PARQUE ESTADUAL DO
COCÓ EM FORTALEZA
Nesta manhã de sol, adentro na floresta do Parque Estadual
do Cocó, em Fortaleza, vivenciando a fronteira entre o conhecido e o
desconhecido.
É uma terra de ninguém, um espaço mágico habitado por espíritos,
duendes e bruxos, representando o simbolismo do inconsciente. Encontro em dois
momentos diferentes a figura do inimigo natural das serpentes - o gato -
outrora um animal sagrado do deus- sol Hélios. A carruagem de Freia – deusa da
fertilidade, da guerra e da riqueza – cabe lembrar, era conduzida por dois
gatos. Carregam, os gatos, um simbolismo contraditório: apreciam o convívio
humano mas mostram uma completa independência dele.
Frios, com poses de lordes,
frequentam ambientes aristocráticos em companhia de poetas e filósofos mundo
afora. Constroem, contudo, uma vida misteriosa longe de casa, especialmente à
noite. Diferente dos cães, que são escolhidos pelos donos, os gatos é que
buscam a quem acompanhar.
Ali em meu campo de visão no parque, curtem a ensolarada
manhã dois pachorrentos exemplares de felinos, um branco e um negro, como as
duas forças opostas do Yin e do Yang, porém complementares, que integram o qi ,
a energia primordial do multiverso.
O Yang: masculino,
iluminado, firme, seco, quente e ativo.
O Yin: feminino, escuro, úmido, frio e inativo.
A simbiose Yin – Yang, cada uma parte carregando uma pequena
parte de outra, traz o verão, a estação do Yang, que depois se transforma em
inverno, estação do Yin. É o aprendizado ordenado pela natureza, de perceber o
tao, mas não interferir nele, deixa-lo seguir o fluxo do qi como forma de
alcançar a harmonia e a ordem da vida .
E a presença naquele ambiente etéreo do bicho-homem a reverenciar
a mãe- natureza e nossos irmãos, na voz maviosa do mago poeta mexicano Octavio
Paz (1914 - 1998) , em Pedra de Sol :
“A vida não é de ninguém, todos somos a vida/- pão de sol
para os outros/os outros todos que somos nós -/sou outro quando sou/os atos
meus são mais meus se são também de todos/para que possa ser hei de ser
outro/sair de mim, buscar-me entre os outros/os outros que não são se eu não
existo/os outros que me dão plena existência/não sou, não há eu, sempre somos
nós “
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