quinta-feira, 27 de outubro de 2016

BORORÓ , DA COR DO PECADO


Alberto de Castro Simoens da Silva, ou melhor, Bororó (15.10. 1898 /7.6.1986 ) compositor e instrumentista nascido no bairro de Botafogo , no Rio de Janeiro .Desde cedo tomou contato com o violão através de seu pai , Alberto Simoens da Silva , boêmio e seresteiro , conhecido como Sinhozinho .Quando estudante do Colégio Santo Inácio recebeu de um professor o apelido de Bororó em decorrência de um fato insólito : a visita em sua residência de um grupo de índios Bororos . Em 1920, o jovem Bororó inicia a produção de músicas para grupos carnavalescos , nada de maior significância .

Em 1939 lança sua primeira pérola, a música “Da Cor do Pecado“ com letra brejeira e levemente maliciosa , gravada por Silvio Caldas (1908- 1998 ) , O Caboclinho , também conhecido por “ Cantor das Multidinhas “ para diferenciar , de maneira jocosa , de Orlando Silva (1915 -1978 )  o célebre “ Cantor das Multidões “ :

“ Este corpo moreno cheiroso e gostoso que você tem /é um corpo delgado da cor do pecado que faz tão bem /este beijo molhado , escandalizado que você deu /tem sabor diferente que a boca da gente jamais esqueceu /e quando você me responde umas coisas sem graça/ a vergonha se esconde/ porque se revela a maldade da raça/este corpo de fato tem cheiro de mato/saudade , tristeza ,essa simples beleza/esse corpo moreno, morena enlouquece /eu não sei bem por que /só sinto na vida o que vem de você “

No ano seguinte , em 1940 , Bororó, afagou o ego de Orlando Silva, que havia recusado a gravação de “ Da Cor do Pecado “ , com um mimoso e definitivo choro, “ Curare “ :
“Você tem boniteza / e a natureza foi que agiu /com esses olhos de índia/ curare no corpo que é bem 

Brasil/tu és toda Bahia /é a flor do mocambo/da gente de cor /faz do amor confusão /numa misturação /vem banzeira , inzoneira / que tem raça e tradição /quebra , machuca / minha dor / nega , neguinha /tudo , tudinho /meu amorzinho / com essa boquinha vermelhinha , rasgadinha /que tem veneno como o que /conta tristeza e alegria pro seu bem/tudo o que quer dizer/ que você é diferente / dessa gente que finge querer “

Bastaram estes dois mimos para colocar Bororó no altar junto aos grandes compositores da Moderna Música Popular Brasileira, deixando claro o excelso valor da qualidade quando confrontado com a quantidade.




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