terça-feira, 9 de abril de 2019


Nesta manhã ensolarada de sábado na Praia do Japão, em Aquiraz, esperando a chegada de velhos lobos do mar em uma jangada de vela trazendo sonhos e víveres do mundo de Netuno.
"Minha jangada de vela,
Que ventos queres levar ?
Tu queres vento de terra, 
Ou queres vento do mar ?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar ?
Aqui no meio das ondas,
Das verdes ondas do mar,
És como que pensativa ,
Duvidosa a bocejar !
Minha jangada de vela ,
Que vento queres levar?
Saudades tens lá das praias,
Queres n'areia encalhar ?
Ou no meio do oceano
Apraz - te as ondas sulcar ?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Sobre as vagas , como a garça,
Gosto de ver - te adejar,
Ou qual donzela no prado
Resvalando a meditar :
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Se a fresca brisa da tarde
A vela vem te oscular,
Estremeces como a noiva
Se vem - lhe o noivo beijar :
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Quer sossegada na praia,
Quer nos abismos do mar,
Tu és, ó minha jangada,
A virgem do meu sonhar :
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Se à liberdade suspiro,
Vens liberdade me dar ;
Se fome tenho - ligeira
Me trazes para pescar !
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
A tua vela branquinha
Acabo de borrifar;
Já peixe tenho de sobra,
Vamos à terra aproar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
AI, vamos, que as verdes ondas,
Fagueiras a te embalar ,
São falsas nestas alturas
Quais lá na beira do mar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Composição A Jangada , da autoria de Juvenal Galeno da Costa e Silva ( 1836 - 1931 ) . Seu livro Prelúdios Poéticos de 1856 é considerado um marco na literatura cearense.

Nenhum comentário:

Postar um comentário