quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O INTIMORATO RODOLFO TEÓFILO


Rodolfo Marcos Teófilo (1853 – 1932), filho de Marcos José Teófilo (médico) e de Antônia Josefina Sarmento, nasceu no dia 5 de março de 1853 em Salvador, na Bahia. Com pouco mais de mês de vida, sua família mudou-se para Fortaleza, onde o garoto Rodolfo foi batizado na Igreja do Rosário. Cedo, aos 4 anos de idade, ficou órfão de mãe. O Dr. Marcos, seu genitor casou com uma cunhada, Guilhermina que lhe deu mais três filhos, perfazendo uma prole de sete almas. Aos 11 anos de idade Rodolfo tornou-se órfão com o desaparecimento do Dr. Marcos Teófilo. A partir de então sérias dificuldades financeiras sua família enfrentaria. Os estudos primários de Rodolfo foram bancados por um tio comerciante, José Antônio da Costa e Silva, junto ao Colégio Atheneu Cearense. Aos 14 anos de idade, Rodolfo passa a trabalhar na Casa Albano, pertencente ao futuro Barão de Aratanha, ocupando função de Caixeiro – Vassoura. Com pretensões de seguir a profissão do pai e do avô, ambos médicos, o jovem Rodolfo Teófilo tomou o rumo da Bahia onde frequentou, no entanto, o curso superior de Farmácia.

 Concluindo os estudos com distinção, Rodolfo Teófilo retorna em 1875 ao Ceará onde instala uma botica na cidade de Pacatuba. Em 1877 transfere-se para Fortaleza, passando a trabalhar na Rua da Palma, atual Rua Major Facundo, em uma farmácia de sua propriedade. Rodolfo contrai matrimônio com a Sra. Raimunda Cabral, filha do Comendador Antônio Cabral de Melo, de Pacatuba.
 Rodolfo Teófilo assistiu com pesar a terrível seca de 1888, quando num só dia foram sepultadas 1004 pessoas. Outras tragédias ao longo da vida fariam parte da luta inglória deste bravo lutador, a despeito dos escassos meios que a medicina de então oferecia a todos. Em 1900 Rodolfo realiza um estágio no Instituto Vacinogênico da Bahia e de pronto traz a novidade para Fortaleza onde constrói um laboratório (Vacinogênico Rodolfo Teófilo) em sua residência na atual Avenida da Universidade. O ambiente político na época mostrava- se, particularmente carregado com figuras públicas truculentas e controversas como o jornalista João Brígido e o governador do estado Antônio Pinto Nogueira Accioly a moverem ferrenha perseguição ao valente nascido baiano, mas o mais autêntico cabeça – chata: “ Sou cearense porque quero “.

Rodolfo Teófilo, um verdadeiro Dom Quixote, praticamente isolado terça armas contra males que abatem há séculos a sofrida população cearense. Peregrina de casa em casa vacinando e tratando almas, retirando tais infelizes criaturas das mãos da Parca.
Em meio a todo um insano trabalho contra as intempéries, o bravo quixote tecia uma vigorosa obra literária enfeixada em 28 livros entre ensaios, crônicas, romances e poesias. Com frio bisturi da razão corta a carne putrefata dos diversos males empregando uma linguagem bem urdida e facilmente entendida por todos.
 Assim surgiram:

 História da Seca do Ceará ( 1883 ) ; Monografia de Mucunã (1888 ); Ciência Natural em Contos ( 1889 ); Botânica Elementar ( 1889 ); A Violação (1889 ); A Fome ( 1890 ); Cartas Literárias (1895 ) ; Os Brilhantes ( 1895 ); Maria Rita ( 1897 ) ; O Paroara (1899 ); Secas do Ceará  - Segunda Metade do Século XIX ( 1901 ); Varíola e vacinação no Ceará ( 1904 ); Violência (1905 ) ; O Conduru ( 1910 ) ; Varíola e Vacinação no Ceará – 2° Parte ( 1910 ); Memórias de um Engrossador ( 1910 ) ; Lira Rústica ( 1913 ) ; Telésias ( 1913 ) ; Libertação do Ceará ( 1914 ); A sedição de Juazeiro ( 1915 ) ; Cenas e Tipos ( 1919 ) ; Reino de Kiato ( 1922 ); A Seca de 1915 ( 1922 ) ; A Seca de 1919 ( 1922 ) ; Os Meus Zoilos (1924 ) ; O Caixeiro ( 1926 ) ; Coberta de Tacos ( 1931 ).
A Participação de Rodolfo Teófilo em entidades culturais foi múltipla:
Fundação do Clube Literário em 1886 junto com outros intelectuais de destaque: Farias Brito, Justiniano de Serpa, Juvenal Galeno, Antônio Bezerra e Antônio Martins.
Padaria Espiritual, o mais importante movimento literário cearense fundado em 1892 onde Rodolfo Teófilo adotou o nome de Marcos Serrano e exerceu o digno cargo de Padeiro Mor (1896- 1898).
Instituto do Ceará, ingressando em 24 de dezembro de 1912.
Academia Cearense de Letras: admitido em 1892 para a Cadeira de número 36.

A Cajuína, uma bebida não alcoólica de sabor agradável foi uma invenção do irrequieto Rodolfo Teófilo, assim como o vinho do caju. Vacinas, xaropes, pomadas faziam parte da rica produção  farmacêutica de Rodolfo Teófilo.
As seguintes comendas foram outorgadas ao nobre cearense Rodolfo Teófilo:
Comenda do Oficialato da Rosa, por sua atuação na luta pela libertação dos escravos, conferida pelo Imperador Pedro II.
O título de Varão Benemérito da Pátria outorgado pelo Congresso Nacional.
Em 02 de julho de 1932, aos 79 anos, parte o intimorato Rodolfo Teófilo para prosseguir sua batalha noutras plagas deste multiverso deixando imenso vácuo nas Letras e Ciências deste sofrido chão do Ceará.








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