quinta-feira, 2 de março de 2017

UMA ALEGORIA SOBRE O REI LEÃO



Nas savanas agrestes perdidas neste mundo de meu Deus ainda impõe respeito no grito o valente leão. Mal começa o ano e o voraz apetite do bicho já se declara, danado através de seu ronco medonho, o infausto anuncio que a malha fina vai troar pegando muita gente, especialmente, uns tais inofensivos ratos brancos. Estes pequenos animais vivem correndo de um subemprego para outro com fins de obter “ o de comer “, uns trocados maneiros e de pouca monta.

 Assim mesmo nessas atividades laborais dos ratos, o sagaz leão já tira na fonte o seu substancioso naco. Interessante que a tal malha fina abocanha somente animais inofensivos de pequeno porte.
 Os mastodontes que passeiam lépidos pelas savanas nunca são alcançados pelos reis da selva que nestes casos atuam como manhosos gatinhos angorás a lamberem e roçarem suas caldas, mansamente, nessas abjetas criaturas. “ Igrejas “, “colégios“, “políticos” e “ grandes industriais “, passam ao largo, incólumes ante ao temível leão. Nem todos são iguais perante a lei das selvas neste hipotético país do faturo.

Vale relembrar para minorar a ameaça – uma espada de Dâmocles - que paira solta no ar, a jocosa história que se passou num povoado onde habitava uma gente humilde, de baixa estatura e de cabeça grande, que sofria mas gozava, e que teve a coragem de ensaiar uma vaia em outra majestade, o rei-sol, que andava meio escondido por aquelas bandas. 

Certa feita, surgiu do nada feito uma visagem, um daqueles circos mambembes, como os Circos Nerino ou Garcia, anunciando que precisava contratar um domador de leão. Apresentou-se uma famélica criatura que de pronto recebeu seus novos instrumentos de trabalho: uma cadeira e um chicote.

 Na primeira apresentação, sob a esburacada lona desbotada do circo, o “domador de araque “, pisava nas estrelas do chão, como na letra da música de Orestes Barbosa, e olhava bem fundo nos olhos do temível leão.
“ – Leãozinho, leãozinho “, falou baixo o domador, numa quase súplica. “- Vamos com calma, amigo, sou teu chapa “.
A “gigante fera “ meio sem graça murmurou:
“ – Mundinho, você não está me reconhecendo? Aqui é o Zeca, outro desempregado e faminto como tu, topando qualquer parada, inclusive ser “ leão de araque!”.


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