domingo, 1 de novembro de 2020

 " A vida é o mais belo dos poemas, a vida que lemos enquanto a compomos; poema em que se ligam e ajudam mutuamente a inspiração e a consciência, a vida que conhecemos como microcosmo e que representa perante Deus a repetição em miniatura do poema universal e divino.

Sim , sê homem quer dizer, sê natureza, sê espírito, sê imagem de Deus, sê o que há de maior, de mais formoso, mais elevado em todas as esferas do ser; sê uma ideia e uma vontade infinita, uma reprodução do grande Todo. E sê tudo não sendo nada, suprimindo - te, deixando entrar a Deus em ti mesmo como o ar num espaço vazio, reduzindo teu eu egoísta ao continente da essência divina.

Sê humilde , recolhido e silencioso para ouvir, no fundo de ti mesmo, a voz sutil e profunda ; sê espiritual e puro para entrar em comunhão com o espírito puro. Retira - te amiúde, ao último santuário de tua íntima consciência, penetra em tua pontualidade de átomo para libertar- te do espaço, do tempo , da matéria, das tentações, da dispersão, para escapar de teus próprios órgãos e de tua própria vida, quer dizer , morre com frequência e interroga - te diante dessa morte, como preparação para a morte final."

Henri - Frédéric Amiel ( 1821 - 1881 ) : Poeta , Crítico Literário, Professor de Estética e Filosofia em Genebra. Autor de Diário Íntimo, escrito entre1847 e 1881.

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