domingo, 23 de abril de 2023

 O Rio e o Mar

" Num vale , onde corre o poderoso rio , dois pequenos córregos se encontraram e falaram um com o outro .
O primeiro córrego disse :
- Como você veio , meu amigo , e como foi seu caminho ?
E o outro respondeu :
- Meu caminho foi bastante difícil . A roda do moinho estava quebrada , e o dono da fazenda que costumava me conduzir de meu canal até suas plantas está morto . Eu me esforcei para descer , escorrendo ao sol junto com a imundície da indolência . Mas , como foi seu caminho , meu irmão?
E o outro riacho respondeu :
- Meu caminho foi diferente . Eu desci as colinas entre flores perfumadas e tímidos salgueiros . Homens e mulheres bebiam de mim com xícaras prateadas , e crianças batiam seus pés rosados nas minhas bordas ; e havia risadas ao meu redor , e doces canções . Que pena que seu caminho não foi tão feliz .
Nesse momento, o rio falou com uma voz alta dizendo :
- Venham , entrem , vamos para o mar ! Venham , entrem , não falem mais . Fiquem comigo agora ; estamos indo para o mar . Venham , entrem , pois em mim esquecerão suas andanças, tristes ou alegres . Venham , entrem ! Vocês e eu esqueceremos todos os nossos caminhos quando chegarmos ao coração de nossa mãe , o mar ."
" O Rio e o Mar " , da autoria de Khalil Gibran ( 1883 - 1931 ) , artista , poeta , escritor libanês- americano .
Foto que ilustra o texto , na altura do Porto das Dunas , no litoral leste do Ceará onde o rio Pacoti desemboca no oceano Atlântico, beijando o mar , cumprindo o inevitável destino traçado pela mãe - natureza . O eterno retorno . Assim , também, somos nós, seres humanos , cumprindo nosso fadário.
" Rio , caminho que anda / que vai resmungando , talvez , uma dor / ah ! Quanta pedra levaste , outra pedra deixaste / sem vida e amor / vens lá do alto da serra / o ventre da terra rasgando sem dó / eu também venho do amor / com peito rasgado de dor / e tão só/ não viste a flor se curvar / teu corpo beijar / e ficar lá pra trás/ tens a mania doente / de andar só pra frente / não voltas jamais / rio , caminho que anda , o mar te espera / não corras assim / eu sou o mar que espera / alguém que não corre pra mim ."
Composição musical " Eu e o Rio " , da autoria de Luis Antônio ( 1921 - 1996 ) .
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, nadando, prancha de surfe e oceano
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