sábado, 14 de janeiro de 2017

GRAVIDEZ: NEM SEMPRE

Um dia acontece de a menstruação atrasar. Logo em seguida instalam -se os enjoos com vômitos, o crescimento continuado das mamas e do abdome põe em evidência um possível diagnóstico de gravidez.
Embora em gestantes seja usual o aparecimento de colostro – um líquido claro e meio viscoso – saindo dos mamilos a partir do quarto mês de gestação, neste caso trata- se, no entanto, de secreção láctea verdadeira.
A provável gestante relata movimentos no abdome parecidos com aqueles promovidos pelo feto.
A assistência pré – natal faz-se episódica com constantes mudanças de médicos e evidenciando ausência de exames, especialmente aqueles de imagens ultrassonográficas.
Um dia a cliente busca o hospital em transe de parto e neste momento desnuda – se um doloroso drama: não existe uma gravidez de verdade.
É isso: trata -se de uma pseudociese, uma gravidez falsa, imaginária ou de fantasia. O termo desdobra -se em pseudo (falsa) e Kyesis (gravidez).
Tal distúrbio ocorre em 1 para 22.000 gestações verdadeiras e pode associar-se a vários fatores como infertilidade, distúrbios psicológicos (ansiedade, depressão), ou severos quadros psiquiátricos como psicose ou esquizofrenia.
Instabilidade conjugal e uso de certos fármacos podem favorecer ao desencadeamento da pseudociese.
Encontram -se presentes modificações hormonais severas com liberação anormal de neurotransmissores do tipo serotonina, dopamina, noradrenalina e de hormônio como a prolactina (indutora da produção do leite).
Tudo isso justifica a falta de menstruação, o aparecimento do leite, o aumento do abdome e vários outros sinais e sintomas de gravidez.
Um rigoroso acompanhamento com diversos profissionais como um obstetra, uma enfermeira, um psicólogo e ou um psiquiatra constitui padrão – ouro na assistência humanizada de tal entidade mórbida.
Mudanças comportamentais, utilização racional de drogas ansiolíticas, antidepressivas ou contra a psicose, conforme a gravidade do caso, podem acelerar o retorno à normalidade.
A recorrência de uma nova pseudociese gira em torno de cinco por cento.

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