terça-feira, 12 de abril de 2016


ORDEM E PROGRESSO, DOIS POEMAS

Nos estertores do século XIX, em 15 de abril de 1895, o jornal “ O Pão “ da Padaria Espiritual, no seu número 14, publicou o poema “ Ordem e Progresso “ da autoria do ”padeiro” Bruno Jaci:

“ Depois que a Realeza fez naufrágio,

A nau do Estado segue falsa rota,

O crédito se extingue, aumenta o ágio,

Medonha se aproxima a banca rota.

Alça a guerra civil o horrendo colo,

Brasíleo sangue inunda o pátrio solo, é confusão a lei, farsa o Congresso ...

E, no meio do caos em que vivemos,

E, no abismo onde agora nos sorvemos,

Procuro, embalde, a Ordem e o Progresso!

Tinha a bandeira imperial outrora

Vinte estrelas em círculo arrumadas,

A cruz de Cristo, que ainda ou pouco adora,

E duas verdes ramas enlaçadas.

Mas foi- se a monarquia em boa hora

E em vez das duas plantas cultivadas

Um gládio vê- se no estandarte agora,

Por entre cinco pontas aguçadas.

As estrelas ficaram mais dispersas,

À toa e de grandezas mui diversas,

Com letreiros, que diz: Progresso e Ordem

E em contrário ao que o mote está dizendo

Como triste ironia, vamos vendo

Estrelas a granel, tudo em desordem”.

José Carlos da Costa Ribeiro Junior (1860- 1896), paraibano de nascimento, Bacharel em Direito, Promotor e Juiz de Aracati e Ipu. Foi admitido no dia 28 de setembro de 1894 na Padaria Espiritual com o pseudônimo de Bruno Jaci.

Em 2016, bem longe da época em que foi lançado o poema de Bruno Jaci, a situação do país continua praticamente a mesma, à beira de um profundo despenhadeiro. Segue um novo poema “ Ordem e Progresso “, este de autoria do poeta Joésio Menezes, nascido em 16 de maio de 1961 em Sergipe. Um vate da melhor cepa nordestina, cultor da Língua Portuguesa e Membro Fundador da Academia Planaltinense de Letras (APL):

“ Que a justiça é cega, eu sei;

Que nada faça contra os “ fortes “, é lei;

Que funciona em prol de poucos, é fato.

Que respeitam a Constituição, é mito;

Que a Ordem está em desordem, admito;

Que o Progresso está bem perto, é boato.

Que o governo seja improbo, não se admite;

Que ele bem trabalha, há quem acredite;

Que o povo tem culpa, não duvido.

Que os desonestos dominam, é inegável;

 Que a sociedade permita, é inaceitável;

 Que somos enganados, é sabido.

Que o Brasil é rico, está comprovado;

Que a miséria aqui reside, fato consumado;

Que a desigualdade é social, já foi dito.

Que a política anda mal, certamente;

Que a corrupção impera, é evidente;

Que esses males tenham cura, não acredito ...”

Não queremos golpes urdidos pela direita, centro ou pela esquerda “ e dispensamos os serviços de falsos salvadores da pátria ‘; rogamos que a Constituição seja respeitada, mas convenhamos que os limites da tolerância foram ultrapassados.

 O dever de casa de todo brasileiro é passar urgente a Nação a limpo ou amanhã será tarde demais! Só restarão pó e cinzas !

 

 

 

 

 

 

 

 

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