Adeus 2024
Caminhando na Avenida Beira Mar , em Fortaleza , um provecto capricorniano , beirando setenta e seis anos , há tempos tenta puxar uma conversa com o cambiante tempo que sempre foge por entre os dedos na roda - viva do mundo . Acreditava o longevo , equivocadamente , que para sempre seria um guri a empinar papagaios de papel , ou então, um adolescente filho da juventude transviada de James Dean , a desfilar com picardia uma lambreta , diante da Escola Normal e adjacências. Doce e vã ilusão. O tempo fazia ouvidos de mercador . Que pena ! Restou , apenas, um amparo do poeta Carlos Drummond de Andrade :
" Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias / a que se deu o nome de ano / foi um indivíduo genial/ industrializou a esperança / fazendo - a funcionar no limite da exaustão/ doze meses dão para qualquer ser humano se cansar / e entregar os pontos/ aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez/ com outro número e outra vontade de acreditar/ que daqui para adiante vai ser diferente/ para você desejo o sonho realizado/ o amor esperado / a esperança renovada / pra você desejo todas as cores desta vida / todas as alegrias que puder sorrir/ todas as músicas que puder emocionar/ para você neste ano novo/ desejo que os amigos sejam mais cúmplices/ que sua família esteja mais unida / que sua vida seja mais bem vivida / gostaria de lhe desejar tantas coisas/ mas nada seria suficiente/ então, desejo apenas que você muitos desejos / desejos grandes e que eles possam se mover a cada minuto, rumo a sua felicidade "
Por um segundo, os olhos fechei, respondendo ao piscar maroto das " três Marias " lá no breu do céu, passando - me um quinau . Sozinho, fiquei a cavaquear com o vento frio da noite , a solfejar rimas de amor aos meus moucos ouvidos .
Seja bem vindo 2025 , se achegue , ponha sua cabeça em meu ombro, e vamos cavalgar na poesia , para aliviar o imenso fardo da vida !
Foto que ilustra o texto mostra a orla marítima da Avenida Beira Mar de Fortaleza.
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