sexta-feira, 23 de junho de 2017

 SOBRE TELÔMEROS, EM DOIS DEDOS DE PROSA
Para o Dr. Marcus Bessa




Nascer, crescer, amadurecer, reproduzir, envelhecer e morrer, representam passos inevitáveis no breve piscar de olhos da terreal jornada humana. O belicoso, intolerante e imprevisível século XXI acolhe cada vez mais indivíduos de cabelos grisalhos. Comenta-se que “ quarenta anos é a velhice dos jovens, e que, cinquenta é a juventude da velhice”.

O envelhecimento é o maior fator de risco para o desenvolvimento de doenças. Entendendo as causas moleculares do envelhecimento podemos tentar prorrogar o tempo de vida saudável de uma pessoa. Considera-se o envelhecimento como um processo progressivo, intrínseco, multifatorial e irreversível que com o tempo ocorre em todo ser vivo a consequência da interação entre a genética do indivíduo e seu meio ambiente.  Credita-se a fatores genéticos/herdados (30%) e fatores ambientais/hábitos de vida (70%) como responsáveis pelo envelhecimento humano.

Para alguns estudiosos, a partir do momento seguinte à conjugação do espermatozoide com o óvulo, a ampulheta do tempo e o inexorável relógio da vida, passam a desenhar, pausadamente, os contornos da velhice. Alguns especialistas em envelhecimento apregoam a seguinte distinção de idades:

“ Velhos-jovens” (60 a 74 anos); “velhos” (75 a 84 anos); e, “velhos- idosos” (maiores de 85 anos).

 O bicho-homem envelhece cada um a seu próprio ritmo, uns de forma célere e outros mais lentamente. No entendimento de George Bray “ os genes carregam o revólver e o meio ambiente puxa o gatilho”.

Nesta intrincada história de genética e envelhecimento surgem os telômeros, uns segmentos de DNA localizados nas extremidades dos cromossomos, comparados às pontas de um cadarço de sapatos, que ao longo do tempo vão encurtando e se desgastando. Os telômeros tornam possível que as células se dividam sem perder informação genética, além do que protegem, estabilizam e previnem aderências entre os extremos das moléculas de DNA lineares. Em 1990 graças aos estudos de Carol W. Greider e Calvin Harley estabeleceu-se a relação entre telômeros e envelhecimento. Quanto mais curtos os telômeros, maior a probabilidade de degenerescência rápida, trazendo a reboque um rosário de achaques como doenças cardíacas, neurológicas, pulmonares, endócrinas, reumatológicas e câncer.
Umas enzimas, chamadas telomerases, que recriam novos terminais nas extremidades dos cromossomos, ajudam na reversão do encurtamento dos telômeros. Estudos sobre tais enzimas proporcionaram o Prêmio Nobel de Medicina em 1990 para os pesquisadores Jack W. Szostak , Elisabeth H. Blackburn e Carol W. Greider.

O mundo científico volta seus olhos para escrutinar melhor as funções dos telômeros e das telomerases com vistas a aplicações nas áreas da saúde do envelhecimento humano.

Resta aguardar e seguir, por enquanto, conferindo aos que vivenciam tal estágio da vida, regras básicas acessíveis a todos: acolhimento, segurança, boa alimentação, exercícios físicos adequados, controle do estresse, sono reparador, boa socialização, criação de novos hábitos, inclusive, laborais, e fugir das desagradáveis companhias do álcool, tabaco, refrigerante, gorduras saturadas e pesticidas agrícolas, dentre outras.

 Por enquanto, intervenções farmacológicas para serem aplicadas na assistência ao envelhecimento humano saudável, encontram-se sob a ótica de estudos, como a utilização de rapamicina , resveratrol, everolimus e metformina.


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