sexta-feira, 28 de agosto de 2020

 Floração do Cajueiro

Hoje, nesta ensolarada manhã de sexta- feira , na Praça Rogério Fróes, em Fortaleza , assistindo um centenário cajueiro se engalanando para entre setembro e outubro ofertar o ouro de seus apetitosos pedúnculo e castanha aos amigos deste logradouro.
Saudades de Juvenal Galeno !

"Cajueiro pequenino,/carregadinho de flor,/à sombra das tuas folhas,/venho cantar meu amor,/acompanhado somente/da brisa pelo rumor,/cajueiro pequenino,/carregadinho de flor./

Tu és um sonho querido/de minha vida infantil, /Desde esse dia...me lembro.../era uma aurora de abril, /por entre verdes ervilhas,/nasceste todo gentil,/cajueiro pequenino,/meu lindo sonho infantil.

Que prazer, quando encontrei- te,/nascendo junto ao meu lar !/-Este é meu, este eu defendo,/ninguém mo venha arrancar !/bradei e logo cuidoso, /contente fui - te alimpar,/cajueiro pequenino,/meu companheiro do lar./

Cresceste ... se eu te faltasse,/que de ti seria, irmão?/afogado nestes matos,/morto à sede no verão.../tu que foste sempre enfermo, /aqui neste ingrato chão!/cajueiro pequenino, /que de ti seria, irmão?/

Cresceste...crescemos ambos,/nossa amizade também;/eras tu o meu enlevo,/o meu afeto o teu bem;/se tu sofria...eu, triste,/chorava como...ninguém!/cajueiro pequenino,/por mim sofrias também!

Quando em casa me batiam, /contava - te o meu penar;/tu calado me escutava,/pois não podias falar;/mas no teu semblante, amigo/ mostravas grande pesar,/cajueiro pequenino, /nas horas do meu penar !/

Após as dores...me vias/brincando ledo e feliz/o "tempo - será " e outros/brinquedos que eu tanto quis !/depois, cismando a teu lado,/em muito verso que fiz.../cajueiro pequenino,/me vias brincar feliz !/

Mas um dia...me ausentaram.../ fui obrigado...parti!/chorando , beijei -te as folhas.../quanta saudade senti !/fui - me longe...muitos anos/ausente pensei em ti.../cajueiro pequenino,/quando obrigado parti !/

Agora volto, e te encontro/carregadinho de flor !/mas ainda tão pequeno,/com muito mato ao redor.../coitadinho, não cresceste/por falta do meu amor,/cajueiro pequenino, /carregadinho de flor"

"Cajueiro Pequenino" , poema da autoria de Juvenal Galeno ( 1836 - 1931 ) , nascido em Fortaleza , e um dos precursores da Literatura Cearense. Foi sócio fundador do Instituto do Ceará, Patrono , na Academia Cearense de Letras , da Cadeira 23 .
Publicou :
" Prelúdios Poéticos"( 1856 ) ; " A Machadada, Poema Fantástico "( 1860); Porangaba ( 1886 ); "Lendas e Canções Populares " (1892); "Cenas Populares"(1871 ); "Canções da Escola"( 1871); "Lira Cearense(1872) ; " Folhetins de Silvanus"(1891).

A imagem pode conter: árvore, planta, céu, atividades ao ar livre e natureza

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