terça-feira, 14 de janeiro de 2025

 Chove , Chuva , no meu Ceará

Nesta manhã de terça-feira, o tempo carrancudo com nuvens plúmbeas, ornando o céu e trazendo uma chuva benfazeja . Com prenúncio de um bom inverno , fico cavaqueando com dois mestres das letras alencarinas .
" Chove , Chuva "
" Chove , chuva ! Chove, chuva !
Chuva , molha o algodoal !
Vem molhar , bem molhadinhos ,
Minha cansada fazenda ,
Meu ardente coração !
A água desce do serrote .
A água espuma no riacho
A água esturra nos lajedos.
A água se enrosca no açude ,
Depois de apagar estrelas ,
Depois de banhar o gado ,
Depois de tirar meu rastro
Do terreiro de Maria .
Bastião , convida a Zefa !
Zefa , apaga a lamparina ,
Fecha logo a camarinha :
Cabem dois na mesma rede ...
A seca levou irmãos.
Paraná chamou vaqueiros ,
Lavradores e vadios .
E o velho rio do Norte ,
Quer chova , quer faça sol ,
Hipnotiza , de longe :
Ah , jiboia dos seiscentos !
A terra , Zefa , não pode ,
Não deve ficar sozinha .
Bastião , a terra é ótima ,
Talvez a melhor do mundo :
- É bom não perder a chuva !
- Convém plantar um menino ! "
" Chove , Chuva ! " , de autoria de Jader de Carvalho ( 1901 - 1986 ) , jornalista , advogado , professor e escritor cearense .
" Exortação ao Homem Prático "
Homem prático,
Que passas correndo pela rua ,
Contém o passo - que o teu esforço é inútil .
Olha que eu sigo ao teu lado ,
Calmo , sereno , devagar,
Com os olhos cheios de paisagens,
Os ouvidos bêbados de música
E a mente enflorada de sonhos...
Vê bem : por mais que te apresses,
Por mais que avances,
Nunca me vencerás nesta corrida.
Bem sei que és forte - mas eu também sou forte !
Depois, só há um ponto de partida: a Vida.
Só existe um ponto de chegada: a Morte.
E enfim , sobre o caminho percorrido,
Tu , homem prático, deixarás apenas
O pó que levantaste do solo
Com as tuas passadas estrepitantes.
E eu ? Ah ! Eu deixarei um pouco de mim mesmo
Sobre os cardos,
Sobre as pedras,
Para tornar mais suave a caminhada
Dos que vierem depois de mim..."
" Exortação ao Homem Prático " , da autoria de Antônio Filgueiras Lima ( 1909 - 1965 ) , educador e poeta cearense .
Pode ser uma imagem de neblina
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