segunda-feira, 14 de janeiro de 2019


O livro didático Crestomatia, da autoria do professor Radagasio Taborda , em sua vigésima quinta edição, servia nos anos 50 do século passado ao ensino da Língua Portuguesa, nos vários recantos do país.

"A última flor do Lácio, inculta e bela " de Olavo Bilac , bailava solene diante da meninada inquieta e curiosa.
Uma das páginas dissecadas em sala de aula era uma poesia , "Degeneração " da lavra do padre Correia de Almeida ( 1820 - 1905 ), presbítero secular e poeta satírico mineiro.
Degeneração ( dedicada aos políticos do seu tempo ) :
" Dos homens de civismo a pura raça
No torrão brasileiro degenera;
A uberdade tornou - se tão escassa
Que o terreno parece que não gera.
Por mais irrigação que se lhe faça,
Os frutos já não há, como os houvera;
A lavoura de outrora hoje é fumaça,
Cultivada fazenda hoje é tapera.
A indústria nacional é quase nula,
E é só de cavalheiro a que regula,
Consistindo nas trocas e baldrocas.
A terra , enfim, não é como dantes;
Depois de produzir muitos gigantes ,
Produz agora lesmas e minhocas ."
Hoje , Pindorama, prestes a renovar as presidências do Senado e Câmara Federal , o poema " Degeneração " continua firme , forte e verdadeiro, a cutucar nossa frágil democracia , deitada eternamente em berço esplêndido!

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