sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

UM AMOR DE VERDADE


Um jovem filho de Hipócrates pousou num pequeno burgo à beira mar onde habitavam cerca de três mil almas. O novo médico pretendia fincar raízes naquele aprazível lugar. Certa feita atendeu a um chamado de urgência para assistir a um parto domiciliar que se arrastava há horas.
 Nasceu um belo rebento pesando cerca de quatro quilos.

No dia seguinte chega uma infausta notícia de que o dito recém-nascido agora era um anjinho. Nunca se soube ao certo a causa de tal fatalidade. Cerca de seis meses depois retorna o mesmo casal em uma nova gestação. Uma vez mais o doutor realizou um parto domiciliar com sucesso.
 O desenlace fatal novamente aconteceu com recém - nascido .

 Desta feita o atordoado doutor, a muito custo, conseguiu a realização de uma necropsia, na longínqua capital. O laudo firmado por um patologista nobre e excêntrico, sugeria uma doença rara e vista apenas em casos de consanguinidade do tipo tio com sobrinha ou irmão com irmã.
 O doutor com extrema cautela, colheu com minúcia a história pregressa do casal. Soube que desde a mais tenra idade eles viveram próximos, pois seus pais eram vizinhos em casas geminadas, bastante amigos e compadres. E nada mais foi perguntado e nada mais foi dito. Ponto final!
O doutor aconselhou ao indigitado casal uma salvadora adoção, algo profundamente humano e meritório. E assim foi feito.

 O médico em seus raros momentos de lazer , junto com o casal de amigos e seus filhos adotivos , erguia castelos de areia ali beijando o mar  e que logo seriam engolidos pela voracidade das ondas naquele eterno ir e vir. Assim, também é o torvelinho da vida onde o pai morre, o filho morre e o neto morre, de preferência nesta sequência. 
“Nada do que foi será/de novo do jeito que já foi um dia/tudo passa, tudo sempre passará/a vida vem em ondas/como um mar/num indo e vindo infinito/tudo o que se vê não é/igual o que a gente viu há um segundo/tudo mudo / o tempo todo no mundo/não adianta fugir/ nem mentir pra si mesmo/agora, há tanta vida lá fora / aqui dentro, sempre/como uma onda no mar”    Como Uma onda no Mar de autoria de Nelson Motta e Lulu Santos.

O dito casal do relato, de fato era formado por irmãos biológicos e que viveram as bênçãos de um amor fraterno e puro neste breve périplo terreal, evidenciando a profunda e misteriosa força do amor!

“ Um homem também chora/menina morena/também deseja colo/palavras amenas/precisa de carinho/precisa de ternura/precisa de um abraço/da própria candura/guerreiro são pessoas/tão fortes , tão frágeis/guerreiros são meninos/no fundo do peito/precisam de um descanso/precisam de um remanso/precisam de um sono/que os torne perfeitos/é triste ver um homem/ guerreiro menino/com a barra do seu tempo/por sobre seus ombros/eu vejo que ele berra/eu vejo que ele sangra/a dor que tem no peito/pois ama e ama /um homem se humilha/se castram seu sonho/seu sonho é sua vida/a vida é trabalho/e sem o seu trabalho/ um homem não tem honra/e sem a sua honra/se more, se mata/não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz”                    Guerreiro Menino de autoria de Gonzaguinha .

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