sexta-feira, 27 de abril de 2018


EXORTAÇÃO AO HOMEM PRÁTICO

AO DR FLORENTINO CARDOSO


“Homem prático, que passas correndo pela rua/contém o passo – que o teu esforço é inútil/olha que eu sigo ao teu lado/calmo, sereno, devagar/com os olhos cheios de paisagens/os ouvidos bêbados de música/e a mente enflorada de sonhos.../vê bem: por mais que te apresses/por mais que avances/nunca me vencerás nesta corrida/bem sei que és forte – mas eu também sou forte!/depois, só há um ponto de partida: a Vida/só existe um ponto de chegada: a Morte/e enfim, sobre o caminho percorrido/tu, homem prático, deixarás apenas/o pó que levantastes do solo/com suas passadas estrepitantes/e eu? Ah! Eu deixarei um pouco de mim mesmo/sobre os cardos/sobre as pedras/para tornar mais suave a caminhada/dos que vierem depois de mim...”

Poema Exortação ao Homem Prático, de autoria do cearense Antônio Filgueiras Lima (1909 – 1965), que faz parte do livro Ritmo Essencial, lançado em 1944.

Faz 13,7 bilhões de anos que irrompeu um ponto de inimaginável densidade, prenhe de energia imensa, como tamanho, trilhões e trilhões de vezes menor que a cabeça de um alfinete, explodindo no Big – Bang (Fred Hoyle, 1949). Aí emergiu o espaço – tempo e suas partículas primordiais, da qual fazemos parte como simples poeiras das estrelas, compostos de hádrions, prótons, nêutrons, pósitrons e antimatéria. Todo o processo evolutivo carrega em seu bojo o caos de onde tudo proveio e grande explosão cuja radiação vibra até hoje por todo o universo. A expansão, a auto -organização, a complexidade, são formas pelas quais o próprio universo domestica o caos. Ordem e desordem, caos e cosmos, criação e destruição.
E o bicho-homem defendendo com unhas e dentes um naco de vida com outros seres viventes, pendurados na superfície da nave - mãe Terra, girando e girando, dando passagem a transformação da lagarta em borboleta.
 Aí mora a beleza da vida, o eterno porvir, a mudança benfazeja!





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