segunda-feira, 4 de setembro de 2017

EM MINHA CASA DE PRAIA.

Em minha casa de praia , agora à tardinha com a rede a balouçar na varanda sob o trinado de uma rolinha caldo-de- feijão num ninho acima de minha cabeça.
" Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A gente era o que quisesse ser só usando esse advérbio. Assim , por exemplo,tem hora que eu sou quando uma árvore e podia apreciar melhor os passarinhos. Ou : tem hora que eu sou quando uma pedra. E sendo uma pedra eu posso conviver com os lagartos e os musgos. Assim: tem hora eu sou quando um rio. E as garças me beijam e me abençoam " ( Manoel de Barros - 1916- 2014 ).
" A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitem como sou - eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc etc. Perdoai , mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas " ( Manoel de Barros - 1916- 2014).


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