sábado, 18 de março de 2017

POLINDO PALAVRAS NA LOUSA DA MEMÓRIA


Boa noite a todos.

Dirijo minhas primeiras palavras de profundo agradecimento aos queridos:
Vicente Alencar, confrade, poeta, jornalista e mestre de cerimônia deste evento
Aos diletos integrantes da mesa:
Dr. José Maria Chaves, presidente da Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES)
Prof. Dr. Marcelo Gurgel, presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES)
Poeta e amiga de longa data Ayla Oliveira Costa
Poeta e confrade Dr. Geraldo Bezerra
Dr. Francisco Clayrton Weyne Martins, caro irmão representando a Turma de 73 da FMUFC
Dr. Francisco Perdigão, colega e amigo fraterno de longo curso
A todos os amigos, colegas, mestres, confrades, confreiras,familiares e demais presentes:
A gratidão representa uma das nobres virtudes dos seres humanos e, de pronto, assinalo com profundo sentimento, minha alegria em poder dividir com todos vocês este momento ímpar de minha humilde trajetória: o lançamento de um novo livro ou o partejar de um novo filho.
 Dou seguimento à tradição do velho curador de aldeia, lidando há quase meio século com a saúde de meus irmãos de caminhada, mitigando dores, lancetando feridas e tentando desvendar os labirintos da alma das pessoas. Por conta de meu rico contato diuturno com estudantes de medicina, por décadas, tive acesso a elaboração de artigos científicos, bem como, na feitura de livros técnicos de obstetrícia. Ao longo de meus 68 anos de vida construí com carinho um pequeno acervo de obras literárias exercitando minha insaciável curiosidade de bibliófilo.
Tomo como testemunho de verdade aquilo que o médico, escritor e dramaturgo russo, Anton Tchekhov (1860- 1904) plasmou sobre o tema literatura versus medicina:

“A medicina é minha legítima esposa, e a literatura, minha amante. Quando uma me cansa, passo a noite com a outra. Isto, irregular, não é monótono; e nenhuma das duas perde com minha infidelidade. Se não existissem minhas ocupações médicas, dificilmente poderia oferecer minha liberdade e meus pensamentos à literatura “.
Cedo pressenti que na minha vida o livro seria um valoroso companheiro, um amor para a vida inteira, mudo nas prateleiras e espalhados no meu quarto sob uma rede de Jaguaruana, mas transbordando em ricos ensinamentos quando folheados. Desde então exerço minha doce sina de peregrinar por livrarias e, especialmente, sebos da cidade buscando meu doce alimento para a alma.

 “ Assim como lavamos o corpo, deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa “ : Fernando Pessoa (1888 – 1935) . Faz pouco reuni algumas crônicas num pequeno volume chamado “ Um Mar de Saudades na Transversal do Tempo “ onde voltei a ser um menino de rua, um adolescente inquieto e um adulto zanzando por uma Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção de antanho, com seu mimoso vestido de chita. Empreendi uma gozosa viagem para dentro de mim mesmo, catando histórias minhas como se fossem alheias e recolhendo histórias dos outros como se minhas fossem. Daí foi um pulo para elaborar este “ Polindo Palavras na Lousa da Memória “onde novamente desfilam breves perfis de pessoas e fatos do cotidiano de minha história de vida.

Se Deus assim permitir gostaria de completar uma trilogia, dando fecho a minha humilde produção livresca. Já me encontro garimpando palavras nos bolsos de meu jaleco branco para colar no varal da memória, nesta desigual luta contra a voracidade do tempo. Como gostaria, senhores, que as palavras mansamente me seguissem e não que fosse necessário mendigar a sua fugaz companhia!
Encerro estas breves palavras repetindo o que lapidou o grande escritor Anatole France (1844- 1924):

“ Se eu fosse a natureza, não faria o homem e a mulher à semelhança dos grandes macacos, mas à semelhança dos insetos que depois de um período de lagarta viram borboletas e na última parte da vida só pensam em amor e beleza. Eu poria a mocidade no fim da existência humana... Arranjaria que o homem e a mulher, desdobrando rutilantes asas, vivessem por um tempo no orvalho e no desejo, e fenecessem num beijo de êxtase”.
 Por fim, Senhor, conceda-me engenho, força e sabedoria para concluir minha pequena sinfonia terreal neste rico universo do livro como um simples contador de histórias urdidas no carrossel da vida.
Obrigado, amigos, vocês me proporcionaram um mágico momento através de suas preciosas presenças neste evento. Que Deus lhes abençoe e guarde!














Nenhum comentário:

Postar um comentário