domingo, 10 de maio de 2020

Saudades , Mamãe !
"Os carneinhos " desfilam ,mansamente, no etéreo azul celeste sob o comando do Rei Sol que abre a boca caindo de sono , em sua carruagem de fogo . Sempre assim , desde o que o mundo é mundo.  Fico no aguardo das dezoito badaladas dos sinos da Igreja do Sagrado Coração de Jesus , já longe no tempo.

Na minha cansada memória ressoa a Ave Maria ,de Charles Gounod,  lembrando aos fiéis o momento em que o Anjo Gabriel anuncia a Maria , a concepção de Jesus . No dia 15 de março de 1957 , assisti a queda de parte da frente da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, morando na rua Rodrigues  Júnior , na confluência da rua Pero Coelho. Ali ouvia o radialista José Limaverde e sua "Hora do Ângelus".
Lembro ainda um  doce acalanto na voz de um anjo,  minha querida mãe, Jurema Costa , hoje ao lado de meu pai José , habitantes na Morada dos Justos , no Céu. 
Desculpa , mãe,  pela lágrima que ora brota de meus olhos : foi um cisco , e logo passa . Lembre - se que sou criança outra vez ! 
 E mande sua benção! 

"Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor
Despertando meu coração a saudade do primeiro amor !
Um gemido se esvai lá no espaço,  nesta hora de lenta agonia
Quando o sino saudoso murmura badaladas da Ave - Maria "!
Sino que tange com mágoa dorida, recordando os sonhos da aurora da vida
Dai- me ao coração paz e harmonia,  na prece da "Ave Maria "!
No alto do campanário,  uma cruz simboliza o passado
De um amor que já morreu, deixando um coração amargurado
Lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia
A mensagem do meu passado quando o sino tange "Ave - Maria "!

Letra da composição musical "Ave - Maria " , da autoria de Erothides de Campos (1896 - 1945 ).

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