domingo, 12 de novembro de 2017

A MAGIA DO BOLERO: AGUSTIN LARA
Para o boêmio e filósofo Francisco Clayrton





“Noite de ronda/que triste passa/que triste cruza/ por minha sacada/noite de ronda/como me fere/como lastima meu coração/lua que se quebra sobre a obscuridade/de minha solidão/aonde vais/diz-me se esta noite/tu que vais de ronda/como ela se foi/com quem estás/diz-lhe que a quero/diz-lhe que eu morro/de tanto esperar/que volte já/que as rondas /não são boas/que trazem danos/e dão penas/que se acabam por chorar/ diz-lhe que a quero/ diz-lhe que eu morro/de tanto esperar/que volte já/que as rondas/não são boas/que trazem danos/e dão penas/que se acaba por chorar” 


Tradução livre de Noche de Ronda, composição de Agustín Lara.

Ángel Augustín Maria Carlos Fausto Mariano Alfonso del Sagrado Corazón Lara y Aguirre del Pino, ou, simplesmente, Agustín Lara (1896-1970), nasceu na cidade do México,D.F. , filho de Joaquín Lara e Maria Aguirre del Pino.


Tornou-se cantor, músico, compositor e ator de largos recursos e que difundiu o bolero por todos os cantos da terra. Aos 13 anos de idade iniciou seus trabalhos como pianista na vida noturna de bares e cabarés. Em 1927 sofre uma agressão no rosto com cacos de vidro, protagonizado por uma corista numa boate. Agustín Lara teceu cerca de 700 canções e atuou em 30 películas cinematográficas. Dedicou várias de suas composições, a musas que inebriaram seu inquieto coração. Agustín Lara faleceu na Cidade do México em 06 de novembro de 1970.

“Tão somente uma vez/amei na vida/tão somente uma vez/e nada mais/uma vez, nada mais/em minha existência brilhou a esperança/a esperança que alumia o caminho/de minha solidão/uma vez, nada mais/se entrega a alma/com a doce e total renúncia/ e quando esse milagre realiza/ o prodígio de amar-se/há guizos de festas que cantam/ no coração”

Tradução livre de Solamente uma Vez, composição de Agustín Lara.


“Na eterna noite de minha aflição/tu tens sido a estrela/que alumia meu céu/e eu tenho descortinado/tua rara formosura/e tens iluminado/ todo meu sofrer/santa, minha santa/mulher que põe brilho/na minha existência/santa, seja minha guia/no triste calvário do viver/afasta de meu caminho/todos os espinhos/excita com seus beijos/minha desilusão/santa, seja minha guia/alumia com tua luz/ meu coração”

Tradução livre de Santa, composição de Agustín Lara.

No rico colar do pecado que envolvia o centro da cidade de Fortaleza nos anos 50 do século passado, velhos casarões davam abrigo a “pensões alegres” onde os adolescentes faziam seu vestibular nas artes do amor e os adultos realizavam uma pós-graduação em filosofia do cotidiano e nas travessuras de Baco. “As Madames” cobriam, gentilmente, “As Meninas” com um banho- de- loja no Bazar das Novidades e na Loja A Cruzeiro para abrilhantarem as noitadas nas boates: Monte Carlo; Império; Marajá; City; Hollywood; Estrela; Fanny; Graça; Naninha; Fascinação e Bar da Alegria.

Ricos e pobres, gregos e troianos, protegidos pelo breu da noite e no completo anonimato mantiveram um mundo de orgia, hoje posto ao chão, dando lugar a estéreis estacionamento de veículos, num centro da cidade totalmente descaracterizado. Uma ignomínia profunda!

“Divina claridade, a de teus olhos/diáfanos como gotas de cristal/uvas que se umedecem com soluços/sangue e sorrisos juntas ao olhar/por quê te fez o destino pecadora/se não sabes vender o coração/por quê pretende odiar-te quem te adora/por quê torna a querer-te quem te odiou/se cada noite tua é uma aurora/se cada nova lágrima é um sol/por quê te fez o destino pecadora/se não sabes vender o coração”

Tradução livre da música Pecadora, composição de Agustín Lara.

“Mulher, mulher divina/tens o veneno que fascina em teu mirar/mulher alabastrina/tens vibração de uma sonata passional/tens o perfume de um laranjal em flor/o altivo porte de uma majestade/sabes dos filtros que há no amor/tens o feitiço da leviandade/a divina magia de um entardecer/e a maravilha da inspiração/tens no ritmo de teu ser/todo o palpitar de uma canção/eres a razão do meu existir, mulher”
Tradução livre da canção Mujer, da autoria de Agustín Lara.




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