segunda-feira, 12 de março de 2018

Uma Profecia Certeira
Para o poeta Francisco José Pessoa 

" Os poetas são os encantados com a vida e os camelôs dos primores estéticos da mulher. São eles que proclamam, em cada canto do mundo, a beleza das formas femininas. Todos cantam, por inteiro, ou por partes, pelo avesso ou pelo direito, as suas deusas ou amadas. 
Boca :

Um homem sério como Tobias Barreto elogiou a boca de sua idolatrada :
"De tua boca mimosa/o lábio superior/tem a forma graciosa /do arco do deus amor"

Braços :

Luis Guimarães Filho, desta forma encara os braços :
"As ninfas caçadoras /de pupilas ardentes/mergulham na água os preguiçosos braços /que parecem flutuando entre sargaços /aquáticas serpentes"

Cabelos:

É de Jorge Jobim está quadra de seu livro Reminiscências :
"Pretos cabelos de nastros/caindo em ombros sem par/como as bandeiras nos mastros/em noites de calma e luar"

Seios:

Inigualável, Olavo Bilac diz:
" E de entre as rendas e o arminho/saltam seus seios rosados /como de dentro de um ninho/dois pássaros assustados"

Mãos :

O grande trovador Belmiro Braga metrifica a respeito :
"E quando pelas débeis mãos te agarro/lembram elas, nas minhas, duas rosas/alvíssimas, dobradas e cheirosas/dentro de um vaso rústico de barro "

Pés :

Na sua linguagem matuta, Catulo encastoa desta forma suas rimas :
"Os pezinhos da cabocla /quando dançava o baião /pareciam dois pombinhos /a mariscar pelo chão "

De fato, há muitos quadris femininos bem montados e com requebros coreográficos, regiões glúteas dignas da estatuária helênica. Mas daí partir - se para uma espécie de contestação moral para o abuso de um concurso especializado no gênero, como que querendo depravar o bom gosto do povo e comprometer a reputação de quase todas as candidatas, vai a distância abismal. É sinal dos tempos ridículos e sodômicos em que vivemos! Quantas meninas não irão ficar com o apelido de Raimunda! "

Crônica "Concurso de Bumbuns " de autoria do grande cronista, jornalista, pintor e poeta cearense João Jacques Ferreira Lopes (1910 - 1999), integrando o livro " Minha Máquina, Meu Piano" lançado em 1989. Há quase trinta anos , João Jacques vislumbrou a realidade de hoje em Pindorama vivendo o furor da permissividade e da pouca vergonha!



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