quarta-feira, 26 de abril de 2017

ÁCIDO ACETILSALICÍLICO, UM QUASE MILAGRE


A casca do salgueiro – branco (Salix alba) rica em salicina foi amplamente empregada desde a antiguidade por egípcios, sumérios e gregos para sanar diversos males como estado febril, dores e malária.  A síntese industrial que resultou na descoberta do ácido acetilsalicílico ocorreu nos fins do século XIX (1894) quando o químico Felix Hoffman (1868- 1946) trabalhando para a empresa Bayer da Alemanha, obteve uma forma acetilada do ácido salicílico menos agressiva para a mucosa do estômago e com propriedade analgésica, antitérmica e anti-inflamatória. O emprego inicial deste fármaco , denominado aspirina, deu-se no tratamento de diversas patologias e espalhou-se pelo mundo inteiro.

 A prescrição do ácido acetilsalicílico na prevenção secundária para reduzir o risco de aparecimento de novos eventos como Angina do Peito, Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral vem ocorrendo desde a segunda metade do século XX com comprovado sucesso. Seu uso na prevenção primária, ou seja, em quem nunca teve eventos como os acima citados, encontra-se em ferrenha discussão, especialmente, devido aos riscos de hemorragia e na formação de úlcera de estômago. Grupos de estudiosos defendem o emprego do ácido acetilsalicílico em baixa dose (81 mg) na prevenção de doenças cardiovasculares (Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral) e de Câncer de Cólon em pessoas normais de 50 a 69 anos de idade que demonstrem baixo risco de sangramento. Tem-se como certo que a ingestão de 2 comprimidos de ácido acetilsalicílico, imediatamente, após o início de um ataque cardíaco isquêmico, reduz pela metade o risco de morte ou da ocorrência de um segundo infarto.

Há relatos que as estatinas empregadas em pacientes com alterações de colesterol elevado (dislipidemia) possuem ação semelhante as da aspirina na prevenção de eventos cardiovasculares, sem entretanto, favorecerem a sangramentos. Em contrapartida, as estatinas são mais onerosas e podem promover sérios para-efeitos.
Na atualidade, a prevenção primária da pré-eclâmpsia e da eclampsia é apenas possível evitando-se a gravidez. A prescrição de aspirina, cálcio, zinco, magnésio, óleo de peixe, vitaminas C e E não devem ser utilizadas para prevenção de pré-eclâmpsia em primigestas. A utilização de ácido acetilsalicílico na dose de 81mg /dia tem serventia em grávidas portadoras da Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) ou naquelas gestantes que no passado tiveram pré-eclâmpsia grave ou eclampsia.

Deste modo, o ácido acetilsalicílico continua sua saga como um fármaco com múltiplas utilidades na profilaxia e tratamento de várias entidades mórbidas há mais de uma centúria e ainda mostrando bastante fôlego.



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