segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O CIENTISTA CARLOS CHAGAS


Carlos Ribeiro Justiniano Chagas (1878 – 1934), ou simplesmente, Carlos Chagas, nasceu no dia 9 de julho de 1878 na Fazenda Bom Retiro, na cidade de Oliveira, Minas Gerais.
Seus pais foram José Justiniano Chagas e Mariana Cândida Ribeiro de Castro Chagas. Foi o primeiro dos quatro filhos do casal e ficou órfão de pai aos 4 anos de idade. Seus irmãos foram: Maria Rita (morta aos 3 anos de idade), Marieta e Serafim.

Em Oliveira, o garoto Carlos teve contato próximo com três tios maternos, sendo dois advogados (Cícero e Olegário) e Carlos (médico).
Em Itu (São Paulo) Carlos Chagas estudou no Colégio São Luís sob a orientação dos padres jesuítas. No ano de 1888 parte em socorro de sua mãe em Juiz de Fora (Minas Gerais) ao tomar notícia de que estariam ocorrendo depredações nas fazendas de propriedade da sua família.

Atendendo a um capricho de sua genitora, matricula-se no curso preparatório para a Escola de Minas de Ouro Preto. Através de interferência de seu tio e médico, de nome Carlos, seguiu para São Paulo com fins de estudar medicina. Aos 18 anos, no ano de 1897, enfim, matricula- se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Naquele templo hipocrático teve a felicidade de contar com feliz ajuda de duas grandes figuras da medicina da época: o clínico Miguel Couto (1865 – 1934) e o especialista em doenças tropicais, Francisco Fajardo (1864 – 1906). Em 1902 Carlos Chagas concluiu o curso de medicina quando defendeu sua tese sob orientação de Oswaldo Cruz intitulada

Estudo Hematológico do Impaludismo (1903). No ano seguinte casa-se com Íris Lobo, filha de um político, e desta união nascem dois rebentos: Evandro Chagas (1905 -1940) e Carlos Chagas Filho (1910 - 2000) que seguiram a mesma carreira paterna.
Evandro, contudo, veio a falecer moço em decorrência de um acidente, aos 35 anos de idade.

Por indicação de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas partiu para uma missão de combate à malária que grassava no município de Itatinga em São Paulo. Em fevereiro de 1907 segue em missão com Artur Neiva (1880 – 1943) para Xerém, na Baixada Fluminense, com a mesma finalidade: o combate à malária.

Ainda neste ano desloca-se para o norte de Minas Gerais, em companhia de Belisário Penna (1868 - 1939) uma vez mais seguindo o rastro do impaludismo. Carlos Chagas nesta ocasião identificou no sangue de um sagui um protozoário do gênero Trypanosoma.

A nova espécie era um parasita habitual, não patogênico nos monos. Cornélio Homem Catarino Motta, chefe da comissão de engenheiros falou para Carlos Chagas acerca de um inseto hematófago da região, denominado barbeiro, posto que, tinha por hábito picar as vítimas no rosto enquanto elas dormiam.

Carlos Chagas, examinando o intestino do barbeiro encontrou formas flageladas de um protozoário, que de pronto encaminhou para a avaliação de Oswaldo Cruz.
Este inoculou tais parasitas em monos de laboratório que logo adoeceram. O novo tripanosoma foi denominado de T. cruzi , em justa homenagem ao grande cientista Oswaldo Cruz. Em Manguinhos, Carlos Chagas iniciou estudos rigorosos sobre o ciclo evolutivo do novo agente patológico.

Em 14 de abril de 1909 foi por intermédio de Carlos Chagas detectada no sangue de uma garota de 2 anos chamada Berenice, com severa enfermidade, a presença do Trypanosoma cruzi e a consequente descoberta de uma nova entidade mórbida nos seres humanos: a Doença de Chagas.
Fato único na história da Medicina com a descoberta de uma nova doença com agente etiológico, vetor e formas clínicas descritas em detalhes.
Em 1910, Carlos Chagas foi recebido como membro titular da Academia Nacional de Medicina. Em 1912 foi outorgado ao insigne Carlos Chagas o Prêmio Schaudinn , concedido pelo Instituto de Doenças Tropicais de Hamburgo.

Em 14 de fevereiro de 1917, três dias depois da morte de Oswaldo Cruz, nomeado pelo Presidente da República, Wenceslau Braz, assume Carlos Chagas a direção do Instituto Oswaldo Cruz, cargo que ocuparia até seu falecimento ocorrido em 1934.
Foi criado em 1918 o Hospital Oswaldo Cruz e em 1925, a cátedra de Medicina Tropical na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sob os auspícios de Carlos Chagas. Em 1919, Carlos Chagas assume a Direção Geral de Saúde Pública do governo federal.

Em 1923, contribuiu com a fundação da Escola de Enfermagem Anna Nery e em 1926 da organização do Curso Especial de Higiene e Saúde Pública no Rio de Janeiro.
Em maio de 1925, Carlos Chagas foi nomeado titular da cátedra de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro.
No Brasil, Carlos Chagas pertenceu às seguintes instituições:
Sociedade de Medicina da Bahia (1909); Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1909); Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1910); Associação

Medico – Cirúrgica de Minas Gerais (1911) ; Sociedade de Medicina e Cirurgia de Amazonas (1917) .
No exterior, Carlos Chagas foi membro de várias sociedades:
Sociedade de Patologia Exótica de Paris (1910) ; Sociedade Médica Argentina (1916); Sociedade Americana de Medicina Tropical (1919) ; Academia de Medicina de Peru (1922) ;Real Sociedade de Ciências Médicas e Naturais de Bruxelas (1922) ; Real Academia de Medicina de Bélgica (1923) ; Sociedade de Medicina de Montevidéu (1923) ;Academia Médica de Roma (1924) ;Real Academia Nacional de Medicina de Espanha

(1925) ;Academia de Medicina de Nova York (1926) ; Sociedade Real de Medicina Tropical e Higiene de Londres (1938) e Academia de Medicina de Paris (1930).
Merecem destaque, ainda, os títulos de doutor honoris causa recebidos pelas Universidades de Harvard (1921); de Buenos Aires (1922); de Paris (1926) e de Lima (1929).
Em 8 de novembro de 1934, aos 56 anos de idade, Carlos Chagas falece em decorrência de um insulto cardíaco agudo. Encerrava- se, prematuramente, a trajetória de um brilhante médico, professor universitário, cientista, gestor e humanista brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário