domingo, 6 de novembro de 2022

 Praia do Japão, no Ceará

" Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Choramos , rimos , cantamos.
Falou - me do seu destino ,
Do seu fado...
Depois , para se alegrar ,
Ergueu - se , e bailando e rindo ,
Pós - se a cantar
Um canto molhado e lindo.
O seu hálito perfuma ,
E o seu perfume faz mal !
Deserto de águas sem fim .
Ó sepultura de minha raça
Quando me guardas a mim ?...
Ele afastou - se calado ;
Eu afastei - me mais triste ,
Mais doente , mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.
<< Voz do mar , misteriosa ;
Voz do amor e da verdade !
- Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade !
Voz amarga de quem fica ,
Trêmula voz de quem parte ...>>
E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar ! "
Poema " Passei o dia ouvindo o que o mar dizia " de autoria de Antônio Botto ( 1897 - Portugal, 1957 - Brasil ) : poeta , contista e dramaturgo , fez parte da Segunda Geração Modernista de Portugal.
Vivenciando a " globalização " , ao assistir nessa manhã de sábado , na idílica Praia do Japão, em Aquiraz , no litoral leste do Ceará, o retorno de uma jangada , do alto mar . A vela ru bra da frágil embarcação lembrando as bandeiras do Japão e da República Popular da China .
Cruz , Credo !

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