terça-feira, 15 de agosto de 2017

BRINCANDO COM FOGO




Wernher Von Braun (1912- 1977), gênio criador dos foguetes V-2, instado pelos chefes nazistas para apressar a invenção de mortíferos artefatos atômicos por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teria declarado: “ Que importa quem ganhe a guerra? Eu quero é ir à lua! ” E no Japão, na arrasada e pequena Nagasaki, o prefeito de então, Tsume Tajawa, lembrou: “ Se o Japão possuísse o mesmo tipo de arma, tê-la-ia usado, também”.

Nos dias hodiernos, dois pouco convencionais líderes políticos de países, um na América do Norte, com cerca de 360.000.000 de habitantes e outro no Leste Asiático com aproximadamente  23.000.000 de habitantes, encontram-se com as mãos próximas aos botões que podem deflagrar um inimaginável ataque atômico, um dantesco Apocalipse. Estamos a assistir, uma vez mais, o deplorável bicho-homem a brincar, irresponsavelmente, com fogo. Tomara que seja só fabulação de dois histriônicos senhores.

E que Deus tenha piedade de nós!

“ Pensem nas crianças mudas telepáticas/pensem nas meninas cegas inexatas/pensem nas mulheres rotas alteradas/pensem nas feridas como rosas cálidas/mas, oh, não se esqueçam/da rosa, da rosa, da rosa de Hiroshima/a rosa hereditária/a rosa radioativa/estúpida e inválida/a rosa com cirrose/a anti-rosa atômica/ sem cor, sem perfume/sem rosa, sem nada “   Composição “ Rosa de Hiroshima “, de Vinícius de Moraes (1913- 1980).



“ Poetas, seresteiros, namorados, correi/é chegada a hora de escrever e cantar/talvez as derradeiras noites de luar/momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva/afirmação do homem, normal, gradativa sobre o universo natural/ sei lá que mais/ah, sim! Os místicos também profetizando o fim do mundo/e em tudo o início dos tempos do além/em cada consciência, em todos os confins/da nova guerra ouvem-se os clarins/guerra diferente das tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais/ e tudo isso em meio às discussões, muitos palpites, mil opiniões/um fato já existe que ninguém pode negar,7,6,5,4,3,2,1, já! /e lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi/ lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi/nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:/ a lua foi alcançada afinal, muito bem, confesso que estou contente, também/a mim me resta disso tudo uma tristeza só/talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção/o que será do verso sem luar?/o que será do mar, da flor, do violão ?/tenho pensado tanto, mas não sei/poeta, seresteiros, namorados , correi/é chegada a hora de escrever e cantar, talvez as derradeiras noites de luar “  Composição “ Lunik – 9 “ , de Gilberto Gil (1942 -) .

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