segunda-feira, 4 de maio de 2015

                              SAUDADES DAS GLÓRIAS DO FERROVIÁRIO

Numa tarde/ noite na Arena Papelão , no ano de 2015 a.C. , gladiadores em busca de sangue fizeram a alegria e a tristeza duma massa humana sedenta e raivosa . Um “ Idoso “ e um “ Leão “ iriam se digladiar para manter acesa a tola chama do “ pão e circo “ de Pindorama . Depois da renhida luta saiu com vantagem o “ Leão “ , em franco desrespeito ao vigente Estatuto do Idoso . Nas atuais circunstâncias tudo vale numa Pindorama sem rumo . Um primor a parte foram as distintas e educadas torcidas desorganizadas que deram asas , literalmente , às cadei
ras da Arena promovendo um lindo revoar de” garças sem asas “ . Até equipamentos eletrônicos foram surrupiados pelos gentis vândalos . Deviam , contudo , ter feito o trabalho correto , levando logo tudo por água abaixo . Ninguém iria sentir a menor falta . Um lindo espetáculo digno de nossa melhor tradição ! .
Pensando bem , o agonizante espetáculo da Arena Papelão precisa com urgência voltar aos seus áureos tempos e ser realizado em campos de areia , com bola de pito e sem chuteiras . Cumpre salientar que não sou “ Vovô nem Leão “ , graças a Deus . O meu Ferroviário não se expõe a um vexame desta ordem . Falta picardia para que o meu Ferrão se digne a participar de tão pífia competição . Os supimpas craques , Pacoti , Aldo , Macaúba , Zé de Melo e Coca – Cola não merecem enfrentar trogloditas desta natureza .
Seremos hoje, com orgulho , mostrados como exemplo de ordem e civilidade para o mundo todo. “ Valeu mano, nois samo fera . Nois é nois “ .
O romancista alagoano Graciliano Ramos em artigo publicado em 1921 faz um retrato do futebol nordestino , de uma aspereza e aridez compatível com a região :
“ Somos , em geral , franzinos , mirrados , fraquinhos ,de uma pobreza de músculos lastimável . Fisicamente falando , somos uma verdadeira miséria . Moles , bambos , murchos , tristes , uma lástima ! . Pálpebras caídas , beiços caídos , braços caídos , um caimento generalizado que faz de nós um ser desengonçado , bisonho , indolente , com ar de quem repete , desenxabido e encolhido , a frase pulha que se tornou popular : Me deixa ! . “
De lá para cá , o que mudou ? mudou muito ? . Nada , nada , nada , nada ! .

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