segunda-feira, 17 de abril de 2017

PARQUE ESTADUAL DO COCÓ EM FORTALEZA



Nesta manhã de sol, adentro na floresta do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, vivenciando a fronteira entre o conhecido e o desconhecido. 
É uma terra de ninguém, um espaço mágico habitado por espíritos, duendes e bruxos, representando o simbolismo do inconsciente. Encontro em dois momentos diferentes a figura do inimigo natural das serpentes - o gato - outrora um animal sagrado do deus- sol Hélios. A carruagem de Freia – deusa da fertilidade, da guerra e da riqueza – cabe lembrar, era conduzida por dois gatos. Carregam, os gatos, um simbolismo contraditório: apreciam o convívio humano mas mostram uma completa independência dele.

 Frios, com poses de lordes, frequentam ambientes aristocráticos em companhia de poetas e filósofos mundo afora. Constroem, contudo, uma vida misteriosa longe de casa, especialmente à noite. Diferente dos cães, que são escolhidos pelos donos, os gatos é que buscam a quem acompanhar.
Ali em meu campo de visão no parque, curtem a ensolarada manhã dois pachorrentos exemplares de felinos, um branco e um negro, como as duas forças opostas do Yin e do Yang, porém complementares, que integram o qi , a energia primordial do multiverso.
 O Yang: masculino, iluminado, firme, seco, quente e ativo.


O Yin: feminino, escuro, úmido, frio e inativo.
A simbiose Yin – Yang, cada uma parte carregando uma pequena parte de outra, traz o verão, a estação do Yang, que depois se transforma em inverno, estação do Yin. É o aprendizado ordenado pela natureza, de perceber o tao, mas não interferir nele, deixa-lo seguir o fluxo do qi como forma de alcançar a harmonia e a ordem da vida .
E a presença naquele ambiente etéreo do bicho-homem a reverenciar a mãe- natureza e nossos irmãos, na voz maviosa do mago poeta mexicano Octavio Paz (1914 - 1998) , em Pedra de Sol :
“A vida não é de ninguém, todos somos a vida/- pão de sol para os outros/os outros todos que somos nós -/sou outro quando sou/os atos meus são mais meus se são também de todos/para que possa ser hei de ser outro/sair de mim, buscar-me entre os outros/os outros que não são se eu não existo/os outros que me dão plena existência/não sou, não há eu, sempre somos nós “








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