sexta-feira, 5 de abril de 2019

Fernando Weyne/Loucuras


Fernando da Costa Weyne ( 1869 - 1906 ) , nasceu na localidade de San Fernando, no Paraguai. Filho do tenente coronel Alfredo da Costa Weyne que servia , na ocasião, ao Exército do Brasil na Guerra do Paraguai ( 1864 - 1870 ) onde a Tripice Aliança ( Brasil , Argentina e Uruguai) média forças contra o destemido presidente do Paraguai , Francisco Solano López ( 1827 - 1870 ).
Aos dois anos de idade o petiz Fernando Weyne fixou residência em Porangaba, no Ceará onde fez seus estudos básicos e partiu para a labuta como jornalista , comediógrafo, poeta e boêmio. Foi sócio fundador do Centro Literário, um dos muitos grêmios que pontificaram na inquieta juventude intelectual do Ceará no final do século XIX.
Fernando Weyne publicou em 1895 um livro de contos - " Miudinhos " . Um poema - Loucuras - dedicado a uma ex - namorada , foi musicado pelo violonista Roberto Xavier de Castro ( 1890 - 1952 ) tornado - se um duradouro sucesso a animar as tradicionais serestas , com o nome de A Pequenina Cruz do Teu Rosário. Quem primeiro gravou tal música foi o cantor paulista Roque Ricciardi ( Paraguassu) que se proclamou autor da dita composição. Isso gerou uma longa peleja judiciária e no final a família de Fernando Weyne venceu em seu pleito. Os versos foram contudo deturpados e outros cantores que gravaram tal música, como Carlos Galhardo e Carlos José, mantiveram os erros da original gravação de Paraguassu.
O poema " Loucuras" consta de 36 versos e a composição "A Pequenina Cruz do Teu Rosário " reduziu para apenas 16 versos , ainda assim , diferentes dos originais.
" Agora que não vejo - te a meu lado
A segredar - me apaixonadas juras,
Busco , às vezes, do nosso amor passado,
Recordar estas íntimas loucuras.
Faz muito tempo ...eu nem me lembro quanto !
- A vida é longa e o pensamento é vário! -
Tu mostrava - me a rir - que idílio santo !-
A pequenina cruz do teu rosario.
E sempre que me vias , recordava
Do nosso amor a fantasia louca :
Cada vez que pequena cruz beijavas ,
Eu beijava , febril a tua boca...
Mas o tempo passou. Triste, segui
Da minha vida o longo itinerário ,
E nunca mais, e nunca mais eu vi
A pequenina cruz do teu rosario.
Do amor fugiu - me a benfazeja luz !
Não posso mais ! Errante caminheiro,
Sem Cirineu, tal como o de Jesus ,
Verga meu corpo ao peso do madeiro.
Já vou trilhando a estrada da amargura !
- Antes , porém, que chegue ao meu Calvário,
Dá - me a beijar , ó santa criatura ,
A pequenina cruz do teu rosario.
Recorda ainda o nosso amor de outrora !
Vamos lembrar os tempos de criança!
- Se da vida perdi a doce aurora,
Resta em minha alma um raio de esperança:
Tu - que és tão boa , que és tão meiga e pura,
Quando eu baixar ao campo funerário,
Virás deitar na minha sepultura
A pequenina cruz do teu rosario. "
Crônica desenhada com o auxílio de um Weyne, o boêmio Francisco Clayrton.

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