domingo, 29 de outubro de 2017

CEARENSIDADE EM VERSOS MUSICAIS


Para o poeta Dirceu Vasconcelos


Catando rimas em poemas que se misturaram com melodias talhadas por mãos de genuínos filhos da Terra da Luz e que ganharam a estrada, riscando o chão feito coió, adornando o rico universo da Música Popular Brasileira.
Segue um tiquinho da amostra enaltecendo estes grandes menestréis cabeças-chatas:
“Eu quero é que este canto torto, feito
faca, corte a carne de vocês”
(A palo seco, Belchior)
“A minha alucinação é suportar o dia a dia e o meu delírio é a experiência com coisas reais” (Alucinação, Belchior)
“Marilyn, Greta, Marlene, deusas que eu amei com as mãos”
(Beijo molhado, Belchior)
“Até à manhã, se houver amanhã, se eu vir a manhã mando alguém dizer como é”
(Até à manhã, Belchior)
“Vida, eu quero me queimar no teu fogo sincero” (Brincando com a vida, Belchior)
“Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais”
(Como nossos pais, Belchior)
“Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção, esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão “
(Coração selvagem, Belchior)
“Quando eu estou sob as luzes, não tenho medo de nada”
(De primeira grandeza, Belchior)
“Ah! mas como é triste essa nossa vida de artista, depois de perder Vilma pra São
Paulo, perder Maria Helena pra um dentista”
(Enquanto engoma a calça, Ednardo e Climério).
Este último nascido no Piauí, onde junto com os irmãos Clodomir e Clésio, contribuíram para o enriquecimento das noites musicais cearenses.
“As velas do Mucuripe, vão sair para pescar. Vou mandar as minhas mágoas pras águas fundas do mar”
(Mucuripe , Belchior e Fagner)
“Calça nova de riscado, paletó de linho branco que até no mês passado lá no campo inda era flor”
( Mucuripe, Belchior e Fagner)
“Sofrer de amor pra mim é morrer, eu sou um sonhador, e você?” (Fracasso, Fagner)
“Se hoje eu sou deserto é que eu não sabia que as flores com o tempo perdem a força e a ventania vem mais forte”
( Noturno , Graco e Caio Sílvio)
“Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão da minha solidão” (Pequeno mapa do tempo, Belchior)
“Quanto mais eu tento ver meu rosto dentro do espelho, mais você enche meus olhos de saudade”
(Presente, David Duarte)
“Quem não tem sucesso ou grana tem que ter sorte bastante para escapar salvo e são das balas de quem lhe quer bem”
( Ter ou não ter, Belchior)
“Sou o teu caso presente, sou teu futuro ausente, passado que não vai voltar” (Petrúcio Maia e Abel Silva). Este último, Abel Silva, poeta e compositor carioca.
“Se o passado é tão presente em cada instante, cada cena não é passado , é somente minha vida que estancou”
(Vertigem de Graco e Caio Sílvio)
“O meu grito nega aos quatro ventos, a verdade que eu não quero ter”
(Beira-mar, Ednardo)
“A vida não separa, a vida simplesmente afasta” (Bem perto, David Duarte)
“Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”
(Como nossos pais, Belchior)
“Mamãe, quando eu crescer eu quero ser rebelde se conseguir licença do meu broto e do patrão” (Dandy, Belchior)
“Cantar para quem não vai me ouvir, sentar na estrada, contar o meu dinheiro, arrumar o cabelo e seguir!”
(Frio da serra, Petrúcio Maia e Brandão)
“Não sou feliz, mas não sou mudo, hoje eu canto muito mais”
(Galos, noites e quintais, Belchior)
“Quero escutar o que a tua boca não diz, viver o que te percorre as veias” (Natureza dos oceanos, David Duarte, Felipe Cordeiro)
“Não acredito mais no fogo ingênuo da paixão” (Noturno, Graco e Caio Sílvio)
“E as paralelas dos pneus na água das ruas, são duas estradas nuas em que foges do que é teu” (Paralelas, Belchior)
“Que olhar esconde o viço dos teus lábios já sem cor?”
(Pé de sonhos, Petrúcio Maia e Brandão)
“Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua”
(Pequeno perfil de um cidadão comum, Belchior)
“Graças a Deus, eu perco sempre o juízo” (Recitanda, Belchior e Graco)
“Brilha um punhal em teu olhar, sinto o veneno do teu beijo, era moderno o meu batom”
(Retrato marrom, Rodger Rogério e Fausto Nilo)
“Vejo a manhã de sol entrando em casa iluminando o grito das crianças”
(Retrovisor, Fagner e Fausto Nilo)
“A paixão que enlouquece os meus dias adormece nos olhos de alguém”
(Último trem, Fagner e Fausto Nilo)
Ponto final!

Nenhum comentário:

Postar um comentário