segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Esta pressa de viver ou um mundo só para si


 
O confronto inevitável do bicho-homem diante do espelho, a sós consigo mesmo, pode representar o embrião de muitas tragédias ou a redenção de outras tantas almas.
Raul Seixas, Ellis Regina e Cássia Eller, de um lado e do outro, Belchior e Geraldo Vandré.
O primeiro grupo acima citado  agrega seres humanos sensíveis, com ânsia de viver no limite, a consumir toda sua adrenalina. O século XX foi pródigo em formatar a combinação sexo, drogas e rock and roll. Essa turma explorou a fundo os segredos da vida a seu modo, deixando como herança um vasto baú de belas canções e um mundão de saudades. Apenas pediram, um direito de todo ser senciente, “parem o mundo que queremos descer“ e pronto. Foram cometas a riscar o céu de luz neon, metamorfoses ambulantes que resistiram “ficar com a boca escancaradas cheias de dentes , esperando a morte chegar“. Nada contra! .
Belchior e Geraldo Vandré, dois gênios musicais, complexos, profundos conhecedores da divina tragédia humana, com a poesia a flor da pele e combinando chope e Chopin. Viveram os dois entre nós, encontram-se ainda  aqui na terra, mas não mais conosco e sim, em um mundo a parte, tecido em fios de algodão de nuvens, somente para eles. Construíram intransponíveis muralhas em volta de seus castelos de ilusão, onde abrigam a lucidez santa dos loucos, longe dos “seres normais“.
Nada não, vocês dois não são “apenas rapazes latino-americanos, sem dinheiro no banco e vindos do interior“. Respeitamos as suas escolhas e entendemos os caprichos da mãe- natureza ou seja lá o que for, mas cá pra nós, deixem-nos chorar dolorosamente suas ausências e remir o acalanto benfazejo de seus versos.
Saudades, amigos!

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