domingo, 13 de agosto de 2017

PAI



Um ser plural, resiliente, inspirador, promotor e defensor do autocuidado (para consigo), do altercuidado (com o outro), do ecocuidado (com o ambiente) e do transcuidado (com as fontes provedoras do sentido da vida humana).

Aquele que também sabe “ padecer no paraíso”, “ com o avental todo sujo de ovo”, “ que vale mais que o céu e que o mar “, tal qual a sua alma gêmea, surfando nesta modernidade líquida de Zygmunt Bauman (1917- 2017).

“ Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse/que me olha e é tão mais velho do que eu? / porém , seu rosto...é cada vez menos estranho.../ meu Deus, meu Deus.../parece meu velho que já morreu !/como pude ficarmos assim?/nosso olhar – duro- interroga :/” o que fizeste de mim ?/eu , pai? Tu é que me invadiste/lentamente, ruga a ruga... que importa?/ eu sou, ainda,/ aquele mesmo menino teimoso de sempre/e os teus planos enfim lá se foram por terra/mas sei que vi, um dia- a longa, a inútil guerra!-/vi sorrir , nesses cansados olhos, um orgulho triste ...    O velho do espelho, poema de Mário Quintana (1906- 1994) .

Reza uma lenda indígena que tinha um costume de deslocar os indivíduos mais idosos da tribo para o cume de uma montanha com o intuito de abandoná-los à sua própria sorte. Certa feita, num dia de muito frio, um filho que acompanhava o pai naquele caminho, com o coração cortado, minimizou:

- Pai, vou deixar este cobertor aqui, para o senhor se proteger deste incômodo frio.

O velho, calmamente, respondeu:

- Deixe comigo só a metade do cobertor, filho. Fique com a outra para quando chegar a sua vez!”

Mande daí, da morada dos bons, sua benção, meu querido e velho pai!
E, Parabéns a todos os pais!







Nenhum comentário:

Postar um comentário