quinta-feira, 18 de agosto de 2016

JADER DE CARVALHO , UM CEARENSE DE FIBRA

Jader Moreira de Carvalho (1901 – 1985), jornalista, advogado, professor, poeta e cronista cearense. Nasceu no dia 29 de dezembro de 1901 na serra do Estevão, no município de Quixadá. Filho de Francisco Adolfo de Carvalho e Rita Moreira de Carvalho.
Fez seus estudos primários no Ateneu Quixadaense , dirigido por seu pai e em seguida frequentou o tradicional Liceu do Ceará , em Fortaleza. Por esta época destacava-se em suas redações de português onde um professor escrevia rotineiramente na prova: “ Nota 10, se não tiver sido escrito por outrem “. E não era!
Em 1928 Jader de Carvalho funda o jornal socialista “ A Esquerda “, lança “ O Canto novo da Raça “ em parceria com Sidney Neto, Franklin Nascimento e Mozart Firmeza, obra pioneira do Movimento Modernista no Ceará. A convite de Paulo Sarasate colabora no suplemento literário “ Maracajá “ do jornal “ O Povo “ e “ Cipó de Fogo “, ambos de vida efêmera. Em 1931 gradua-se na Faculdade de Direito do Ceará e participa de “ Terra de Ninguém “.
 Nos anos seguintes lança vários livros com temática de cunho social: “ Classe Média “ e “ Doutor Geraldo “ (1937); “ A Criança Vive “ (1945); “ Eu Quero o Sol “ (1946); “ Sua Majestade o Juiz “ (1962) e “ Aldeota “ (1963). Em 1965 aparece o livro de poemas “ Terra Bárbara “ onde se destacam: “ Em Louvor de Quixeramobim “; “ Nordeste de Lampião “; “ São Francisco de Canindé “; “ A Guerra Acreana “ e “ Terra Bárbara “.
“ Terra Bárbara “:
“ Na minha terra,
As estradas são tortuosas e tristes
Como o destino do meu povo errante.
Viajor,
Se ardes em sede,
Se acaso a noite te alcançou,
Bate sem susto no primeiro pouso:
- Terás água fresca para a tua sede,
- Rede cheirosa e branca para o teu sono.
Na minha terra,
O cangaceiro é leal e valente:
Jura que vai matar e mata.
Jura que morre por alguém - e morre.
(Brasil, onde mais energia:
Na água, que tem um só destino,
Do teu salto das Sete Quedas
Ou na vida, que tem mil destinos ,
 Do teu jagunço aventureiro e nômade? )
 Ah, eu sou da terra onde o homem,
Seminu,
Planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
E fui crescer nos canaviais do Cariri,
Entre caboclos belicosos e ágeis.
Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
 Eu sou o índice de meu povo:
Se o homem é bom – eu o respeito.
Se gosta de mim – morro por ele.
Se, porque é forte, entendesse de humilhar-me,
- Ai, sertão!
Eu viveria o teu drama selvagem,
 Eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante
Como antes te acordava ao choro da viola ... “
Jader de Carvalho pertence à Academia Cearense de Letras, como titular da Cadeira N° 14, cujo Patrono é o, também, aguerrido jornalista João Brígido. Jader de Carvalho casou-se com a contista Margarida Sabóia de Carvalho com que teve 7 filhos.
 Em 7 de agosto de 1985, na cidade de Fortaleza, Jader de Carvalho partiu para travar outras batalhas em distantes plagas pelo universo afora.


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