quarta-feira, 3 de agosto de 2016

 UM NOVO PARADIGMA EM OBSTETRÍCIA NO BRASIL

A Terra em suas voltas mostra uma gigante onda a se formar no meio do oceano: um saudável movimento pelo retorno benfazejo às origens do parto natural. Ao longo da história a assistência ao parto passou pelas imaculadas mãos de mulheres não- médicas. Por volta da Idade Média com o surgimento das Universidades na velha Europa, os novos profissionais do sexo masculino egressos de tais instituições se apoderaram da assistência ao parto. A realização de cesáreas fazia-se de forma excepcional por conta de elevados índices de mortalidade materna e fetal, visto que, não existiam, por exemplo, antimicrobianos, anestesia, bancos de sangue e ambiente propício ao partejar cirúrgico. O século XX assistiu a uma elevação gradual do número de cesáreas, em alguns países mais que em outros. Hoje, no Brasil , integrantes do Governo Federal, da Medicina Suplementar, do Ministério Público, das Entidades Médicas e da comunidade de um modo geral, clamam pelo retorno dos antigos patamares do parto natural, como já acontece em muitos países pelo mundo afora. Correto. Nestes locais a assistência pré-natal e o parto natural ficam por conta de um grupo de profissionais: médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, odontólogos e doulas, dentre outros, com resultados auspiciosos. O Brasil passando a adotar práticas de assistência pré-natal com múltiplos profissionais e equipando seus hospitais públicos e privados de forma adequada poderá reverter, sem maiores óbices, os elevados índices de partos cirúrgicos. Para tanto ao casal gestante, desde o início do pré-natal dar-se-á ciência que seu parto, se for de seu acordo, acontecerá numa unidade hospitalar com uma equipe composta de médico plantonista, enfermeira, auxiliar de enfermagem, doula , assistente social e NÃO necessariamente pelo médico que conduziu o seu pré-natal . Não se torna mais factível, nas atuais circunstâncias, um só profissional ser o responsável pleno de todo o complexo percurso da gestação, parto e puerpério. Certamente, com esta nova estratégia, o resultado será auspicioso, rico em segurança para o binômio mãe- filho e altamente satisfatório para o profissional médico, que livre desta obrigação, poderá usufruir seu tempo para estudar e reaprender saberes aplicados a esta nobre arte de partejar. Isto sem contar que poderá gozar férias, fins de semanas e feriados, curtindo ao bel-prazer seus breves dias neste paraíso terreno, como qualquer trabalhador comum. À minha vista, não vislumbro outra saída no horizonte, livre de quaisquer embates entre todas as partes interessadas nesta salutar peleja em nome da saúde de nossa população. Fica aqui o registro da simples opinião de um médico que peleja na arte de partejar há 43 anos, com a humilde participação em cerca de 15.000 benditos partos. Aleluia!

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