sexta-feira, 9 de agosto de 2019


UMA FÁBULA SOBRE CORVOS E BRUCUTUS

Um colegiado de estrambóticos corvos foi instalado com fins de julgar um parvo brucutu por claros distúrbios de comportamento, não condizentes com as leis vigentes, num certo burgo perdido nos confins do mundo, onde o cão perdeu as botas. A despeito de um rosário de provas contra o tal brucutu, comprometedores à beça, o veredito tem sido dado a favor do brucutu, inocentando, assim, o mesmo por excesso de provas. Vamos convir, algo ridículo e deveras patético!
 Opa! Os termos “à beça”, “à bessa”, “Abessa”, são citados de diversas maneiras por vários filólogos. O cearense e acadêmico Raimundo Magalhães Junior (1907- 1981) no Dicionário de Provérbios, Locuções, Curiosidades Verbais, Frases Feitas, Etimologias Pitorescas e Citações (1974), que nas páginas 10 e 11 explica:
“À bessa” representa o mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano Gumercindo Bessa (1859-1913), advogado dos acreanos que não queriam que o território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas... Gumercindo apresentara argumentos tão esmagadores e tão numerosos, que logo se tornou figura respeitada nos meios forenses. Conta-se que certa vez um cidadão procurou o Presidente Rodrigues Alves para pleitear determinados favores e com a tal eloquência expôs suas ideias que o ilustre estadista teria observado: - O senhor tem argumento à Bessa... Com o tempo a maiúscula de Bessa desapareceu”
O certo é que o resultado do julgamento do brucutu em pauta, trouxe um mundo de incertezas e quase” ninguém entendeu patavina”.
 Opa! De onde vem a palavra “patavina”? Segundo Deonísio Silva em seu livro “A Vida íntima das Frases “, na página 151, patavina origina-se de Padova nome dado àqueles nascidos em Pádua, em latim, pataviua, logo transformado em patavina que significa não entender nada.
No final, o tal imbróglio deste inusitado julgamento pode terminar como” um tiro que saiu pela culatra”
Opa! Culatra vem de parte posterior da arma (cullata): um tiro para trás, ou contra a própria pessoa, ou seja, no próprio brucutu da história.
As coisas andam feias nestas ignotas terras e o povo precisa entender “tim – tim por tim-tim” o que está a ocorrer! O termo tim-tim diz respeito a uma onomatopeia criada para reproduzir o som de moedas caindo ao chão.
“Dinheiro na mão é vendaval/é vendaval/na vida de um sonhador/de um sonhador/quanta gente se engana/e cai da cama/com toda a ilusão que sonhou/e a grandeza se desfaz/quando a solidão é mais/alguém já falou.../mas é preciso viver/ e viver/não é brincadeira, não/quando o jeito é se virar/cada um trata de si/irmão desconhece irmão/e aí/ dinheiro na mão é vendaval/dinheiro na mão é solução/e solidão/ e solidão”
Composição musical “Pecado Capital ”de autoria do cantor, violonista, poeta e filósofo carioca Paulinho da Viola (1942 -).
“Parece-me que, depois de haver visto o que é a temperança, a coragem e a prudência, falta-nos examinar o próprio princípio dessas virtudes, o que as gera e as conserva por todo o tempo que subsiste. Ora, dissemos que, descobertas as três primeiras virtudes, só nos restaria descobrir o seu complemento, que é a justiça.”  Platão (428-347 a. C.).
Justiça, pois, é o que todos desejamos!


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