .
Minha vida seja digna da tua
Presença. Meu corpo seja digno da
Terra , tua cama . Minha alma possa
Aparecer diante de ti como um filho
Que volta ao lar .
Torna - me grande como o sol , para
Que eu possa adorar em mim , e
Torna - me puro como a lua , para
Que eu te possa ver sempre em
Mim e rezar - te e adorar - te
Sempre , protege - me e ampara - me
Dá - me que eu me sinta Teu .
Senhor , livra - me de mim " .
Poema " Prece " da autoria de Fernando Pessoa ( 1888 - 1935 ) .
Foto que ilustra o texto : noite de lua cheia , sexta - feira em Fortaleza .
Pode ser uma imagem de eclipse
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João Carlos Pires de Carvalho, Carolina Monte Studart Gurgel e outras 17 pessoas

 Prece - Fernando Pessoa

" Senhor , que és o céu e a terra , que
És a vida e a morte ! O sol és Tu e a
Lua és Tu e o vento és Tu ! Tu és os
Nossos corpos e nossas almas
E o nosso amor és Tu também .
Onde nada está Tu habitas e onde
Tudo está ( o teu templo ) - eis o
Teu corpo .
Dá - me alma para te servir e alma
Para te amar . Dá - me vista para te
Ver sempre no céu e na terra ,
Ouvidos para te ouvir no vento e no
Mar , e mãos para trabalhar em
Teu nome .
Torna - me puro como a água e alto
Como o céu. Que não haja lama
Nas estradas dos meus pensamentos
Nem lagoas dos meus propósitos .
Faze com que eu saiba amar os
Outros como irmãos e servir
Como a um pai .
Minha vida seja digna da tua
Presença. Meu corpo seja digno da
Terra , tua cama . Minha alma possa
Aparecer diante de ti como um filho
Que volta ao lar .
Torna - me grande como o sol , para
Que eu possa adorar em mim , e
Torna - me puro como a lua , para
Que eu te possa ver sempre em
Mim e rezar - te e adorar - te
Sempre , protege - me e ampara - me
Dá - me que eu me sinta Teu .
Senhor , livra - me de mim " .
Poema " Prece " da autoria de Fernando Pessoa ( 1888 - 1935 ) .
Foto que ilustra o texto : noite de lua cheia , sexta - feira em Fortaleza .
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domingo, 21 de abril de 2024

 Argumentum ad crumenum

" O Brasil nas mãos de poucos - e para poucos . No Brasil , o povo não é soberano . Essa soberania foi sequestrada pelas oligarquias políticas e econômicas, e por toda a teia de apoio que elas criaram para se sustentar . O país vem sendo governado por uma sucessão de oligarquias . Com efeito , o oligarquismo é uma das mais dramáticas mazelas para o Brasil , isto desde a Proclamação da República . A partir de 1889 o país teve seis constituições e cada uma delas foi marcada pelos interesses da oligarquia vigente . A palavra oligarquia , de origem grega , literalmente significa " governo de poucos " . A característica marcante desse pequeno grupo de pessoas é a manipulação de leis , políticas sociais e econômicas para seus próprios interesses . Empenham - se em criar e manter seus privilégios em detrimento do país como um todo " .
Excertos do livro " Por Que o Brasil é um Pais Atrasado? , da autoria do nobre Luiz Philippe de Orleans e Bragança .
" Argumentum ad crumenum " ( Argumento da bolsa ) : quando os argumentos não convencem , o conteúdo de uma bolsa ( a velha grana que ergue e destrói coisas belas) , costuma ser altamente eloquente . No plano político - governamental , o crumenum assume formas variadas e apetitosas : liberação exagerada de verbas , viagens supérfluas ao exterior , isenção de impostos para alguns privilegiados .
Resta lembrar :
" Ultima ratio regum ( o último argumento dos reis , segundo Luís XIV , que era a boca dos canhões) . O pior é que a boca dos canhões nem sempre foi o último argumento , mas muitas vezes , o argumento inicial de algumas " autoridades loucas constituídas " .
" Ultra vires " ( Além dos poderes ) , quando uma autoridade , em vez de aplicar simplesmente a lei , acrescenta à lei poderes que ela realmente não tem , e via de regra , que jamais poderia ter sem se tornar , de fato , a negação da legalidade . Assim , muitas vezes , a polícia , quando prende um indivíduo, se julga no direito de espancá- lo , torturá - lo e até matá - lo . E o ultra vires se transforma em verdadeira instituição .
A Cleptocracia " governo de ladrões " , e a Plutocracia " governo dos ricos " , continuam brecando o avanço do caminho da humanidade .
Ponto Final .
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Carolina Monte Studart Gurgel, Sheylane Martins e outras 16 pessoas

domingo, 7 de abril de 2024

 Encontros prosaicos com a Parca

O motor que move a humanidade , invariavelmente , chama - se sonho . A busca da felicidade , da eterna juventude e da imortalidade , permeiam as aspirações do bicho - homem . Ninguém imagina um encontro , nem de brincadeira , com a " indesejada das gentes " , a velha Parca .
Ano de 1954 , no Balneário Pirapora , situado em Maranguape , nos arredores de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção , Chico Barrão , um garoto gorducho e dentuço , de 4 anos de idade , curtia numa boia , as delícias de um banho de piscina . Um adulto desastrado mergulhou rente ao garoto , que desequilibrado , foi como uma pedra ao fundo lodoso da piscina . Uma bondosa alma de plantão puxou pelos cabelos um ser arroxeado , nocauteado , e que foi prontamente atendido com uma respiração boca - a - boca .
Cruz Credo ! , o indigitado garoto escapou daquele furdunço, sem quaisquer danos .
O segundo encontro com a ceifadeira das gentes , cerca de 20 anos depois , deu - se numa madrugada chuvosa em Fortaleza quando o agora obstetra , indo atender uma jovem em transe de parto , ao cruzar a linha férrea na Avenida Antônio Sales , sentiu o bafo morno da morte , quando uma locomotiva sacolejante, de luz apagada e sem sirene , por um segundo , não engoliu o fusca do sortudo doutor .
O pimpolho que nasceu depois de alguns minutos pelas mãos do dito obstetra, no vizinho Hospital Batista Memorial , recebeu o nome de Francisco . O doutor, tinha certeza , nascera novamente .
Um novo encontro com a morte , vinte anos adiante , agora mais grave , deu - se com o indigitado homem de jaleco branco , que assistindo um parto laborioso , de súbito , teve uma grave arritmia cardíaca que rápido , caminhou para uma parada cardíaca . Reanimado a tempo pelas mãos salvadoras de um jovem anestesista . Ao acordar atordoado, o velho aparador de meninos , agora um anônimo e frágil paciente , em meio a fios e monitores barulhentos , acenou para uma bela auxiliar de enfermagem , morena da cor de Madalena , que , prontamente, acedeu :
" - Querida , preciso de um bom banho , para me sentir , novo de novo , asseado e cheiroso , como filho de barbeiro " .
" - Seu Francisco , o banho é aqui mesmo no leito . Vou lhe despir e ensaboar com uma massagem que desperta até defunto . E meu vozinho , fique frio , pois entendo perfeitamente , que os velhos são crianças duas vezes " .
Que balde d'água fria , meu Zeus !
O passado se agigantando , e o futuro diminuindo a passos largos . Viver melhor é mais importante que viver mais . Nosso futuro , creio , será biológico e não cronológico . Amém !
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, bebê, sorrindo e hospital
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