domingo, 3 de abril de 2016

SIR THOMAS MORE

Thomas More (1478- 1535), ou Morus em latim ou, melhor ainda, Moro, em português. Foi um advogado, estadista, humanista , mártir e santo inglês.  Thomas recebeu uma plural e rica educação básica e graduou-se com distinção como bacharel em direito.  Contraiu matrimônio com Jane Colt . O casal gerou quatro filhos. Após o falecimento da primeira esposa, Thomas casou- se novamente, desta feita com Alice Middleton.  Lorde chanceler da Inglaterra no período de 1529 a 1532. Em 1531 foi feito cavaleiro real. No ano seguinte enfrentou com coragem, fibra e determinação o despótico rei Henrique VIII( 1491- 1547 ) que à época casado com Catarina de Aragão , sob as bênçãos da Igreja Católica, queria, a todo custo desposar uma concubina de nome Ana Bolena ( 1507 – 1536) . Henrique VIII rompeu, de forma abrupta todos os laços com o catolicismo e fundou uma nova Igreja da Inglaterra. More recusou-se a assistir a pantomina da coroação de Ana Bolena , bem como a assinar uma Lei de Sucessão , dando legalidade a futura prole do dito casal Henrique VIII e Ana Bolena . Por conta disto, Thomas More foi injustamente condenado a quinze anos de cárcere e , posteriormente ,  a pena capital .
A trajetória política e humanista de More mostra- se apaixonante. Transformou sua residência em Chelsea (Londres) num celeiro de intelectuais da melhor estirpe: Erasmo de Roterdã, Hans Holbein , Juan Vives e J. Colet . Inspirado no livro “ Elogio da Loucura “ do amigo Erasmo de Roterdã (1467- 1536), More lança um clássico do humanismo cristão, a “ Utopia “ onde coloca os fundamentos do humanismo frente ao mundo. Nos planos moral e religioso a obra apoiava uma política de paz como um bem em si mesmo; a organização democrática da sociedade em que todos os cargos se façam com justiça; a condenação de todo proselitismo fanático; a religião toma parte da entranha e da natureza do homem, de forma que, quem não reconhece Deus, não pode exercer cargos públicos nem ser um bom cidadão.
A morte de Thomas More, condenado a pena capital por Henrique VIII é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência e representa, fielmente, a luta sem tréguas da liberdade individual frente ao poder despótico e arbitrário. Foi declarado beato em 29 de dezembro de 1886 através de decreto do Papa Leão XIII e canonizado em 19 de maio de 1935 pelo Papa Pio XI. No ano de 2000, Santo Thomas More foi declarado “ Patrono dos Estadistas e Políticos “ pelo Papa João Paulo II:
“ Esta harmonia do natural com o sobrenatural é talvez o elemento que melhor define a personalidade do grande estadista inglês: viveu a sua intensa vida pública com humildade simples, caracterizada pelo proverbial “ bom humor “ que sempre manteve mesmo na iminência da morte.
Esta foi a meta a que o levou a sua paixão pela verdade. O homem não pode separar- se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, “ o homem é criatura de Deus, e por isso os direitos humanos têm sua origem n’Ele, baseiam- se no desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder- se- ia dizer, com uma simples expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus “.
É precisamente na defesa dos direitos da consciência que brilha com luz mais intensa o exemplo de Tomas More. Pode –se dizer que viveu de modo singular o valor de uma consciência moral que é “ testemunho do próprio Deus, cuja voz e juízo penetram no íntimo do homem até as raízes de sua alma”, embora, no âmbito da ação contra os hereges, tenha sofrido dos limites da cultura de então “ .
Traços fundamentais do caráter da maioria das pessoas são atemporais e universais como: honestidade, coragem, compaixão e perseverança. Como não nascemos prontos, eles precisam ser aprendidos ao longo da vida terrena.
Aos homens de boa vontade da pátria caída no chão da lama da corrupção desbragada e  que nunca se curvam aos podres poderes :
“ Aceitar o castigo imerecido/ não por fraqueza, mas por altivez /no tormento mais fundo o teu gemido / trocar um grito de ódio a quem o fez/ as delícias da carne e pensamento / com que o instinto da espécie nos engana / sobpor ao generoso sentimento /de uma afeição mais simplesmente humana /não tremer de esperança nem de espanto / nada pedir nem desejar senão/a coragem de ser um novo santo /sem fé num mundo além do mundo. E então/morrer sem uma lágrima, que a vida/ não vale a pena e a dor de ser vivida “. Soneto Inglês n° 2 da autoria de Manuel Bandeira (1886 – 1968).

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