quinta-feira, 12 de novembro de 2015

AS APARÊNCIAS ENGANAM / A ESPADA DE DÂMOCLES
 
Invariavelmente, todos os dias, quer chova ou não, o rei- sol altaneiro se ergue e se põe em sua opulenta carruagem de fogo, riscando os céus no seu eterno peregrinar. O chão sob nossos pés vive parado, mudo feito uma parede. Aqui, acolá a gentil terra mostra seus afiados dentes em traiçoeiras convulsões de meter medo. Em estado de ânimo normal o minúsculo bólido azul faz um belo e silente movimento em torno do sol e de si mesmo num fantástico bailado.
Nossos cinco sentidos pouco são confiáveis tanto a nível macro como a micro a nos indicar prudência e cautela ao longo do nosso caminho incerto.
 Reza uma história contada por Cícero (106 a.C. – 46 a.C.) , Horácio ( 65 a.C. – 8 a.C. ) e Diodoro de Sicília  ( 90 a .C – 1 a.C. ) , que certa feita  viveu  Dâmocles ,  um membro da corte do rei Dionísio  “  O Velho “ , que era um sanguinário tirano de Siracusa do século IV a.C.  Tal majestade causava a muitos, uma inveja feroz pelo fausto vivido naquele ambiente palaciano.  Aquilo tocava e perturbava os ânimos de Dâmocles.
Um dia o soberano ofereceu de forma marota uma troca de papéis com Dâmocles para que este usufruísse de uma noite de prazeres em palácio num magnífico banquete aditivado com muitas mulheres e bebidas. Tudo transcorria a mil maravilhas até que Dâmocles erguendo os olhos aos céus com fins de agradecer aquela dádiva descobriu assombrado uma espada afiada suspensa sobre sua cabeça, presa, somente, por um tênue fio da crina de um cavalo. Sentiu ali, de imediato, a incômoda presença da “ indesejada das gentes “ e a morna aragem da morte a lhe lamber o pescoço. Dâmocles preferiu dar fim, de imediato, àquela pantomina e encerrar o tal banquete enquanto era tempo.
A espada de Dâmocles segue sendo uma bela metáfora acerca dos perigos que envolvem e alto preço a pagar por um grande e enganoso poder.
Segue uma “ Receita da Felicidade “ do poeta e compositor cearense Ednardo :
“ Ultimamente ando às vezes preocupado
Vendo a cara tão risonhas das crianças
Nas fotos dos anúncios
Nos cartazes da parede
Dando ideias que algo vai acontecer
É receita certa pra sensibilizar
Pra esconder, pra mentir ou pra vender
Veja as caras tão risonhas
Tão lindinhas, tão risonhas
Nos jornais, nas paredes, nas TVs
Eu não gosto desses dedos que me apontam
Eu não gosto dessas frases que me dizem
“ o futuro deles está em suas mãos “
Pois é seu Zé, sei não
Não me esqueço que algum dia fui risonho
Com u’a carinha bonitinha pra valer
Quem guardou o meu futuro
Quem guardou o meu futuro
Quem guardou o meu futuro – me dê “


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