terça-feira, 16 de abril de 2019

Fortaleza - 293 anos

Em 13 de abril de 2019 , Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, chega bela, coquete e amada em meio a mimos e festas.
"Lá, sob um claro céu de azul - turquesa, 
Onde o sol seu tesouro em luz descerra,
Lá fulge a legendária Fortaleza
Como um raro brilhante sobre a terra ...
Como um sacro penhor da Natureza,
Como um beijo auroreal que vida encerra,
Longínqua e bela, a lânguida princesa
Arfando o peito, geme e os olhos cerra...
Porque nos batem temporais medonhos,
E tivemos , no mundo, a mesma sorte,
Ó casta Fortaleza dos meus sonhos,
Meu derradeiro e desvelado anseio
É ter a paz na comunhão da Morte
Dormindo em sete palmos do teu seio "
Soneto Fortaleza, da lavra de Raimundo Varão, uma enigmática figura que peregrinou por estas paragens entre os anos de 1911 e 1915. Raimundo trabalhava na empresa fotográfica de N. Olsen e no Jornal do Ceará. Acredita - se que o mesmo não tenha nascido por essas plagas , e sim , no vizinho estado do Piauí, ou mesmo em São Paulo.
Otacílio de Azevedo ( 1892 - 1978 ) em seu livro Fortaleza Descalça , Edições UFC, 1980, assim descreve a figura de Raimundo Varão:
"Varão era alto , magro , perfil grego , sobrancelhas espessas e juntas , olhos fundos com olheiras cor de azinhavre. O rosto, muito branco , era um mapa - mundi de veias azuladas. Não dava muito valor à higiene e , quando vestia uma camisa, esta acabava - se - lhe em tiras sobre o corpo. Debaixo dessa imundície, porém, batia um verdadeiro coração de poeta. Lia muito , na maioria das vezes literatura estrangeira . Lavava cuidadosamente as mãos para poder pegar nos seus livros - que eram, num gritante contraste, imaculadamente limpos , sem um risco , sem uma nódoa... Varão possuia uma particularidade interessante : tinha seis dedos em cada mão, o que lhe aumentava o misterioso aspecto e talvez justificasse o seu comportamento esdrúxulo "
Minha querida " Loura Desposada do Sol " que teus atuais gestores , cuidem de ti , te amem com desvelo, como os teus poetas e menestreis fizeram e fazem , com mimos , nesses duzentos e noventa e três anos de História.
Amém !

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