terça-feira, 31 de dezembro de 2024

 Adeus 2024

Caminhando na Avenida Beira Mar , em Fortaleza , um provecto capricorniano , beirando setenta e seis anos , há tempos tenta puxar uma conversa com o cambiante tempo que sempre foge por entre os dedos na roda - viva do mundo . Acreditava o longevo , equivocadamente , que para sempre seria um guri a empinar papagaios de papel , ou então, um adolescente filho da juventude transviada de James Dean , a desfilar com picardia uma lambreta , diante da Escola Normal e adjacências. Doce e vã ilusão. O tempo fazia ouvidos de mercador . Que pena ! Restou , apenas, um amparo do poeta Carlos Drummond de Andrade :
" Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias / a que se deu o nome de ano / foi um indivíduo genial/ industrializou a esperança / fazendo - a funcionar no limite da exaustão/ doze meses dão para qualquer ser humano se cansar / e entregar os pontos/ aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez/ com outro número e outra vontade de acreditar/ que daqui para adiante vai ser diferente/ para você desejo o sonho realizado/ o amor esperado / a esperança renovada / pra você desejo todas as cores desta vida / todas as alegrias que puder sorrir/ todas as músicas que puder emocionar/ para você neste ano novo/ desejo que os amigos sejam mais cúmplices/ que sua família esteja mais unida / que sua vida seja mais bem vivida / gostaria de lhe desejar tantas coisas/ mas nada seria suficiente/ então, desejo apenas que você muitos desejos / desejos grandes e que eles possam se mover a cada minuto, rumo a sua felicidade "
Por um segundo, os olhos fechei, respondendo ao piscar maroto das " três Marias " lá no breu do céu, passando - me um quinau . Sozinho, fiquei a cavaquear com o vento frio da noite , a solfejar rimas de amor aos meus moucos ouvidos .
Seja bem vindo 2025 , se achegue , ponha sua cabeça em meu ombro, e vamos cavalgar na poesia , para aliviar o imenso fardo da vida !
Foto que ilustra o texto mostra a orla marítima da Avenida Beira Mar de Fortaleza.
Pode ser uma imagem de crepúsculo, horizonte, oceano e arranha-céu
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domingo, 29 de dezembro de 2024

 Aracy de Carvalho - O Anjo de Hamburgo

Aracy Moebius de Carvalho, veio ao mundo em 20 de abril de 1908 , em Rio Negro , no estado do Paraná. Era filha de Sidonie Moebius , natural de alta saxônia , na Alemanha , e de Amadeu Anselmo de Carvalho, comerciante luso - brasileiro . Em 1930 , a jovem Aracy consorciou- se com o alemão Johann Edward Ludwig Tess . O casal gerou um filho - Eduardo Carvalho Tess. O casamento durou apenas cinco anos , e Aracy mudou - se para a Alemanha para viver com uma tia , Lucy Luttmen , onde conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo , ocupando o cargo de chefe de Sessão de Passaportes . Aracy , então já dominava várias idiomas como o Português , Inglês, Francês e Alemão.
No Brasil em 1938 , passou a vigorar uma circular secreta 1127 , do governo Getúlio Vargas, que restringia a entrada de judeus no território nacional . Aracy , contrariando normas , não colocava a letra "J " nos passaportes de judeus , assim facilitando o ingresso de judeus no Brasil .Deste modo , muitos ficaram livres de prisão e do doloroso e desumano Holocausto .
Em 1938 , o destino coloca João Guimarães Rosa no caminho de Aracy Moebius de Carvalho . No dia 27 de junho de 1908 , em Cordisburgo , no estado de Minas Gerais veio ao mundo o menino João Guimarães Rosa , que desde pequeno estudou vários idiomas : Português, Alemão, Francês, Inglês, Espanhol , Italiano , Esperanto , Russo , Sueco , Holandês , Latim , e Grego !
Em 1925 , aos 16 anos idade ingressa na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais . Em 1930 , João Guimarães Rosa casa - se com Lígia Cabral Pena , de apenas 16 anos de idade . Do matrimônio surgiram duas filhas : Vilma , e Agnes . Aprovado em concurso do Itamaraty , Guimarães Rosa segue para a Europa , no cargo de cônsul adjunto do Brasil em Hamburgo , entre 1938 e 1942 . Aí casa - se com Aracy de Carvalho , funcionária do Itamaraty , que veio a tornar - se o " Anjo de Hamburgo " , por conta do salvamento de centenas de judeus , no rumoroso Holocausto Judeu na Segunda Guerra Mundial .
Certa feita , perguntaram a Aracy de Carvalho por que arriscar sua vida e seu trabalho para salvar desconhecidos , mesmo tendo um filho menor e uma mãe para sustentar , ela , simplesmente respondeu : " porque era justo ".
Em 1967 Guimarães Rosa faleceu , e no discurso para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras , chegou a afirmar em tom de despedida " ...a gente morre é para provar que viveu " . Três dias depois , morreu por conta de um infarto do miocárdio , na cidade do Rio de Janeiro .
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa faleceu em 28 de fevereiro de 2011 , aos 102 anos , de causas naturais , em São Paulo, Brasil . Foi sepultada ao lado do esposo , no Cemitério de São João Batista , Rio de Janeiro , Brasil.
Ponto Final.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

 A Estrela

Foi muito bom de novo ver você
Num claro instante de contemplação,
No livre e leve espaço que antevê
As rotas mais sutis do coração.
De novo ver você foi muito bom
Nos olhos muito muito ternos da lembrança,
Na cor de cada letra, em cada som,
Naquilo que se espera e que se alcança.
Oásis que caminha no deserto,
Viagem tantas vezes refletida
Nos espelhos de sonho desta vida !
Estrela que está longe e que está perto,
No sereno esplendor do seu anúncio,
Tão azul como sempre ou como nunca !"
Soneto " A Estrela " da autoria de Horácio Dídimo ( 1935 - 2018 ) : escritor, poeta, ficcionista , advogado, professor. Pertenceu à Academia Cearense de Letras, Cadeira número 8 , cujo Patrono foi Domingos Olímpio.
A Estrela
Foi muito bom de novo ver você
Num claro instante de contemplação,
No livre e leve espaço que antevê
As rotas mais sutis do coração.
De novo ver você foi muito bom
Nos olhos muito muito ternos da lembrança,
Na cor de cada letra, em cada som,
Naquilo que se espera e que se alcança.
Oásis que caminha no deserto,
Viagem tantas vezes refletida
Nos espelhos de sonho desta vida !
Estrela que está longe e que está perto,
No sereno esplendor do seu anúncio,
Tão azul como sempre ou como nunca !"
Soneto " A Estrela " da autoria de Horácio Dídimo ( 1935 - 2018 ) : escritor, poeta, ficcionista , advogado, professor. Pertenceu à Academia Cearense de Letras, Cadeira número 8 , cujo Patrono foi Domingos Olímpio.
Pode ser uma imagem de arranha-céu
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