quinta-feira, 7 de março de 2019



O Mar
Para o poeta do Amor : Dirceu Vasconcelos
"...Eu vi , Senhor, o mar sombrio e furioso , investir contra os rochedos.
De longe as vagas tomavam o impulso, orgulhosas, de pé , saltavam , atropelavam - se umas às outras , para tomarem a frente e serem as primeiras a bater.
Vi , outro dia , o mar calmo e sereno.
Vinham de muito longe as ondas , tomavam carreira , elevavam - se orgulhosas , brincavam , saltavam e atropelavam - se umas às outras, para tomarem a frente e serem as primeiras a bater.
E quando a alva espuma se desmanchava, deixando intacta a rocha , tinham partido as vagas, correndo para de novo se lançarem. 
Vi , outro dia, o mar calmo e sereno .
Vinham de muito longe as ondas de bruços rastejando, para não chamar a atenção. 
Dando - se as mãos, , ajuizadas, deslizavam sem ruído e espraiavam - se à vontade na areia , para tocar a orla , com a ponta de seus formosos dedos de espuma.
Faze , Senhor , que eu evite as pancadas sem rumo que cansam e magoam , e não atingem o inimigo. Afasta de mim as cóleras espetaculares , que chamam a atenção mas deixam inutilmente enfraquecido. 
Não permitas que orgulhosamente eu queira sempre preterir os outros , esmagando, ao passar , os que vão à frente. 
Apaga do meu rosto o ar sombrio das tempestades vencedoras.
Ao contrário, Senhor , faze que calmamente eu preencha os meus dias, tal como o mar lentamente recobre toda a praia.
Faze - me humilde como o mar , quando silencioso e ameno avança sem se fazer notar. 
Dá - me a graça de esperar os meus irmãos, medir os meus passos pelos deles , para com eles subir.
Concede - me a perseverança triunfante das ondas. 
Faze que cada um dos meus recuos seja ocasião de subida.
Dá a meu rosto a claridade das águas límpidas, à minha alma a brancura da espuma;
Ilumina a minha vida como os raios do Teu sol fazem cantar o espelho das águas. 
Mas, sobretudo, Senhor , faze que eu não guarde para mim esta Luz ,e que todos os que de mim se aproximem voltem a casa ávidos de se banharem na Tua graça Eterna ."
Poema O Mar ,da autoria de Michel Quoist ( 1921 - 1997 ).

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