segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

AS BATALHAS DA ILHA DO RETIRO E DOS AFLITOS 


Para o Jornalista e poeta Vicente Alencar



Os operários da Rede Viação Cearense (RVC) que trabalhavam nas oficinas do Urubu, no bairro da Barra do Ceará, em Fortaleza na década de 30 do século passado, improvisaram dois times de futebol de poeira, o Matapastos e o Jurubeba, nomes de ervas que medravam na região. Assim deu-se a origem da agremiação de futebol, o Ferroviário Atlético Clube, nascida no dia 09 de maio de 1933. O cearense de Pacoti, Valdemar Cabral Caracas, destacado nome na história do desporto cearense constitui o patriarca do time coral. De início o Ferroviário atuou na Liga Suburbana de Futebol, onde em 1937, sagrou-se campeão. A partir do ano de 1938 o Ferroviário passou a atuar na divisão principal do futebol cearense, a convite da Associação Desportiva Cearense (ADC).
Até os dias de hoje a trajetória do time coral mostrou-se permeada de retumbantes vitórias e feitos memoráveis:
1941: Na inauguração do Estádio Presidente Vargas, o Ferroviário vence o time do Tramways Sport Club, pelo placar de 1X 0, com o gol assinalado pelo atleta, Chinês.
1945: Ferroviário torna-se pela primeira vez, Campeão Cearense, contando com os seguintes jogadores: Zé Dias; Caranguejo; Babá; Alderir; Benedito; Chinês; Dandoca; Aracati; Charutinho; Almeida e Pipi.
1950: Pela segunda vez, Ferroviário chega a Campeão Cearense. Jogadores utilizados: Zé Dias; Manuelzinho; Nozinho; Índio; Vareta; Vicente; Nirtô; Três Orelhas; Zé Maria; Fernando e Pipi.
1952: Terceiro título de Campeão Cearense, do Ferroviário. Jogadores do elenco: Juju; Nozinho; Macaúba; Vicente; Mário Serejo; Manuelzinho; Nirtô; Três Orelhas; Zé Maria; Macaco e Fernando.
1953; 1955; 1960 e 1963: O Ferroviário tornou-se nessas ocasiões, Vice-Campeão Cearense.
1968: Quarto título de Campeão Cearense pelo Ferroviário. Jogadores utilizados: Edilson José; Douglas; Gomes; Wellington; Cavalheiro; Luiz Paes; Roberto Barra Limpa; Barbosa; Coca-Cola; Mano; Sanega; João Carlos; Ademir; Lucinho; Paraíba; Edmar e Raimundinho.
1970: Quinto título de Campeão Cearense pelo Ferroviário. Jogadores da equipe: Aloísio Linhares; Louro; Hamilton Aires; Gomes; Eldo; Coca-Cola; Mano; Paulo Veloso; Hamilton Melo; Edmar e Alísio. Talvez, em toda a trajetória vitoriosa do Ferroviário, a equipe mais consistente, pejada de craques, na verdadeira acepção da palavra.
1979: Sexto título de Campeão Cearense pelo Ferroviário. Jogadores do elenco: Edmundo; Lúcio Sabiá; Arimatéia; Celso Gavião; Jorge Luís; Jorge Henrique; Raulino; Geovar; Paulo César; Terto e Babá.
1980; 1981; 1982 e 1983: Novamente, nesses anos, o Ferroviário tornou-se Vice-Campeão.
1988: Sétimo título de Campeão Cearense pelo Ferroviário. Jogadores: Robinson; Silmar; Marcelo Veiga; Juarez; Arimateia; Djalma; Arnaldo; Alves; Jacinto; Mazinho e Barrote.
Em 21 de agosto de 1988, no Estádio Castelão, Ferroviário e Ceará disputavam a final do terceiro turno do campeonato cearense. O Ferroviário jogava por um empate e perdeu, de goleada (5x1), no tempo normal. Na prorrogação prevista, o Ceará se apresentava como franco favorito, em vista do baixo estado de ânimo dos atletas corais, em decorrência do elástico placar sofrido. No final, Arnaldo e Guina, fizeram os dois gols que deram a vitória ao Ferroviário por 2x0. Coisas do futebol!
1994: Oitavo título de Campeão Cearense pelo Ferroviário. Jogadores: Roberval; Naza; Batista; Lima; Santos; Branco; Ricardo Lima; Cícero Ramalho; Basílio; Batistinha e Reginaldo.
1995: Nono título de Campeão Cearense pelo Ferroviário, e o primeiro de Bi- Campeonato. Jogadores: Jorge Luís; Naza; Batista; João Marcelo; Santos; Alencar; Ricardo Lima; Roberval; Hilton; Piti; Robério; Biriba; Acácio; Paulo Adriano; Branco e Reginaldo.
Em 1998, deu-se a privatização da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) que ocupara o lugar da antiga Rede Viação Cearense (RVC). A nova empresa agora passou a se denominar Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN). Teve fim, de modo brusco, a ajuda financeira que o time do Ferroviário recebia, há tempos, da RVC e RFFSA. Desde então, os títulos do Ferroviário sumiram e sua fiel torcida foi minguando. Aqueles torcedores, que outrora enchiam vagões da sacolejante “Maria Fumaça”, sob a batuta da Dona Filó e do folclórico Zé Limeira, hoje não lotam um ônibus.
Ainda mostrando sinais de vida e fazendo das suas, o querido Ferroviário pregou uma peça no Sport Clube do Recife, em plena Ilha do Retiro, neste dia 15 de fevereiro. Perdendo de 3x0 até os 30 minutos do segundo tempo, chegou ao empate com gols de Mazinho (2) e Valdeci. Indo para os pênaltis, o Ferroviário levou a melhor (4x3).
Segue a formação dos valorosos jogadores corais que honraram a camisa do Ferroviário nesta peleja histórica: Bruno Colaço; Amaral; Jean (Valdeci); Túlio; Sávio; Erandir; Mazinho; Janeudo; Andrei; Valdo Bacabau, e, Mota.
Assim findou a” Batalha da Ilha do Retiro”. Uma outra “guerra” aconteceu num campo de futebol em Recife, fato passado há 10 anos, conhecido como a” Batalha dos Aflitos” quando o Náutico Pernambucano perdeu para o Grêmio Gaúcho, mesmo jogando com quatro jogadores a mais, e ainda desperdiçando um pênalti no transcorrer da refrega.
Coisas do futebol, coisas do Ferroviário!
Francisco Eleutério/Francisco Clayrton

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