sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018



CARNAVAL DE ANTANHO EM FORTALEZA



“Este ano não vai ser/ igual aquele que passou/eu não brinquei/você também não brincou/aquela fantasia que eu comprei/ficou guardada, a sua também/ficou pendurada/mas esse ano está combinado/nós vamos brincar separados/se acaso meu bloco/encontrar o seu/não tem problema/ninguém morreu/são três dias de folia e brincadeira/você pra lá e eu pra cá/até quarta-feira”.
Até Quarta-Feira; composição de Humberto Silva/Paulo Sette.
“A estrela d’alva/no céu desponta/e a lua anda tonta/com tamanho esplendor/e as pastorinhas/pra consolo da lua/vão cantando na rua/lindos versos de amor/linda pastora/morena da cor de Madalena/tu não tens pena/de mim, que vivo tonto/com o teu olhar/linda criança/tu não me sais da lembrança/meu coração não se cansa/de sempre e sempre te amar”
As Pastorinhas; composição de João de Barro/Noel Rosa.
“Um pequenino grão de areia/que era um pobre sonhador/olhando o céu viu uma estrela/e imaginou coisas de amor, ô, ô, ô/passaram anos, muitos anos/ela no céu, ele no mar/dizem que nunca o pobrezinho/pode com ela encontrar/se houve, ou se não houve/alguma coisa entre eles dois/ninguém soube até hoje explicar/o que há de verdade é que depois/muito depois/apareceu a estrela-do-mar “
Estrela-do-Mar; composição de Marino Pinto/Paulo Soledade.
“Tanto riso/oh, quanta alegria/mais de mil palhaços no salão/Arlequim está chorando pelo amor da Colombina/nomeio da multidão/foi bom te ver outra vez/tá fazendo um ano/foi no carnaval que passou/eu sou aquele Pierrô/que te abraçou/que te beijou, meu amor/na mesma máscara negra/que esconde o teu rosto/eu quero matar a saudade/vou beijar-te agora/não me leve a mal/hoje é carnaval”
Máscara Negra; composição de Zé Keti/Hildebrando Matos.
“Confete, pedacinho colorido de saudade/ai, ai, ai, ai/ao te ver na fantasia que usei/confete, confesso que chorei/chorei porque lembrei o carnaval que passou/aquela Colombina que comigo brincou/ai, ai, confete/saudade do amor que se acabou”
Confete; composição de David Nasser/Jota Junior.
“Eu perguntei a um malmequer/se meu bem ainda me quer/e ele então me respondeu/que não/chorei, mas depois eu me lembrei/que a flor também é uma mulher/que nunca teve coração/a flor-mulher/iludiu meu coração/mas, meu amor/é uma flor ainda em botão/o seu olhar/diz que ela me quer bem/o seu amor/é só meu, de mais ninguém”
Malmequer; composição de Newton Teixeira/Cristóvão de Alencar.
“A sorrir você me apareceu/e as flores que você me deu/guardei no cofre da recordação/porém depois você partiu/pra muito longe e não voltou/e a saudade que ficou/não quis abandonar meu coração/a minha vida se resume/ó, Dama das Camélias/em duas flores sem perfume/ó, Dama das Camélias”
Dama das Camélias; composição de João de Barro/Alcyr Pires Vermelho.
Com a areia da saudade a arranhar minha cansada vista, percorro o antigo corso pela Avenida Dom Manuel e Duque de Caxias, no tríduo de Momo, numa Fortaleza coquete nos idos de sessenta do século passado. O Rei Luizão, Primeiro e Único, acompanhado de sua corte, abria a fuzarca animando os blocos oficiais: Prova de Fogo; Cordão das Coca- Colas; Garotas da Lua; Maracatus Ás de Paus/Espada/Ouro/Leão Coroado. 
Os Blocos dos Sujos, “os papangus” tangidos dos bairros da periferia, tocados pela cachaça, armados de serpentinas e confetes tiravam sarro com todos. No ar reinava o cheiro adocicado dos lança-perfumes da marca Rhodia, contrabandeados da vizinha Argentina. Não raro, um folião mais afoito, dava com as costas no Samdu ou na Assistência Municipal, nosso Palácio do Mercúrio Cromo.
“O Bloco da Vitória está nas ruas/desde que o dia raiou/venha minha gente/pro nosso cordão/que a hora da virada chegou/ô, ô, ô, ô /quando o povo decide/cair na frevança/não há quem dê jeito/aguenta o rojão/fica sem comer/mas no final, ei, tá tudo ok/neste carnaval/quá, quá, quá, quá/o negócio é gargalhar/e com bate-bate de maracujá/a nossa vitória vamos festejar”
O Bloco da Vitória; composição de Nelson Ferreira.
“É de fazer chorar/quando o dia amanhece/e obriga o frevo acabar/oh quarta-feira ingrata/chega tão depressa/só pra contrariar/quem é de fato um bom pernambucano/espera um ano/e se mete na brincadeira/esquece tudo quando cai no frevo/e no melhor da festa/chega quarta-feira”
É de Fazer Chorar; composição de Luiz Bandeira.
E viva Zé Pereira!

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