segunda-feira, 26 de março de 2018



Domingo do pé de cachimbo em meu recanto no Porto das Dunas, sob a proteção divina e pesaroso pela atual situação de penúria da minha Terra de Luz , sedenta de Água e de Justiça! Morrendo e resistindo ; resistindo e morrendo!
"Se eu conversasse com Deus /iria Lhe perguntar /por que é que sofremos tanto /quando viemos para cá? /que dívida é essa /que o homem tem que morrer pra pagar? /perguntaria também /como é que Ele é feito /que não come, que não dorme /e assim vive satisfeito /por que foi que Ele não fez/a gente do mesmo jeito? /por que existem uns felizes /e outros que sofrem tanto /nascidos do mesmo jeito/criados no mesmo canto?/quem foi temperar o choro /e acabou salgando o pranto? "

Poema O Mal e o Sofrimento, de autoria do Príncipe dos Poetas , Leandro Gomes de Barros (1865- 1918 ), paraibano nascido no município de Pombal .

Para a Dra. Sidneuma Ventura.
 — em  Praia Porto das Dunas.




O véu da noite lentamente cobrindo a face da terra no Porto das Dunas nesse domingo de expectativas sob o signo da violência ora reinante !

"Se um país é regido pelos princípios da razão, a pobreza e a miséria são objetos de vergonha. Se um país não é regido pelos princípios da razão, a riqueza e as honras são objetos de vergonha" ( Confúcio, século V A. C. ).

"Ouro amarelo, fulgurante, ouro precioso /basta uma porção dele para fazer do preto, branco;do feio, belo; do errado, certo /do baixo, nobre; do velho, jovem; do covarde, valente /ó deuses ! Por que isso?/o ouro arrasta os sacerdotes e os servos para longe do seu altar/ arranca o travesseiro onde repousa a cabeça dos íntegros / esse escravo dourado ata e desata vínculos sagrados /abençoa o amaldiçoado/torna adorável a chaga repugnante /nomeia ladrões e lhes conferem títulos, genuflexões e a aprovação na bancada dos senadores /é isso que faz a viúva anciã casar - se de novo/venha, mineral execrável, prostituta vil da humanidade / eu o farei executar o que é próprio da sua natureza " (Shakespeare , 1623).
 — em  Parque do Cocó.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Num Circo Mambembe


Um espetáculo circense pífio, onde desajeitados palhaços, literalmente, de luto fechado, interpretaram uma piada de mal - gosto e que varreu Pindorama , de cabo a rabo. Utilizou - se na ocasião uma linguagem truncada e rebuscada, imprópria para menores de 18 anos.
Um imenso público, de cenho cerrado , onde ninguém sorria, apenas ruminava uma surda revolta.
Enfim, o circo mambembe, com uma troupe ruim , encerrou o triste espetáculo sob um sonoro coro de vaias.
Bem - feito!
Arrocha a vaia, pessoal!
Mais um pouquinho, pessoal !

quinta-feira, 22 de março de 2018

Uma Peleja Decisiva Para Têmis 
Para o Dr. Florentino Cardoso



Hoje , num país de futuro incerto, situado onde o cão perdeu as esporas, uma representante da deusa Têmis, de cabelos banhados de neve, com a face riscada de profundos sulcos talhados pelas mãos do tempo, preside uma séria peleja . Tudo em nome da Equidade (Diké), da Eunomia (A boa ordem) e da Paz (Eirene).
Vetustas figuras trajando luto fechado, de sobrenomes estramboticos irão travar uma verdadeira batalha. A Nação espera e anseia que a referida peleja de egos , não esgarce a venda dos olhos da Justiça, nem quebre sua Espada , nem ponha um calço em sua Balança.
Por Zeus, não empurrem a Nação rumo ao precipício.
Juízo, Senhores, é o que rogamos !

terça-feira, 20 de março de 2018


LIBERDADE/ANARQUIA X MALUCO BELEZA

Para Andrei e Viviane: Ex Abundantia Cordis!



“Ansiamos por um mundo baseado em quatro liberdades humanas essenciais. A primeira é a liberdade de pensamento e expressão – em qualquer lugar do mundo. A segunda é a liberdade de cada pessoa venerar Deus de sua própria maneira – em qualquer lugar do mundo. A terceira é estar livre do desejo... em qualquer lugar do mundo. A quarta é estar livre do medo... em qualquer lugar do mundo.”

Mensagem do presidente americano Franklin Delano Roosevelt (1882 -1945) enviada ao Congresso Americano em 6 de janeiro de 1941, com o nome de “As quatro Liberdades”.

“Ser governado é ser vigiado, inspecionado, espionado, dirigido, guiado por leis, numerado, regulado, registrado, doutrinado, receber um sermão, controlado, verificado, estimado, avaliado, censurado, comandado por criaturas que não têm o direito nem a sabedoria nem a virtude de fazer isso... é ser...registrado, contado, taxado, carimbado, medido, numerado, determinado, licenciado, autorizado, admoestado, impedido, proibido, reformado, corrigido, punido. É, sob o pretexto do interesse público... ser colocado sob contribuição, ser treinado, enganado, explorado, monopolizado, extorquido, apertado, trapaceado, roubado; aí, ao menor sinal de resistência, à primeira palavra de reclamação, ser reprimido, multado, vilificado, assediado, caçado, abusado, espancado, desarmado, amarrado, sufocado, aprisionado, julgado, condenado, ferido, deportado, sacrificado, vendido, traído e, para coroar isso tudo, zombado, ridicularizado, desprezado, ultrajado, desonrado. Isso é o governo; essa é a justiça; essa é a moral”.

Pierre Joseph Proudhon (1809- 1865), teórico socialista francês, anarquista, autor do texto acima, para quem a violência grave e o caos social não são provocados por indivíduos ou pequenos grupos de indivíduos, mas pelo próprio Estado. Ele defendia que “A propriedade é um roubo. Queremos a propriedade para todo mundo”

Raul Seixas (1944 –1989), o baiano maluco beleza, participou de um programa infantil televisivo no dia 3 de junho de 1983 apresentando a música “Carimbador Maluco”, com clara alusão ao texto do anarquista Proudhon, acima descrito. Coisas de Raul Seixas, a arengar com os donos do poder à época.

Liberdade (Roosevelt) e Anarquia (Proudhon): são antípodas.  No meio, Raul Seixas, representa o escracho maneiro:
“5...4...3...2/ parem! Esperem aí/onde é que vocês pensam que vão?/ han, han/ Plunct Plact Zum/não vai a lugar nenhum!!/tem que ser selado, registrado, carimbado/avaliado, rotulado, se quiser voar/pra lua : a taxa é alta/pro sol: identidade/mas pro seu foguete viajar pelo universo/ é preciso meu carimbo dando sim/sim, sim, sim/o seu Plunct Plact Zum/não vai a lugar nenhum/mas ora, vejam só, já estou gostando de vocês/aventura como essa eu nunca experimentei/o que queria mesmo era ir com vocês/mas já que não posso/ boa viagem, até outra vez/ agora o Plunct Plact Zum/pode partir sem problema algum/boa viagem, meninos, boa viagem”

Plunct Plact Zum seria uma onomatopeia do barulho do carimbo comumente utilizado à época do rigor burocrático. Ponto para o maluco beleza!




domingo, 18 de março de 2018


EVALDO GOUVEIA/JAIR AMORIM
SENTIMENTAL DEMAIS




“Sentimental eu sou/eu sou demais/eu sei que sou assim/porque assim ela me faz/as músicas que eu/vivo a cantar/tem o sabor igual/por isso é que se diz/como ele é sentimental/romântico é sonhar/e eu sonho assim/cantando essas canções/para quem ama igual a mim/e quem achar alguém/como eu achei/verá que é natural/ficar como eu fiquei/cada vez mais sentimental”   Canção Sentimental Demais, da autoria de Evaldo Gouveia – Jair Amorim.

Evaldo Gouveia de Oliveira nasceu no dia 8 de agosto de 1928 na cidade de Orós, no interior do estado do Ceará. Seus pais foram: José Augusto de Oliveira, dono de uma mercearia, e Maria Gouveia Filha, prendas do lar. Cedo, a família transferiu-se para Iguatu, onde Evaldo obteve seu registro como cidadão iguatuense. Já sem a presença do pai, o garoto Evaldo, apenas com a mãe, a avó e um irmão, transferiu-se para Fortaleza, contando com 11 anos de idade.  Aos 12 anos, Evaldo já mostrava certa intimidade com o violão. Certa feita, ainda menor de idade, Evaldo foi convidado para tocar numa casa alegre no centro boêmio de Fortaleza, propriamente, na Pensão Imperial, conhecida como Cabaré da Iracema, situada na rua Barão do Rio Branco, próxima da rua Senador Alencar, substituindo um músico adoentado. Conseguiu por mérito, seu primeiro emprego para ajudar nas combalidas finanças de sua família. Na ocasião, o aprendiz de boêmio, trabalhava num pequeno comércio localizado próximo ao Mercado Central de Fortaleza , onde fez curso na universidade da vida com homens e mulheres da noite.

Dali para cantar em programas de calouros atuando na Ceará Rádio Clube, foi um pulo, conduzido pelas mãos do radialista Paulo Cabral, onde passou a receber um salário de 20 mil reis por mês. Por influência do Trio Irakitan, oriundo de Natal, no Rio Grande do Norte, Evaldo Gouveia, com 16 anos, Mário Alves (alfaiate, cantor e boêmio) com 36 anos e Epaminondas Souza com 17 anos, criaram o Trio Nagô. O repertório inicial do novel grupo constava das seguintes canções: Ave Maria no Morro, de Herivelto Martins; Jezebel, de Wayne Shanklin e Caribé Rocha; e, Boiadeiro, de Armando Cavalcante e Klesius Caldas.

Assim correram o mundo, a Europa, França e Bahia, encantando plateias. Na década de 70, mais precisamente, em 1974, o Trio Nagô se desfez e Evaldo Gouveia seguiu uma sólida carreira solo de cantor e compositor eclético. É quando surge a figura de Jair Amorim (1915-1993) na parada para formar uma dupla que elaborou cerca de 150 composições em vários gêneros: bolero, samba-canção, tango, música sertaneja e samba-enredo.
“Alguém me disse/que tu andas novamente/de novo amor, nova paixão/toda contente/conheço bem tuas promessas/outras ouvi iguais a essas/esse teu jeito de enganar/conheço bem/pouco me importa/que tu beijes tantas vezes/e que tu mudes de paixão/todos os meses/se vais beijar, como eu bem sei/fazer sonhar, como eu sonhei/mas sem ter nunca/o amor igual ao que te dei”  Canção Alguém me Disse , de autoria de Evaldo Gouveia – Jair Amorim.

“Que queres tu de mim?/ que fazes junto a mim?/ se tudo está perdido, amor/que mais me podes dar?/se nada tens a dar/que a marca de uma nova dor/loucura reviver/inútil se querer/o amor que não se tem/porque voltaste aqui?/se estando junto a ti/eu sinto que estou sem ninguém/que pensas tu que eu sou?/se julgas que ainda vou/pedir que não me deixes mais/não tenho que pedir/não sei o que pedir/se tudo que desejo é paz/que culpa tenho eu?/se tudo se perdeu/se tu quiseste assim/e então que queres tu de mim?/se até o pranto que chorei/se foi por ti, não sei”  Canção Que Queres Tu de Mim , de autoria de Evaldo Gouveia  - Jair Amorim.

Um certo dia, o tango irrompeu nas veias do boêmio Evaldo Gouveia. Umas vizinhas de apartamento que frequentavam a Boate Barbarella, em Copacabana, comumente, chegavam de madrugada, e colocavam na radiola velhos tangos de Carlos Gardel (1890- 1935). Assim nasceu um mimoso tango à brasileira:

“Hoje, alguém pôs a rodar/um disco de Gardel/no apartamento junto ao meu/que tristeza me deu/era todo um passado lindo/a mocidade vindo/na parede, me dizer/para eu sofrer/trago na vida agora calma/um tango dentro d’alma/a velha história de um amor/que no tempo ficou/garçom, põe a cerveja sobre a mesa/bandoneons, toquem de novo que Tereza/que esta noite vai ser minha/ e vai dançar/para eu sonhar/a luz do cabaré/já se apagou em mim/o tango na vitrola/também chegou ao fim/parece me dizer/que a noite envelheceu/que é hora de lembrar/e de chorar..”  Canção Tango pra Tereza, de autoria de Evaldo Gouveia - Jair Amorim.
Desde 1993, com a partida para as nuvens do destino, do companheiro Jair Amorim, o eclético Evaldo Gouveia continuou compondo e fazendo shows pelo Brasil afora. Suas músicas foram eternizadas por vozes de gigantes de nossa Música Popular Brasileira (MPB) como: Nelson Gonçalves; Anísio Silva; Altemar Dutra; Moacir Franco; Jair Rodrigues; Lúcio Alves; Cauby Peixoto; Ney Matogrosso; Emílio Santiago; Hebe Camargo; Ângela Maria; Maísa; Dalva de Oliveira; Gal Costa; Maria Bethânia; Ana Carolina; Simone; Joanna; Edith Veiga, dentre outros.

“Veja só, que tolice nós dois/brigarmos tanto assim/se depois, vamos nós a sorrir/ficar de bem, no fim/para que maltratarmos o amor/o amor não se maltrata não/para que se essa gente/o que quer é ver nossa separação/brigo eu, você briga também/por coisas tão banais/e o amor em momentos assim/ morre um pouquinho mais/e ao morrer, então é que se vê/que quem morreu fui eu e foi você/pois sem amor, estamos sós, morremos nós”  Canção Brigas, de autoria de Evaldo Gouveia  - Jair Amorim.

“Em teu olhar/busquei perdão/busquei sorriso e luz/achei meu sol/vivi meu céu/meu céu em teu olhar/olhando a ti/eu me perdi/pelos caminhos/quem me chamar/vai me encontrar/nos teus olhinhos/em teu olhar/estranho olhar/meu sonho um dia/ se acabou/nos olhos teus/ existe amor/ existe adeus” Canção Poema do Olhar, da autoria de Evaldo Gouveia – Jair Amorim.
E queima rapaziada!









quarta-feira, 14 de março de 2018

STEPHEN HAWKING E O MISTÉRIO MAIOR


ÀS ROSAS QUE ENFEITAM O JARDIM DA EXISTÊNCIA HUMANA



Em 2012, ao completar 70 anos, o físico teórico, matemático e cosmólogo britânico, Stephen Hawking respondendo a uma indagação sobre qual o maior mistério do universo, mandou ver um petardo certeiro:
“ As mulheres! Elas são para mim um completo mistério “. Não é pouco para quem lidou a vida inteira com enigmas gigantescos da ciência, como a criação do universo através do" Big - Bang ", os discutíveis “ Buracos Negros “ e a "Teoria do Tudo “, aquela que apresenta os fenômenos físicos do universo unificados sob um único padrão matemático. Acrescente-se a peleja duradoura que ele trava com uma impertinente e paralisante enfermidade, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Stephen William Hawking nasceu no dia 8 de janeiro de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, exatos 300 anos após a morte do gigante Galileu Galilei (1564 – 1642). Seu pai, Frank, era médico, e sua mãe, Isabel, secretária, moravam em Londres. O garoto nasceu em Oxford sob a proteção de um acordo de guerra entre ingleses e alemães, para que não houvesse bombardeios entre Heidelberg e Gottingen na Alemanha, e Cambridge e Oxford na Inglaterra. Stephen teve outros três irmãos: Phillipa, Mary e Edward, este último, adotivo. Sua infância transcorreu tranquila num ambiente de muita liberdade e com troca rica de conhecimentos. Stephen mostrou- se um aluno mediano até a adolescência quando passou a ser conhecido como
“Einstein“, talvez por sua bizarra aparência. Nos últimos anos escolares o jovem passou a despertar vivo interesse em física e matemática, que considerava matérias fáceis em demasia e por conta disso, chatas.

17 anos ingressou na Universidade de Oxford para um curso de física. Em 1962 chegou a Cambridge como estudante de pós-graduação em física para trabalhar com Fred Hoyle, o mais importante astrônomo inglês da época. Aos 21 anos de idade Stephen foi diagnosticado com uma séria doença degenerativa progressiva, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), de prognóstico sombrio. Por essa época conheceu Jane Wilde, sua futura esposa e uma brava guerreira. Em julho de 1965 por ocasião de seu casamento, a insidiosa doença paralisava boa parte de seu frágil corpo. A despeito de tudo, casal gerou três filhos: Robert, Lucy e Tim. Quando do nascimento deste último, Jane desencadeou um grave e duradouro quadro de depressão, por conta, talvez, de excessiva atividade laboral. Neste horizonte surge a figura de Jonathan, um músico e organista de uma igreja local, que entrou na vida do casal Stephen e Jane, inicialmente, apenas como um terapeuta. Seguiram – se momentos de turbulência que culminaram com o fim do casamento de Stephen e Jane em 1990.

Despontou na ocasião, Elaine Mason, uma enfermeira, mãe de dois filhos, esposa de um especialista em computação responsável pela elaboração de um programa para devolver a voz a Stephen. Em 1995, Elaine e Stephen contraíram matrimônio, e nove meses depois foi a vez de Jane e Jonathan fazerem o mesmo. Segundo as próprias palavras de Stephen, seu casamento com Elaine foi um evento apaixonado e tempestuoso, cheio de altos e baixos. Sabe –se, contudo, que essa sua companheira livrou- o da morte em mais de uma ocasião.

Em 2004, Stephen apresentou claros sinais de maus–tratos como escoriações no rosto e fraturas diversas espalhadas pelo corpo. No hospital onde buscou atendimento, em atitude estoica, Stephen isentou qualquer pessoa desta triste ocorrência. Em 2007 deu- se o divórcio com Elaine e a partir de então o bravo cientista passa a morar sozinho na companhia de uma governanta. O genial Stephen ora permanece casado fielmente, até que a morte os separe, com as musas cosmologia e física, numa bigamia salutar, autêntica e permitida, sem risco algum previsível de ruptura, seja a médio ou longo prazo desta pungente situação. Considerado o maior cientista vivo do planeta, não sem controvérsia, há que se convir, faz companhia a gigantes como, Isaac Newton, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e Albert Einstein. Stephen leva uma vida quase plena, posto que, a doença embora cause bloqueio de seus movimentos corporais, mantém íntegro o funcionamento do seu privilegiado cérebro. Ele acredita que as pessoas com deficiências devem se concentrar nas coisas que a desvantagem não as impede de fazer, e não lamentar as que são incapazes de realizar. Ateu confesso, Stephen defende a ideia de que o universo não foi criado, nem será nunca destruído: ele apenas é. Aceita o benefício da morte assistida e não crê em vida pós–morte.

Acredito eu, piamente, que não será com a retirada, pétala- a- pétala de uma mimosa flor que se irá descobrir o segredo da fragrância de uma rosa. Basta vivenciar o êxtase de ficar igual a uma criança diante de um bondoso Deus: embevecido, contrito e.... pronto. Pode estar aí o segredo inviolável da paixão pela mulher. Estas olorosas flores que ornamentam nossas vidas, mimosas, meigas, férteis e envoltas em mistérios profundos, constituem, sem medo de errar, o sal da vida. Sem elas, cabe afirmar, quase nada pode ser feito!
Segue um conselho a ser observado àquele que se preza, se dando bem e mostrando juízo neste mister:

“ Nada mais contraditório que ser mulher! Mulher que pensa com o coração, atua pela emoção e que vence pelo amor... que vive um milhão de emoções em um só dia, e transmite cada uma delas com uma só mirada ... que vive buscando a perfeição e segue tratando de descobrir desculpas para os erros daqueles a quem ama ... que hospeda no ventre outras almas, dá a luz e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que engendrou ....que dá as asas e ensina a voar, porém, não quer ver a partida dos pássaros, ainda que sabendo que eles não lhe pertencem ... que se enfeita toda e perfuma o casto leito, ainda que seu amor não perceba mais esses detalhes ... que como uma feiticeira transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma, só para que ninguém o perceba... e ainda arrebanha forças, para dar consolo a quem se acerca a chorar em seu cálido ombro ...
Feliz o homem que, tão somente por um dia, saiba entender a alma da mulher! “ .
Aleluia!


Empreendeu viagem rumo a poeira das estrelas no dia 14 de março de 2018 , Stephen Hawking. Uma grande perda para a humanidade!

segunda-feira, 12 de março de 2018

Uma Profecia Certeira
Para o poeta Francisco José Pessoa 

" Os poetas são os encantados com a vida e os camelôs dos primores estéticos da mulher. São eles que proclamam, em cada canto do mundo, a beleza das formas femininas. Todos cantam, por inteiro, ou por partes, pelo avesso ou pelo direito, as suas deusas ou amadas. 
Boca :

Um homem sério como Tobias Barreto elogiou a boca de sua idolatrada :
"De tua boca mimosa/o lábio superior/tem a forma graciosa /do arco do deus amor"

Braços :

Luis Guimarães Filho, desta forma encara os braços :
"As ninfas caçadoras /de pupilas ardentes/mergulham na água os preguiçosos braços /que parecem flutuando entre sargaços /aquáticas serpentes"

Cabelos:

É de Jorge Jobim está quadra de seu livro Reminiscências :
"Pretos cabelos de nastros/caindo em ombros sem par/como as bandeiras nos mastros/em noites de calma e luar"

Seios:

Inigualável, Olavo Bilac diz:
" E de entre as rendas e o arminho/saltam seus seios rosados /como de dentro de um ninho/dois pássaros assustados"

Mãos :

O grande trovador Belmiro Braga metrifica a respeito :
"E quando pelas débeis mãos te agarro/lembram elas, nas minhas, duas rosas/alvíssimas, dobradas e cheirosas/dentro de um vaso rústico de barro "

Pés :

Na sua linguagem matuta, Catulo encastoa desta forma suas rimas :
"Os pezinhos da cabocla /quando dançava o baião /pareciam dois pombinhos /a mariscar pelo chão "

De fato, há muitos quadris femininos bem montados e com requebros coreográficos, regiões glúteas dignas da estatuária helênica. Mas daí partir - se para uma espécie de contestação moral para o abuso de um concurso especializado no gênero, como que querendo depravar o bom gosto do povo e comprometer a reputação de quase todas as candidatas, vai a distância abismal. É sinal dos tempos ridículos e sodômicos em que vivemos! Quantas meninas não irão ficar com o apelido de Raimunda! "

Crônica "Concurso de Bumbuns " de autoria do grande cronista, jornalista, pintor e poeta cearense João Jacques Ferreira Lopes (1910 - 1999), integrando o livro " Minha Máquina, Meu Piano" lançado em 1989. Há quase trinta anos , João Jacques vislumbrou a realidade de hoje em Pindorama vivendo o furor da permissividade e da pouca vergonha!



sexta-feira, 9 de março de 2018


ARES DE MUDANÇA



“O Ceará é o ferreiro maldito, de quem fala a lenda popular: quando tem ferro falta carvão. É nadador contra a corrente, que nunca chega; o caranguejo que anda e desanda; o eco a repetir a pergunta sem lhe dar resposta; o nó sem ponta; o sonho que promete em sombras que não se distinguem bem, a vaga esperança, enfim, para a qual nunca chega o dia.

Há cem anos, um povo gigante, a mover-se, não adianta um passo, como um frágil esquife sobre as ondas, que a corrente impele, e o vento faz recuar. Não lhe falta alma. São os deuses que os condenam à pena de Tântalo – morrer de sede à beira do regato. Os diretores mentais do Ceará morreram ou foram longe procurar um teatro para exibição de sua intelectualidade; e crestam na penúria os rebentos da capacidade cearense, a disputarem um pouco de ar, que aliás lhe mata o estímulo; o ar mefítico das baixas regiões oficiais...

Que seja para os netos de nossos netos, não importa. O mundo não é tão curto, que acabe em nós; e cem anos, na ordem dos tempos, é muito menos de um til nos lábios”
Excertos de “O Ferreiro da Maldição”, publicado no Jornal “O Unitário” de Fortaleza, com a data de 20 de maio de 1903, da autoria de João Brígido (1829 – 1921), jornalista, cronista, historiador e político.

Parece que foi ontem, e o atual quadro político desenhado no sofrido torrão cearense, traz justa inquietação, em meio a um encapelado mar de gigantescas ondas, a exigir de todos, firmeza e pulso forte na condução do frágil barco da democracia.
Auguste de Saint – Hilaire (1779-1853) um naturalista francês que andou pelo Brasil estudando plantas, cunhou uma frase que até hoje reverbera e soa como verdade, em um profético tom:

” Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”.

 A saúva, aí está, hoje representada pela brutal corrupção, que corrói todas as estruturas de nossas corporações, a níveis estadual, municipal e federal. Num ano de eleições, o cidadão consciente poderá definir o rumo certo que deverão tomar nossas instituições, caso contrário, assistiremos o soçobrar fragoroso do Titanic verde e amarelo! Muda Brasil!

Ponto final.




quinta-feira, 8 de março de 2018

Receita de Mulher/Recado de Vinicius


As muito feias que me perdoem /mas a beleza é fundamental /é preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso/qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture /em tudo isso (ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul/como na República Popular Chinesa )/não há meio termo possível /é preciso que tudo isso seja belo/é preciso que súbito /tenha - se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto /adquira de vez em quando/essa cor só encontrável /no terceiro minuto da aurora /é preciso que tudo isso seja sem ser/mas que se reflita e desabroche /no olhar dos homens/é preciso,é absolutamente preciso/que tudo seja belo e inesperado /é preciso que umas pálpebras cerradas /lembrem um verso de Eluard /e que se acaricie nuns braços /alguma coisa além da carne:que se os toque /como o âmbar de uma tarde/adquiralguma, deixem -me dizer - vos /que é preciso que a mulher que ali está /como a corola ante o pássaro /seja bela ou tenha pelo menos um rosto/que lembre um templo/e seja leve como um resto de nuvem /mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas /nádegas é importantíssimo /olhos , então nem se fala/que olhem com certa maldade inocente /uma boca fresca (nunca úmida!) é de extrema pertinência /é preciso que as extremidades sejam magras/que uns ossos despontem/sobretudo a rótula no cruzar as pernas/e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente /gravíssimo é porém o problema das saboneteiras/uma mulher sem saboneteiras/e como um rio sem pontes /indispensável que haja/uma hipótese de barriguinha /e em seguida a mulher se alteia em cálice /e que os seios sejam uma expressão greco-romana/mais que gótica ou barroca/e possam iluminar o escuro com uma capacidade/mínima de cinco velas/sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral /levemente à mostra /e que exista um grande latifúndio dorsal/os membros que terminem como hastes/mas bem haja um certo volume de coxas / e que elas sejam lisss/lisas como a pétala /e cobertas de suavissima penugem /no entanto sensível à carícia em sentido contrário /é aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio /apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos )preferíveis sem dúvida os pescoços longos /de forma que a cabeça dê por vezes/a impressão de nada ter a ver com o corpo/ e a mulher não lembre/flores sem mistério /pés e mãos devem conter elementos góticos discretos /a pele deve ser fresca nas mãos /nos braços, no dorso e na face /mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura /nunca inferior a 37°centígrados /podendo eventualmente provocar queimaduras /do primeiro grau/os olhos que sejam de preferência grandes/e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra/e que se coloquem sempre para lá /de um invisível muro de paixão /que é preciso ultrapassar /que a mulher seja em princípio alta/ou, caso baixa/ que tenha a atitude mental dos altos píncaros /ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos/ao abri - los ela não mais estará presente/com seu sorriso e suas tramas/que ela surja, não venha; parta, não vá /e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente /e nos fazer beber o fel da dúvida /oh, sobretudo/que ela não perca nunca /não importa em que mundo/não importa em que circunstâncias /ao sua infinita volubilidade de pássaro /e que acariciada no fundo de si mesma /transforme - se em fera sem perder sua graça de ave /em que exale sempre / o impossível perfume e destile sempre/o embriagante mel/e cante sempre o inaudível canto/da sua combustão /e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero /e em sua incalculável imperfeição /constitua a coisa mais bela e mais perfeita / de toda a criação inumerável.

Receita de Mulher, da autoria do poetinha Vinicius de Moraes (1913-1980 ).
Parabéns para todas as Princesas deste mundo !

segunda-feira, 5 de março de 2018


Com a proteção da companheira lua , atravessando a rodovia, de olho na vida.
"Aquele que quer aprender a voar um dia precisa primeiro aprender a ficar de pé e caminhar, correr, escalar e dançar - não é no primeiro bater de asas que se consegue alçar vôo " Nietzsche (1883-1885) ,Assim falava Zaratustra.
Domingo Zen no Porto da Dunas

Para Dra. Mayra Pinheiro 

A vida é transformação e movimento perpétuos. Ela contém tudo e flui como um imenso rio descendo no tortuoso vale do tempo em direção do oceano da plenitude. Assim modela - se a Impermanência. É o devir de Heráclito de Éfeso. Tudo é processo. Em contrapartida , tudo que permanece estagnado, tende a esclerosar, mumificar, fazendo esvair a seiva da vida. Isto tem validade para bichos, gentes e, especialmente, Instituições. O sopro salutar da revivescência benfazeja dá -se com o instituto da Renovação de mentes, valores e atitudes. 

Mãos à obra, senhores e senhoras !

quinta-feira, 1 de março de 2018


 UM TIME DE BRANCO DA MPB

Para o Mestre e Poeta Martinho Rodrigues



Max Nunes, Joubert de Carvalho, Alberto Ribeiro, Paulo Vanzolini, Capinam, Aldir Blanc, Zé Dantas, Dalto, Noel Rosa, Gordurinha e Belchior. Onze nomes que enriquecem a nossa Música Popular Brasileira (MPB) e que, de algum modo, tiveram contato com a sublime profissão de médico. Belchior, Gordurinha e Noel Rosa, principiaram, mas não chegaram a concluir o curso de medicina.
Max Nunes (1922- 2014), humorista, compositor e médico:
“Bandeira branca, amor/não posso mais/pela saudade/ que me invade, eu peço paz/saudade mal de amor, de amor/saudade, dor que dói demais/vem, meu amor/ bandeira branca, eu peço paz”. Canção Bandeira Branca, de autoria de Max nunes e Laércio Alves.

Joubert de Carvalho (1900-1977), compositor, arranjador e médico:
“Ta-Hi/eu fiz tudo/pra você gostar de mim/oh! , meu bem/faz assim comigo não/você tem, você tem/que me dar seu coração/meu amor, não posso esquecer/se dá alegria/faz também sofrer/a minha vida foi sempre assim/só chorando as mágoas/que não tem fim/essa história de gostar de alguém/já é mania/que as pessoas tem/ se me ajudasse/Nosso Senhor/eu não pensaria mais no amor”

Alberto Ribeiro (1902- 1971), cantor, compositor e médico:
“Copacabana, princesinha do mar/pelas manhãs, tu és a vida a cantar/e à tardinha ao sol poente/deixas sempre uma saudade, na gente/Copacabana, o mar eterno cantor/ao te beijar, ficou perdido de amor/e, hoje vivo a murmurar/só a ti, Copacabana, eu hei de amar”. Canção Copacabana, de autoria de Alberto Ribeiro e Braguinha.

Paulo Vanzolini (1924 – 2013), compositor, médico/zoólogo:
“De noite eu rondo a cidade/a te procurar sem encontrar/no meio de olhares espio/em todos os bares/você não está/volto pra casa abatida/desencantada da vida/o sonho alegria me dá/nele você está/ah, se eu tivesse/quem bem me quisesse/esse alguém me diria/”desiste, esta busca é inútil”/eu não desistia/porém, com perfeita paciência/volto a te buscar/hei de encontrar/bebendo com outras mulheres/rolando um dadinho/jogando bilhar/e neste dia, então/vai dar na primeira edição/cena de sangue num bar/da Avenida São João/. Canção Ronda de autoria de Paulo Vanzolini.

José Carlos Capinam (1941-), poeta, escritor, jornalista e médico:
“Era um, era dois, era cem/era o mundo chegando e ninguém/que soubesse que eu sou violeiro/que me desse amor ou dinheiro/era um, era dois , era cem/vieram pra me perguntar/ô, você, de onde vai, de onde vem/diga logo o que tem pra contar/parado no meio do mundo/senti chegar meu momento/olhei pro mundo e nem via/nem sombra, nem sol, nem vento/quem me dera agora/eu tivesse a viola pra cantar/era um dia, era claro, quase meio/era um canto calado, sem ponteio/violência, viola, violeiro/era morte em redor, mundo inteiro/era um dia, era claro, quase meio/tinha um que jurou me quebrar/mas não lembro de dor, nem receio/só sabia das ondas do mar/jogaram a viola no mundo/mas fui lá no fundo buscar/se eu tomo a viola ponteio/meu canto não posso parar, não/quem me dera agora/eu tivesse a viola pra cantar/era um, era dois, era cem/era um dia, era claro, quase meio/encerrar meu cantar já convém/prometendo um novo ponteio/certo dia que sei por inteiro/eu espero, não vá demorar/este dia estou certo que vem/digo logo o que vim pra buscar/correndo no meio do mundo/ não deixo a viola de lado/vou ver o tempo mudado/e um novo lugar pra cantar/quem me dera agora/eu tivesse a viola pra cantar”. Canção Ponteio de autoria de Capinam e Edu Lobo.

Aldir Blanc (1946 -), compositor, escritor, médico:
“Doutor/jogava o Flamengo, eu queria escutar/chegou/mudou de estação, começou a cantar/tem mais/um cisco no olho, ela em vez de assoprar/sem dó/falou que por ela eu podia cegar/se eu dou/um pulo, um pulinho, um instantinho no bar/bastou/durante dez noites me faz jejuar/levou/as minhas cuecas prum bruxo rezar/coou/meu café na calça pra me segurar/se tô, ai, se eu tô/devendo dinheiro e vem me cobrar/e vem me cobrar/doutor/ai, doutor/a peste abre a porta e ainda manda sentar/e ainda manda sentar/depois/se eu mudo de emprego que é pra melhorar/que é só pra melhorar/vê só/convida a mãe dela pra ir morar lá/se eu peço feijão, ela deixa salgar/calor/ai, calor/mas veste casaco pra me atazanar/só pra atazanar/e ontem/sonhando comigo, mandou eu jogar/no burro/foi no burro/e deu na cabeça, a centena e o milhar/ai, quero me separar”.  Canção Incompatibilidade de Gênios, de autoria de Aldir Blanc e João Bosco.

Zé Dantas (1821- 1962), José de Sousa Dantas Filho: Compositor, poeta, folclorista e médico:
“Já faz três noites, que pro Norte relampeia/a Asa Branca, ouvindo o ronco do trovão/já bateu asas, e voltou pro meu sertão/ai, ai, eu vou embora/ vou cuidar da plantação/já bateu asas e voltou pro meu sertão/ai, ai, eu vou embora/vou cuidar da plantação/a seca fez eu desertar da minha terra/mas felizmente, Deus agora se lembrou/de mandar chuva , pra este sertão sofredor/sertão da mulher séria, do homem trabalhador/rios correndo, as cachoeiras tão zoando/terra molhada, mato verde, que riqueza/e a Asa Branca salta e canta, que beleza/está o povo alegre, mais alegre a natureza/sentindo a chuva eu me recordo de Rosinha/a linda flor do meu sertão pernambucano/e se a safra não atrapalhar meus planos/que que há, ó seu vigário/vou casar no fim do ano!” . Canção A Volta da Asa Branca, de autoria de Zé Dantas.

Dalto (1949-), Dalto Roberto Medeiros: Cantor, compositor e médico:
“Se você vê estrelas demais/lembre que um sonho não volta atrás/chega perto e diz anjo/se você sente o corpo colar/solte o seu medo bem devagar/chega perto e diz anjo/se uma coisa louca/sai do seu olhar/fica em silêncio/deixa o amor entrar/pra que tanta pressa de chegar/se eu sei o jeito e o lugar/se eu sei o jeito e o lugar”.  Canção Anjo, da autoria de Dalto, Cláudio Rebello e Renato Correa.

Noel Rosa (1910- 1937), cantor e compositor: Não concluiu o curso de medicina:
“Quem acha, vive se perdendo/por isso agora eu vou me defendendo/da dor tão cruel desta saudade/que, por infelicidade/meu próprio peito invade/batuque é um privilégio/ninguém aprende samba no colégio/sambar é chorar de alegria/é sorrir de nostalgia/dentro da melodia/por isso agora lá na Penha/ vou mandar minha morena/pra cantar com satisfação/e com harmonia/ esta triste melodia/que é meu samba em feitio de oração/o samba na realidade, não vem do morro/nem lá da cidade/e quem suportar uma paixão/saberá que o samba , então/ nasce do coração”
Canção Feitio de oração, de autoria de Noel Rosa e Vadico.

Gordurinha (1922 – 1969), Waldeck Artur de Macedo: cantor, compositor, humorista. Estudou medicina, mas não concluiu o curso.
“Oh! Deus, perdoe este pobre coitado/que de joelhos rezou um bocado/pedindo pra chuva cair sem parar/Oh! Deus, será que o Senhor se zangou/ e só por isso o sol retirou/fazendo cair toda a chuva que há/ Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho/pedi para chover, mas chover de mansinho/pra ver se nascia uma planta no chão/Oh! Deus, se eu não rezei direito/ o Senhor me perdoe/eu acho que a culpa foi/desse pobre que não sabe fazer oração/Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água/e ter-lhe pedido cheinho de mágoa/pro sol inclemente se retirar/desculpe eu pedir a toda hora/para chegar o inverno/desculpe eu pedir para acabar com o inferno/que sempre queimou o meu Ceará”. Composição Súplica Cearense, de autoria de Gordurinha.

Belchior (1946- 2017), Antônio Carlos Belchior, cantor e compositor. Cursou a faculdade de medicina, mas não completou a graduação.
“Há tempo, muito tempo/que eu estou longe de casa/e nessas ilhas cheias de distância/o meu blusão de couro se estragou/ouvi dizer num papo da rapaziada/que aquele amigo/ que embarcou comigo/cheio de esperança e fé/já se mandou/sentado à beira do caminho/pra pedir carona/tenho falado à mulher companheira/quem sabe lá no Trópico a vida esteja a mil/e um cara que transava a noite/no Danúbio Azul/me disse que faz sol/na América do Sul/e nossas irmãs nos esperam/ no coração do Brasil/minha rede branca/meu cachorro ligeiro/sertão, olha o Concorde/que vem vindo do estrangeiro/o fim do termo Saudade/como o charme brasileiro/de alguém sozinho a cismar/gente de minha rua/como eu andei distante/quando eu desapareci/ela arranjou um amante/minha normalista linda/ainda sou estudante/da vida que eu quero dar/até parece que foi ontem/minha mocidade/com diploma de sofrer /de outra Universidade/minha fala nordestina/quero esquecer o francês/e eu vou viver as coisas novas/que também são boas/o amor, humor das praças/cheias de pessoas/agora eu quero tudo/tudo outra vez/gente de minha rua/como eu andei distante/quando eu desapareci/ela arranjou um amante/minha normalista linda/ainda sou estudante/da vida que eu quero dar” . 

Canção Tudo Outra Vez, de autoria de Belchior.
Ufa!