segunda-feira, 24 de outubro de 2016

CADÊ A CARA DE MAU?


Em tempos pregressos fazia parte das condições para ostentar a fama de um “ Tira “ de respeito em Pindorama , portar uma cara de mau , mesmo que intimamente isso não representasse a fiel realidade 

. O estereótipo clássico  do Tira constava ,dentre outras ,das seguintes características: estatura elevada, peso excessivo, contorno quadrado como um guarda - roupa , bigode volumoso do tipo Bievenido  Granda (1915- 1983) - um cantor brega cubano apelidado de “  um bigode que canta “. A presença de um óculos escuro Ray –Ban comumente utilizado por caminhoneiros fazia-se indispensável . A abordagem civilizada do elemento suspeito, invariavelmente, começava com a aplicação de uma voadora seguida duma gravata para deixar o distinto com meio- palmo de língua para fora. Pronto, agora dava - se início ao esperado interrogatório.

Num mundo pós- moderno virado de ponta- cabeça não se faz mais “Tira” como antigamente.  O policial agora, à paisana, com uma camisa Polo, portando um colar de  falsas pérolas no pescoço , pejado de tatuagens pelo corpo inteiro , cabelo longo preso por um coque , sobrancelhas bem desenhadas e com visíveis traços de rímel .
 Cadê a cara de mau? O gato comeu!                                                                                                                  
Um agente da lei deste feitio, na atual folclórica Pindorama,  só tem serventia  para prender , cheio de salamaleques , um político com olhos injetados , arquejante  ou um daqueles de gravata branca oriundo das elites de quatrocentos anos.
 Bom, depois é partir fagueiro para curtir os cinco minutos de glória  nas famigeradas  redes sociais. E viva Pindorama !
Saudades da Jovem – Guarda com o “ Tremendão “ Erasmo Carlos:

“ Meu bem às vezes diz que deseja ir ao cinema / eu olho e vejo bem que não há nenhum problema / e digo não, por favor , não insista e faça pista /não quero torturar meu coração /garota ir ao cinema é uma coisa normal /mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau/meu bem , chora , chora  e diz que vai embora/exige que eu lhe peça desculpas sem demora /e digo não , por favor , não insista e faça pista /não quero torturar meu coração /perdão a namorada é uma coisa normal /mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau /e digo não , digo não , digo não,  não , não , perdão a namorada é uma coisa normal , mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau “  
  
Letra de Erasmo Carlos em  Minha Fama de Mau .



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